Dez anos antes

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Amanda

Eu estava eufórica, hoje seria o dia mais feliz da minha vida, me casaria com o homem que amo, sei que é tolice dizer que se ama alguém tendo apenas 18 anos, mas quando estou com Mateo meu coração bate muito forte e eu sinto como se estivesse flutuando, nosso casamento não foi algo que aconteceu naturalmente, infelizmente não foi como nos contos de fadas onde o príncipe encontra a princesa e ambos se apaixonam e se unem por amor.

A rincha existente entre os cartéis Gonzalez e Ferraz não impediu que nossos pais negociassem nosso casamento, isso porque havia uma facção nova que queria tomar o poder, ela era bem maior e mais estruturada, por isso para vencê-la era necessário que os cartéis se unissem antes que uma guerra começasse.

Para que esse embate fosse evitado, meu pai e o pai de Mateo decidiram que nós dois devíamos nos casar, isso faria com que a paz reinasse, já que nós nos tornaríamos apenas um cartel. No início eu relutei, tentei fugir inúmeras vezes, apesar de todo luxo que era me ofertado eu odiava essa vida, não concordava com as atitudes do meu pai e nem com o "trabalho" dele, em uma das minhas tentativas de fuga conheci o meu noivo, para minha surpresa ele era bem mais novo do que eu imaginava, algo em torno dos 23 anos, fiquei encantada com o seu olhar, seus olhos azuis reluziam como duas bolas de gude, seu cabelo cacheado completava a perfeita pintura que era seu rosto, sua pele bronzeada dava o charme final a obra. Ele me interceptou quando tentei pular o muro da mansão, o encarei com ódio e o empurrei para longe.

- O que pensa que está fazendo seu idiota?

- Impedindo a fuga da minha mulher. - ele riu.

- Eu não sou e nunca serei sua babaca. Não é possível que você queira se casar com uma pessoa que nem conhece?

- Mas eu te conheço, você é Amanda Gonzalez filha do poderoso Raul Gonzalez. Ficarei imensamente feliz em me tornar seu esposo e colocar você nos eixos.

- Eu nunca me casarei com você. Esqueci isso seu idiota. - falei gritando.

Ele se aproximou de mim, me encurralando na parede, ergueu meus braços até que eles ficassem acima da minha cabeça, meu peito descia e subia com irregularidade.

- Se eu quisesse faria qualquer coisa com você agora, acho que sabe que os maridos tem certos direitos sobre as esposas, mas não sou um canalha dessa espécie, mas por favor não abuse da minha paciência e nunca mais me chame de idiota. Muito prazer sou Mateo Ferraz, seu futuro marido. Espero que tenhamos uma relação no mínimo amigável, vai ser melhor pra nós dois.

Assim que acabou de falar ele soltou meus braços e acariciou meu rosto com carinho deixando meu corpo trêmulo, seus olhos penetraram minha pele, seu cheiro invadiu meus pensamentos, eu gostei de te-lo tão próximo, queria sentir o sabor dos seus lábios, mesmo sendo filho de uma mafioso ele me tratou com respeito, assim que se afastou fez uma reverência e saiu, depois daquele dia nunca mais deixei de pensar nele. Mateo consumia meus pensamentos e eu torcia para vê-lo novamente, nosso segundo encontro aconteceu na cozinha, ele usava uma blusa branca e um shorts preto, estava lindo de morrer, assim que me viu sorriu sem graça, se não fosse pelas circunstâncias eu tenho certeza que o acharia tímido. Eu sorri de volta e o encarei como uma boba.

Mateo

Conheci Amanda num dia inusitado, papai e eu havíamos ido até a mansão de Raul para acertar os trâmites do nosso enlace matrimonial, enquanto os dois homens conversavam coisas sobre o como nosso casamento era útil para os cartéis, me peguei admirando o jardim, fiquei chocado ao notar que minha futura esposa tentava pular o muro, eu não a conhecia pessoalmente, mas já havia visto fotos e ela era linda, uma morena de cabelos negros e olhos verdes, era literalmente um pedaço de mal caminho, eu no auge dos meus 22 anos já havia estado com algumas mulheres, mas nenhuma era tão bonita como Amanda. Achei engraçado o quanto ela era destemida, tentou pular o muro várias vezes sem sucesso, mesmo assim não parecia que desistiria.

Eu estava encantado, queria ver a cena de perto. Pedi licença para papai e Raul e fui até lá, observei quando ela puxou o ar para os pulmões e pegou impulso na tentativa de pular mais uma vez, eu a peguei pelo braço, ela me encarou com raiva. Eu estava louco para beijá-la, sentir aqueles lábios carnudos vermelhos contra os meus, aquela mulher era uma obra de arte perfeita, queria admirá-la por mais tempo, a encurralei no muro e percebi que a coragem que tinha até a pouco se esvaiu, achei engraçado, ela parecia assustada, sua respiração estava ofegante. Eu não estava disposto a me afastar, mas lembrei que devia agir como um cavalheiro.

Apresentei-me formalmente e pedi que nunca mais me chamasse de idiota, apesar que gostei de como a palavra saiu dos seus lábios. Me afastei a contragosto, pois se permanecesse ali não responderia pelos meus atos. Papai me aguardava na sala da mansão, quis saber o motivo pelo qual eu havia saído tão desesperado, contei que vi Amanda tentando fugir, ele riu sem humor.

- Essa garota é um problema, mas infelizmente precisamos desse acordo. Não conseguiremos vencer uma guerra se Gonzalez estiver contra nós, no final vai ser bom, você comandará ambos os cartéis. Eu confio em você meu filho.

- Obrigado pai, não vou te decepcionar. - falei.

- Só um aviso Mateo, não caia na lábia dessas garotas, seja o alfa da relação. A coloque no seu devido lugar e exija o respeito que você merece,não precisa ser fiel, pode ter quantas mulheres quiser, ninguém vai te julgar por isso, aliás você será o rei.

- Eu sei pai, pode ficar tranquilo. Nunca me apaixonaria por uma mulher como ela. - falei com o coração saltando pela boca.

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