Capítulo 73

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    2 semanas atrás•

    O jeito que as coisas mudam tão rápido, me assusta. A minha irmã tá quase no início da lista pro transplante, o que é muito bom,  agora talvez não demore tanto. Mas como tudo tem uma parte ruim, junto com o nome subindo, veio o coração dela parando. Nos últimos 2 meses estamos indo ao hospital pelo menos 3 vezes por semana, fora os medicamentos que agora são mais fortes, e todos os outros cuidados. Ou quando ela tem crises, e fica por horas sem deixar ninguém ajudar ela.

    Flashback on•

    – Eu não preciso de ajuda! – Ela gritou pela segunda vez.

    Marilia tinha deixado o Léo com a Letícia e Isabella, enquanto tentava me ajudar, a ajudar a Maraisa. Mas ele se recusava a aceitar. Estava com dor e todo mundo estava vendo, mas ela não admitia, só tentava esconder e jurava que estávamos acreditando. O dia inteiro hoje foi complicado. Fora a madrugada. Marilia falou que ela saiu do quarto no meio da madrugada e mesmo com ela insistindo em acompanhar, minha irmã negou. Ultimamente ela parece ser outra pessoa, tá distante, grossa, não parece a mesma pessoa.

    Ela tinha acabado de sair do banho e estava com dor, e com certeza não era pouca já que mal conseguia ficar em pé sem se segurar. Marilia Já tinha respirado fundo umas mil vezes.

    – Amor, você mal consegue ficar em pé. – Marilia insistiu.

    – Por que não vai brincar com o Léo? Ele precisa de cuidados, eu não.

    – Você não... – Tentei falar.

    – Cês podem sair do quarto e me deixarem sozinha? – Marilia me olhou negando, e saiu do quarto nervosa em seguida.

    – A gente só quer ajudar. Não precisa de tanto estresse.

    – Eu tô cansada desse caos, e vocês não me dão espaço. Preciso respirar, mas vocês não deixam. Estão me sufocando. – Falou enquanto chorava.

    – Tudo bem. Eu vou te deixar sozinha! Qualquer coisa me chama.

    Flashback off•

    Sair da cama cansa, tomar banho cansa, falar cansa, trocar de roupa cansa, até pegar o Léo cansa. Não são dias bons, é bem cansativo pra todo mundo. As dores também estão mais frequentes, sensações de desmaio, tudo parece muito instável; e isso me assusta, muito. Agora a gente tem que dividir tempo entre 2 crianças, empresa, e ela.

    Obviamente ela tá odiando isso. Tá sempre falando pra colocarmos ela no hospital e esperar até algum doador aparecer. Ou contratar uma enfermeira pra cuidar só dela, assim a gente daria 100% de atenção pras crianças. Mas óbvio que a gente negou. A Letícia tá ajudando muito também, a gente tá até pegando a mais. Ela tá saindo mais tarde do que o horário normal dela, tá ficando com as crianças quando eu ou Marilia estamos com Maraisa, fora cuidar da casa.

    Hoje acho que tá sendo um dos piores dias das últimas 2 semanas. Eu quase chorei na hora do banho e de trocar de roupa. A dor parece 10 vezes mais forte hoje, ela nem fez questão de esconder.

    Flashback on•

    A água estava fria porque ela estava com febre, e como os remédios não estão fazendo efeito rápido, resolvemos ir pro banho. Marilia estava com ela, enquanto eu pegava uma roupa pra quando elas acabassem. Mas eu não conseguia deixar de ouvir seu choro pela intensidade da dor. Aquilo estava acabando comigo.

    – O roupão, Mai, onde tá?

    – Aqui – entreguei pra ela. – Pode deixar, vai se trocar. – Ela assentiu – Cuidado pra não escorregar.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora