Foi tudo mentira...

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Mateo

O ódio que senti por Amanda caiu por terra quando ela me beijou, não consegui manter a postura de mal e a tomei em meus braços, a genuína preocupação dela com minha costela ferida encheu meu coração de esperança, transbordando o amor que sempre senti.

Quando a tomei como minha de novo, não contive as lágrimas, nossas almas se encontravam mais uma vez.

Todas as vezes que fazíamos amor me sentia anestesiado, ela sempre foi minha droga viciante . A única capaz de realmente me destruir. Sentia sua respiração rente ao meu peito.

Ela dormia profundamente, não queria deixá-la ali, mas precisava manter a pose de durão, a cena de sua fuga invadiu meus pensamentos, e aquele ódio que alimentei por anos se revelou. Levantei depressa como se o corpo de Amanda queimasse o meu, ela acordou assustada:

- Aconteceu alguma coisa?

- Sim. Levante-se vou te prender e sair. - falei com amargura.

- Me prender? Por qual motivo?

- Por ter tentado fugir, não vou perder meu álibi contra o Raul.

- Mateo? Mas nós acabamos de fazer amor. - seus olhos se encheram de lágrimas.

Meu coração doeu, mas não podia abaixar a guarda.

- Nós transamos e eu paguei muito bem pela noite. Depois te dou sua porcentagem, as meninas sempre ganham um extra no dia do leilão, apesar que você não valia um milhão, a Patrícia é bem mais gostosa e fogosa. - gritei tentando acalmar a dor que se irradiava em meu peito.

Amanda se levantou com medo, seu lindo rosto moreno estava coberto de lágrimas, os olhos verdes revelavam uma tristeza profunda.

- Devia saber que era apenas uma noite sem importância senhor Ferraz.

- Sempre são sem importância, depois que foi embora nunca mais entreguei meu coração para ninguém.

- Você fala como se não soubesse o motivo pelo qual eu fugi. Não seja hipócrita.

Eu sempre soube, mas nunca quis admitir, Amanda fugiu porque não me amava, mesmo que ela não tenha dito só podia ser essa razão.
A puxei com brutalidade e entramos no meu quarto, caminhei até o guarda roupa em busca de uma corda, não pude deixar de notar que um dos meus livros estava fora do lugar, não me apeguei a esse fato e a amarrei.

Prendi suas mãos e uma das pernas na cama, os olhos dela não paravam de sair lágrimas. Tinha que sair dali antes que me arrependesse.

Andei rumo à saída do quarto quando ela gritou:

- Vou ficar aqui por quanto tempo? Porque não me mata de uma vez e acaba logo com isso? Eu te odeio Mateo.

Não respondi e bati porta com violência, deixando meu coração aprisionado.

Fui até a cozinha, peguei a garrafa de uísque a e virei em um único gole, queria parar de sentir esse maldito sentimento. O corte na costela havia sido superficial nem me importei com ele, pois a ferida maior estava dentro do meu peito, tentei apagar as imagens de algumas horas atrás, queria arrombar a porta do quarto, implorar seu perdão e a tomá-la novamente. Mas não podia, os prejuízos só aumentavam e Amanda era a única capaz de salvar o cartel, mesmo que meu coração fosse destruído eu a usaria com esse fim.

Seu choro se seguiu por algumas horas, e cada lágrima que eu imaginava descendo em seu lindo rosto me matava um pouco mais, assim que o silêncio reinou no cômodo, abri a porta como um covarde e a vi dormindo encolhida no chão, sua respiração era ofegante e seus suspiros doloridos, não entendia como uma pessoa que não me amava sofria tanto por mim. Acariciei seu cabelo com carinho, nessa instante ela resmungou:

- Porque me castiga tanto sendo que meu único erro foi te amar.

Aquelas palavras acabaram comigo, notei que seus lindos olhos permaneciam fechados, ela delirava , fiquei ali por um bom tempo velando seu sono. Decidi que não prolongaria mais as coisas, ligaria pra Raul e resolveria tudo o quanto antes.

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