Guerra declarada...

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Mateo

Mergulhei nas páginas do romance e nem percebi quando anoiteceu, Amanda era uma excelente escritora, mesmo sabendo todas as frases de cor eu ainda me impressionava com algumas cenas, como se estivesse lendo pela primeira vez. Os detalhes e a riqueza do vocabulário era o que eu  mais amava, o enredo sólido sem dispersões chamava a atenção do leitor, uma pena que poucos se interessavam por livros, coloquei o marcador para não esquecer onde havia parado, caminhei até o banheiro devagar pois necessitava de uma ducha, enquanto a água quente caía sobre meus ombros tensos a imagem de Amanda nua dentro desse box invadiu minha mente, fechei os olhos relembrando a cena e gravando todos os detalhes, em dez anos tentei odiar essa mulher com toda minha alma, mas foi inútil. Agora que a chance da felicidade batia em minha porta eu havia a deixado ir, mais uma vez fui covarde e escolhi o cartel ao invés de nós. Saí do banho frustrado, talvez tivesse um jeito de conciliar tudo, talvez eu pudesse desistir da guerra contra o Raul.

Papai deixou seu orgulho de lado quando precisou se unir a ele pra salvar o cartel, eu poderia fazer o mesmo. Minha felicidade valia o sacrifício, poderia me unir ao meu sogro e casar com a mulher da minha vida. Comandaríamos a união dos cartéis e seríamos felizes para sempre, mas infelizmente para uma história como a nossa não existia final feliz.

Senti uma lágrima escorrer em meus olhos, agora entendo o motivo pelo qual meu pai não queria que me apaixonasse, o amor nos deixa vulneráveis e frágeis, agora o ódio ele te mantém firme como uma rocha e eu não ia recuar, mesmo sem apoio atacaria o Gonzalez de alguma forma. Amanhã selaria o acordo com Conrado, entregaria a mercadoria para os árabes o mais rápido possível, convocaria mais homens e iniciaria a guerra, agora que Amanda estava segura eu tinha as cartas do jogo novamente em minhas mãos, no fundo mesmo que tenha sido uma despedida foi bom revê-la e descobrir que ela sempre me amou, tomei a decisão certa quando decidi liberta-la, pelo menos ela não sofreria quando eu matasse seu maldito pai pela honra do meu.

Amanda

Graças aos céus o jantar se seguiu de forma tranquila, Lucas nos poupou de sua desprezível presença, papai e eu jantamos em silêncio, não posso negar que a lasanha estava deliciosa, lembrei-me da vez que Mateo fez uma pra mim, o gosto era péssimo mas a intenção foi tão linda que comi tudo como se fosse o melhor prato que tive a honra de experimentar, suspirei com tristeza e continuei comendo calada, assim que acabei caminhei até a biblioteca e encontrei o romance de Romeu e Julieta, mesmo conhecendo a história resolvi ler um pouco, talvez as páginas me transportassem para um universo paralelo onde eu seria apenas a expectadora da vida do casal principal, não a protagonista fudida como eu era do meu romance, folheei William Shakespeare e me perdi em suas linhas magníficas, imaginei com detalhes todas as cenas, me pergunto como existem pessoas que não tem o hábito da leitura, é uma válvula de escape maravilhosa, deixei-me viajar nos capítulos e nem percebi quando caí no sono profundo, sonhei com a cena exata de quando Romeu e Julieta morrem, mas pra minha surpresa não foi o rosto deles que vi e sim o meu e de Mateo.

Despertei com um choro, mesmo sonolenta percebi que havia algo errado, alguém chorava copiosamente, levantei-me depressa deixando o exemplar cair no chão, abri a porta da biblioteca com cuidado, ouvi uma voz masculina vindo da cozinha, adentrei o cômodo e a cena que presenciei foi horrível, uma moça debruçada no balcão com o rosto ferido e coberto de lágrimas, o desgraçado do Lucas  a violentava sem dó nem piedade tive ainda mais nojo dele, a menina chorava enquanto tinha seu grito abafado pelas mãos do cafajeste, definitivamente Mateo não era igual a ele. Lembrei que papai tinha uma arma guardada na biblioteca, corri para buscá-la, o filho da puta merecia uma lição , peguei a caixa em formato de livro, verifiquei as balas e retornei para a cozinha com muito ódio, eu queria vomitar mas não tinha tempo pra isso:

- Largue-a agora ou eu te mato - berrei.

- Espiando a diversão alheia minha querida Amanda, se quiser pode participar da festa. - ele falou com um sorriso cínico.

Eu não queria cometer um assassinato logo no meu primeiro dia de comando, mas ele merecia uma lição, apontei a arma e mirei em seu braço direito, o filho da puta me olhava como se eu não tivesse coragem de atirar, apertei o gatilho e vi a bala acertar em cheio seu ombro, o sangue escorreu por sua blusa bege a tingindo de vermelho, ele soltou a menina que correu e se escondeu acuada atrás de mim.

- Sua vadia desgraçada, olha o que você fez? - ele berrou tentando estancar o sangue que jorrava da ferida.

- Isso foi apenas um aviso, se encostar a mão nela ou em qualquer garota que more debaixo desse teto, pode ter certeza que não vai ser seu ombro que vai sangrar, vou ter o prazer de estourar esse maldito miolo que chama de cérebro. - berrei cuspindo em sua cara.

Peguei a mão  da garota e a conduzi para o andar de cima, Lucas berrou alguma coisa que  não consegui ouvir.

- Sinto muito por ter passado por isso, mas não vai se repetir, eu prometo. - falei com sororidade.

Ela me abraçou com carinho e chorou em meus ombros, assim que adentramos no meu quarto, tranquei a porta por precaução e deixei o revólver na escrivaninha, quando se dorme na mesma casa que o inimigo tem que estar prevenido. Peguei uma toalha limpa e um pijama pra ela, mesmo com o rosto machucado era muito bonita, sua pele clara reluzia lindamente com seus olhos castanhos, o cabelo loiro lha dava  um ar angelical.

- Muito obrigado senhora , ele disse que me usaria até cansar e depois me mataria, você me salvou.

- Não precisa agradecer e pode me chamar de Amanda, se ele te importunar de novo não deixe de me informar. - falei com raiva.

- Prazer Amanda, me chamo Margarida e infelizmente não é a primeira vez que ele faz isso, o odeio mais que tudo nessa vida, mas preciso do emprego tenho um filho pequeno que depende de mim.

A fala dela fez meu sangue borbulhar nas veias,  ela era apenas uma mulher que trabalhava pelo seu próprio sustento e tinha que se sujeitar a coisas macabras em silêncio, me compadeci de sua dor e nem pensei quando fiz a oferta:

- Sou a herdeira dessa porra toda, a partir de hoje você tem minha proteção, se alguém lhe fizer mal pode me comunicar que tomarei as medidas cabíveis.

Seus olhos brilharam com minhas palavras, pelo menos essa porcaria de poder serviria para alguma coisa.

- Obrigado Amanda, em troca lhe ofereço minha lealdade, serei seus olhos e ouvidos nessa mansão.

- Na verdade, só quero uma amiga, mas vai ser ótimo estar um passo à frente do Lucas.

Ergui minha mão direita para Marga e ela apertou com delicadeza, senti que ali começava uma bela amizade e uma forte aliança para destruir o Matarazzo.

Ergui minha mão direita para Marga e ela apertou com delicadeza, senti que ali começava uma bela amizade e uma forte aliança para destruir o Matarazzo

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Conto com o apoio de vocês. Beijo dessa autora e até o próximo capítulo 😚❤️

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