×BRASIL - PART I× 42

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CAPÍTULO 42

POV ÍSIS

Nosso avião pousou, em qualquer outra circunstância seria uma grande viagem para fazer ao lado de Rhea. Mas a intenção atual é descobrir mais sobre meu passado, sobre a vida que me foi privada. Em todo o tempo que passamos dentro do avião, tudo o que eu pensava era se meus verdadeiros pais teriam me tratado com amor, se teriam me dado um gatinho quando eu era criança, como agiriam quando eu disse tão jovem que gostava tanto de homens, quanto de mulheres. Será que minha mãe levaria leite quente com açúcar nas noites que eu tive pesadelos, pois saberia que isso me acalmava? Ela com certeza saberia disso, assim como Gi sabe. Será que meu pai teria feito um balanço de pneu para mim, assim como o que minhas colegas de sala tinham? São tantas perguntas e ao mesmo tempo já tenho tantas respostas. Todo o sofrimento que vivi com Luciano e Vera, agora tinham uma razão. Eles nunca me amaram e só aguentaram a minha presença por medo de serem presos.

Desde pequena eu me sentia a estranha, a errada e incômoda. Eu sentia qualquer coisa, menos que era filha deles. Os pais de Gi sempre me trataram muito melhor que os meus. Quantas vezes fugi de casa para jantar na casa de Gisele, porque meu "pai" tinham comido toda a carne e deixava somente os ossos para mim? Eu já perdi a conta. Ele sempre dizia que eu era gorda demais, que não precisava comer, que isso me faria bem.

Minha SOP hoje está super agravada justamente por eu não ter tido uma mãe que me orientasse ou que me levasse à uma médica. A mãe da Gi que sempre tentara fazer algo por mim, até mesmo simplesmente comprar um absorvente. Voltar para cá só me faz sentir mais saudade da época em que ela era viva.

Rhea: Tudo bem baby? - Rhea me tira dos meus pensamentos. - Percebo que está um pouco aérea, mesmo já tendo saído do avião. - Eu forcei um sorriso de lado, pela piada que Rhea fizera. Não queria parecer uma pessoa triste, sendo que tudo o que ela quer é me distrair. - Estamos perto? - Nesse momento estávamos no Uber, a caminho da casa dos meus sequestradores.

Ísis: Ainda falta um bom caminho, tudo aqui é longe graças ao trânsito de São Paulo.

Rhea: São Paulo. - Seu sotaque australiano ficava ainda mais lindo falando em português. - Que difícil falar isso. - O motorista sorria, não em deboche claro. - Ele tá rindo de mim? - Eu digo que sim com a cabeça e ela faz cara feia para ele. Pobre coitado, dava para notar que era pequeno e bem magro, os músculos de Rhea junto a feição dela deixou o homem com medo.

Ísis: Para com isso, o coitado tá com medo já.

Rhea: Não tô nem aí. - Ela continuava a encarar o homem através do retrovisor. Só ela mesmo para me fazer esquecer dos meus problemas, por achar que um mero motorista de Uber está caçoando dela.

Ísis: Para com isso. - Com as mãos em sua coxa, aperto e ela olha para mim, sorrindo. - Muito melhor. Para de ser ranzinza. Ele riu por ser fofo você falando a nossa língua.

Rhea: Como assim fofo? Eu lá tenho cara de fofa? - A cara dela de indignação era extremamente fofa. Então ela percebendo, sorri, para vê se muda a situação. - E agora?

 - E agora?

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Perdition And Innocence _ RHEA RIPLEYOnde histórias criam vida. Descubra agora