Panquecas de aniversário 🎂

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Lucas

Assim que cheguei na mansão do Gonzales me senti aliviado, parte do plano contra Mateo tinha sido concretizado, eu sabia das negociações do cartel e sabotei quase todas elas, ele havia perdido vários homens e muito dinheiro. Dificilmente se reergueria, apenas um milagre o salvaria do fim.

Subi as escadas devagar até chegar em meu quarto, o ambiente cheirava mofo, já que há muito tempo não vinha aqui. Desde que me "aliei" ao Mateo evitava ao máximo pisar na mansão, as ligações com Raul eram feitas anonimamente para nunca criar suspeitas. Tínhamos feito um ótimo trabalho, o velho me serviu bem.

Desabotoei minha camisa, retirei minha calça e entrei no banheiro, precisava de um banho relaxante antes de seguir com o plano de destruição. Assim que a água entrou em contato com meu corpo, as imagens de Amanda invadiram minha cabeça.

O jeito que dançou no palco me deixou extremamente excitado, aqueles malditos olhos verdes seriam meus, sonhava com seus gemidos e sussurros. Precisava tê-la, ela seria meu troféu mesmo que não quisesse. Sempre tive todas as mulheres aos meus pés, por bem ou por mal todas se curvavam a mim.

Saí do banho, peguei meu celular e liguei para Mateo, o provoquei querendo saber da nossa Amanda, o pior erro de um homem é se envolver e se entregar para uma mulher.

Desliguei o telefone antes que ele cedesse a provocação, meu corpo queimava de desejo imaginando ela nua. Abri a porta do quarto e dei de cara com a nova camareira, era uma bela jovem, a puxei com violência, ela tentou resistir mas foi impossível.

Curvei-a sobre a cama e me satisfiz, ela implorava que eu parasse e isso só me deixava com mais vontade. Assim que acabei a joguei para fora do quarto, mulheres servem pra isso, afinal. Apenas satisfazer nossos desejos, talvez mais tarde precisasse dela de novo, enquanto não tivesse Amanda ela serviria.

Troquei de roupa rapidamente, tinha alguns assuntos para resolver na delegacia.
Peguei o carro e dirigi o mais rápido que pude, a segunda parte para o fim do Ferraz entraria em vigor.

Amanda

Tomei um banho rápido, mesmo sabendo que Mateo já tinha me visto nua várias vezes me senti desconfortável, nossa relação não ia bem e eu estava extremamente magoada, não conseguia nem olhar em seus olhos. Assim que desliguei o chuveiro, notei que arremessou seu celular na parede, o baque me assustou tanto que nem me lembrei de vestir a roupa, caminhei devagar e vi os pequenos pedaços do aparelho espalhados no chão.

Antes que pudesse dizer alguma coisa ele me abraçou, o calor de seu abraço me derreteu, tive que fazer um tremendo esforço para não retribuir. Senti uma lágrima querendo sair dos meus olhos, mas a contive. Não podia demonstrar fraqueza, não depois da humilhação que  me fez passar. Assim que se afastou, me pediu perdão. Meu tolo coração bateu mais forte ao ouvir suas palavras, me mantive calada e ele saiu.

Desabei no chão assim que a porta se fechou, amar um homem como Mateo requeria muito esforço e eu não tinha disposição para isso. Mais uma vez chorei feito uma criança, só queria minha vida de volta.

Meu fracasso, minha casa alugada e minha liberdade. Não sei por quanto tempo me mantive sentada ali, as lágrimas cessaram e eu senti um cheiro maravilhoso vindo da cozinha, minha barriga roncou de imediato e aquele aroma me transportou para uma lembrança que eu queria muito esquecer.

Dez anos antes

Caminhei para a cozinha e dei de cara com meu lindo noivo, notei que suas mãos estavam sujas de farinha e seu belo rosto corado, não entendi o que um homem como ele fazia ali.

- Feliz aniversário meu amor. - disse se aproximando e depositando um beijo nos meus lábios.

Eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que nem me lembrei do meu aniversário, dezoito anos, a tão sonhada maioridade finalmente chegou e com ela as responsabilidades da filha de um mafioso. Meu casamento e de Mateo aconteceria em poucos dias, eu não concordava com a vida que ele tinha escolhido, tentava convencê-lo a fugir comigo a todo custo, mas ele sempre negava. No fundo sempre soube que o cartel era mais importante que eu.

- O que está fazendo?

- Panquecas de aniversário, substituí bem o bolo, já que não sei fazer um.

- Cada dia que passa me impressiono mais com você, Mateo Ferraz. - falei apaixonada.

- Porque não me disse que era seu aniversário? Queria ter feito algo mais elaborado.

- Não achei que fosse importante, e eu amo panquecas. Ainda mais essas com gosto de Mateo. - o puxei para um beijo quente.

Sempre que me encontrava em seus braços meu corpo queimava, o fogo se espalhava rapidamente e nós dois entrávamos em combustão, ele me apertou rente ao seu tórax, intensificando o beijo ainda mais.

- Não podemos fazer isso aqui. - disse entre meus lábios.

- Eu sei, mas não consigo controlar.

- Nem eu. - respondeu ofegante

Sem pensar duas vezes ele me posicionou de costas, levantou minha saia e me possuiu ali na cozinha em meio às panquecas.

Alguém bateu a porta me trazendo a realidade, Mateo colocou a cabeça pra dentro do quarto e me encarou. Eu ainda não havia me vestido, apertei a toalha para que não me visse:

- Fiz o café da manhã, panquecas de aniversário. - ele sorriu.

- Nao quero, estou sem fome e hoje nem é meu aniversário. - falei ressentida.

- Tem certeza? Comprei mel e morangos. Quero uma trégua, Amanda, não aguento mais essa luta. Não com você.

- Você acha que panquecas vão apagar o que me disse ontem?

- Não, mas talvez torne nossa relação amigável.

- Claro que sim, e talvez eu desenvolva a síndrome de estocolmo né? Me poupe. - falei.

- Achei que já tivesse desenvolvido, do jeito que se entregou pra mim parecia estar apaixonada.

- Foi só sexo Mateo, não foi isso que disse? Não é a primeira vez que fala isso, que não sirvo nem pra te satisfazer.

- O que? Como assim? Eu nunca disse isso antes.

- Claro que não, sou tão insignificante que nem se lembra o tanto que me humilhou. - gritei.

Nesse momento ele já se encontrava dentro do quarto, acariciou meu rosto antes de dizer:

- É impossível ter uma trégua com você.

- Sim. Não vou baixar a guarda de novo. Agora saia vou me trocar e tomar esse maldito café.

- Coloque uma roupa que não seja camisola, vamos sair.

- Não quero ir a lugar nenhum com você.

- Mas vai, nem que tenha que te amarrar no porta malas do carro , estou sem capangas e agora que sei que Lucas é o inimigo não vou te deixar sozinha. Ele é perigoso e não o quero perto de você. - disse trincando os dentes.

- Pode pelo menos me dizer onde vamos?

- Na delegacia, preciso reparar um erro. Achei que Sebastian fosse o traidor, vou soltar o pobre homem e torcer para que ele me perdoe.

- Que ironia, um fora da lei numa delegacia. Não tem medo que entre e nunca mais saia? - provoquei.

- Não, tenho aliados na organização, acha que sobrevivo só por ter esse rostinho bonito?

Revirei os olhos impaciente.

- Tudo bem, daqui a pouco estarei pronta. - aceitei o convite.

Mais uma vez a oportunidade de fuga se apresentava a mim e eu não ia desperdiça-la.

- Te aguardo na cozinha. - disse beijando minha testa.

No local em que o beijo foi depositado, parecia que minha pele queimava como se estivesse sendo marcada a ferro quente, me perguntei por quanto tempo eu seria capaz de negar esse amor.

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