Amanda
Minha chance clara de fuga era essa, algum dos capangas de Mateo devia ter esquecido a porta aberta. Eu precisava agir rápido, mas não podia sair assim de cara limpa. Se alguém me reconhecesse, meu plano ia por água abaixo. Tinha que pensar, precisava de um disfarce, algo que me deixasse igual a todos. Não sei porque mais me lembrei de Patrícia, era isso, poderia me passar por uma prostituta.
Ter livre acesso ao salão e sair sem nenhuma suspeita, torcia para que quando sentissem minha falta eu já estivesse longe o suficiente. Vasculhei o guarda roupa de Mateo e por sorte encontrei uma lingerie sexy. A camisola preta estava na gaveta de fetiches dele, a peguei e vesti rapidamente, não tinha muito tempo.
Continuei vasculhando o local e por sorte encontrei uma máscara, o destino pela primeira vez sorria pra mim, segunda na verdade a primeira foi quando pulei o muro. Amarrei meu longo cabelo cachedo num rabo de cavalo, coloquei a máscara e saí depressa. A sensação de vitória tomou conta de mim e eu comecei a rir. Apressei o passo, desci as escadas depressa mas fui interceptada por um homem.
- O que ainda faz aqui? O show vai começar, para o palco agora sua vadia. - ele gritou me arrastando pelo braço.
- Não me sinto bem, preciso ir embora. - falei
-Depois que cumprir suas obrigações com os clientes pode ir para onde quiser.
Aquela frase me assustou, mas ao mesmo tempo me deu esperança. Eu seria capaz de me deitar com qualquer um, desde que valesse minha liberdade. Respirei fundo tomando coragem.
- Onde é o palco?
- Por ali, vai logo porque o chefe odeia atrasos.
Caminhei até o maldito palco, não sabia ao certo o que faria ali. Quando subi os homens começaram a gritar pedindo para que alguém dançasse, demorei a perceber que as súplicas eram destinadas a mim. Merda! Eu era atração pra esses abutres famintos.
A música começou a tocar, não queria me expor dessa forma. A única pessoa que me viu dançar na vida foi Mateo.
Dez anos antes
Sempre que ouvia Ciara meu corpo se mexia sozinho, eu amava a sensação de liberdade que a música me proporcionava. Comecei a bailar de um lado para o outro quando ouvi algo se mexer na porta. Usava apenas um conjunto de lingerie rosa, me enrolei na toalha e fui verificar quem era.
Abri a porta e dei de cara com um Mateo muito vermelho, seu rosto parecia um tomate e seus olhos não encontravam os meus. Ele estava envergonhado. Achei fofo. A duas semanas nós havíamos nos beijado na cozinha, desde então ele parecia me evitar. Mas hoje o peguei no flagra.
- Desculpe não queria te bisbilhotar, estava de passagem e queria apenas te dar um oi. - ele disse.
- Faz dias que você não me procura, não venha com essa lorota de querer me dar um oi. - falei ressentida.
- Me perdoa Amanda, estava tomando coragem, depois que nos beijamos algo dentro de mim mudou. Eu estou enfeitiçado por você. Não posso mais negar isso, há dias venho até sua porta e fico te observando, mas nunca tomo a iniciativa de bater ou entrar. Tenho medo que me rejeite ou ria dos meus sentimentos.
- Não é a primeira vez que me observa dançar?
- Sinto em dizer que não, você dança muito bem e faz qualquer homem perder a cabeça.
Eu sabia que ele me observava, por isso fazia questão de deixar a porta aberta, gostava de tê-lo ali e ver seu semblante envergonhado encheu meu coração de amor. Ele com timidez levou minha mão aos seus lábios.
- Não quiz te ofender. Me perdoa por tudo.
- Você é um enigma Mateo Ferraz. Nada durão para um futuro líder de cartel, se envergonha com uma mulher seminua dançando?
- Me envergonho apenas com você, receio dizer que me apaixonei, eu te amo Amanda Gonzalez. Te amei desde o dia que a vi tentando fugir do acordo.
Meus olhos se encheram de lágrimas com aquelas palavras, o puxei para dentro do meu quarto e o beijei.
Os gritos do homens me despertaram do transe, a música da Ciara começou a tocar. Eu não devia fazer isso, mas instintivamente meu corpo se mexeu e comecei a dançar no ritmo da canção, vários olhos estavam sobre mim. Mas um em questão prendeu minha atenção. Mateo me olhava com um semblante assustado e ao mesmo tempo selvagem.
Aquele olhar me excitou, pena que ele ia me matar.
Continuei dançando até que a música parou, teria que agir rápido ,ele havia me reconhecido, caminhei pra sair do palco quando o apresentador me impediu.
- Onde vai vadia?
- Embora, já dancei e alegrei os clientes, preciso ir.
- Claro que não, o leilão vai começar nesse
exato instante. - riu apertando meu braço.- Que leilão? - perguntei assustada
- O seu. - continuou rindo.
- Não sou uma mercadoria. - puxei meu braço com violência.
- Se não fosse não estaria aqui, se não quer apanhar melhor obedecer as regras.
Como eu era burra, tentando sair de um problema entrei em outro pior. Meus olhos se encheram de lágrimas e rezei para que Mateo me salvasse. Que ironia.
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Encontro Fatal
RomanceUma romancista falida começa a desacreditar do amor quando seus livros são um fracasso.Ela não se conforma que as pessoas prefiram noites vazias ao lado de qualquer um ao invés de lutarem por seus relacionamentos, mesmo tendo sofrido uma decepção am...