Amanda
Fazia alguns minutos que Mateo tinha adentrado a delegacia, eu olhava atentamente a algema que prendia meu braço tentando armar um plano pra me livrar dela, essa era a chance de fuga mais clara que tive nos últimos dias. Se conseguisse me soltar podia dar um tiro na porta e a mesma se abriria, até Mateo sair da delegacia estaria longe.
Procurei por algo pontiagudo pelo carro, não devia ser tão difícil abrir aquele troço, estava concentrada no meu trabalho quando olhei pela janela e vi a imagem de Lucas, pensei que minha mente o tinha criado, mas o arrepio que se espalhou pelo meu corpo era real, ele me causava medo . Seu rosto estava coberto de sangue e um sorriso não saía de seus lábios mesmo estando tão machucado, minha mente foi levada rapidamente a imagem do homem que havia adentrado ao local poucos minutos atrás, meu coração doeu.
Lucas e Mateo haviam se encontrado e pelo estado de seu rosto eles possivelmente tinham brigado, mas se apenas o Matarazzo saiu, será que Mateo estava morto?
Esse pensamento encheu meus olhos de lágrimas, não podia perdê-lo de novo, apesar de tudo o amava demais. Precisava agir rápido, se Mateo estivesse ferido eu devia socorrê-lo, puxei a maldita algema e não consegui me soltar, num ato impensado agarrei a arma e atirei no objeto que se desfez de imediato, tinha visto isso nos filmes e realmente funcionou, nem precisei desperdiçar uma bala com a porta, o baque do tiro destravou o carro de alguma forma e o alarme foi disparado.
Finalmente tinha minha liberdade, era só correr e ir embora sem olhar pra trás. Mas não conseguia, as imagens de Mateo morto invadiam minha mente enquanto eu corria desesperada rumo a delegacia, as lágrimas embaçaram meus olhos e corri ainda mais, nem notei quando esbarrei numa parede de músculos que conhecia bem, senti seus braços me envolverem e ele beijou o topo da minha cabeça.
- Fico feliz que esteja bem meu amor. - sussurrou.
- Pensei que o Lucas havia te matado, não aguento te perder de novo. - falei chorando.
- Aquele filho da puta fez alguma coisa com você?
- Não, ele nem me viu. Eu que o vi saindo da delegacia com o rosto ensanguentado, pensei que tivesse te matado, senti tanto medo. - continuei chorando inspirando seu maravilhoso cheiro misturado com sangue.
Notei que sua blusa social branca estava ensanguentada, me afastei um pouco para realizar uma análise prévia e percebi que tudo estava no lugar e que seu coração realmente batia.
- Porque sua roupa está suja de sangue? - eu quis saber
- O Matarazzo matou o Sebastian, cheguei tarde demais.
Os olhos de Mateo eram pura tristeza, me abraçou mais forte rente ao seu corpo e chorou feito uma criança pequena, os soluços que saiam da sua alma me machucaram e eu o consolei, não contive as lágrimas e chorei também.
- Vamos embora pra casa, eu dirijo. - falei com ele em meu colo.
- Tudo bem. - respondeu soluçando.
Caminhamos de mãos dadas até o carro, Mateo não parava de chorar, era difícil ver um homem de quase dois metros se debulhando em tristeza, refiz o caminho de volta para a boate, estacionei o carro em silêncio e o conduzi pra dentro do estabelecimento. Assim que saímos do veículo, ele me perguntou incrédulo:
- Como se soltou?
- Dei um tiro na algema, receio dizer que estraguei o banco do seu conversível. - tentei sorri.
- Você é realmente uma Gonzales, quando ouvi o tiro pensei que Lucas havia te encontrado e te capturado. Nunca me perdoaria se aquele desgraçado encostasse um dedo sequer em você.
Ele me puxou para outro abraço, eu amava sentir seu cheiro e seu calor.
- Vamos subir, tem que se trocar e precisamos de um banho - falei.
- Espera Amanda? Porque não foi embora? Era sua chance perfeita de fuga. - questionou.
- Porque apesar de tudo, meu tolo coração ainda bate por você. Eu te amo Mateo e sempre amei, mas você destruiu esse amor a dez anos atrás quando disse que não me amava. - solucei não contendo as lágrimas que teimavam em cair
- Eu nunca falei isso Amanda, sempre demonstrei meu amor, sou capaz de morrer e matar por você.
- Não precisa mais fingir, ouvi a conversa que teve com seu pai no dia do nosso casamento, a ansiedade me dominava . Meu coração ansiava por vê-lo antes do maldito "sim", mas ele foi destruído pelas palavras que saíram da sua boa naquele dia.
Os olhos de Mateo se entristeceram ainda mais, notei que ele se recordava do momento exato que destruiu meu coração.
- Você fugiu depois que ouviu a conversa?
- Sim. Ouvi cada palavra e decidi partir, eu era capaz de aceitar sua vida no crime mesmo não concordando com ela, mas seria incapaz de conviver com você se não me amasse.
Mateo fechou os olhos, balançando a cabeça em negativa como se não acreditasse no que ouvia, notei que seus pensamentos o levavam diretamente para aquele dia que devia ter sido o mais feliz das nossas vidas.
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Encontro Fatal
RomanceUma romancista falida começa a desacreditar do amor quando seus livros são um fracasso.Ela não se conforma que as pessoas prefiram noites vazias ao lado de qualquer um ao invés de lutarem por seus relacionamentos, mesmo tendo sofrido uma decepção am...