A morte

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Mateo

Amanda não tirou os olhos de mim o trajeto inteiro, não conseguia entender como apenas o olhar dela me excitava, enquanto eu fingia não ver que  me observava coloquei a mão sobre sua perna apenas para ter o prazer de sentir o calor da sua pele, os dias estavam sendo difíceis e apesar dela me evitar, tê-la ali me acalmava, estacionei o carro em frente a delegacia e a ameacei antes de sair, odiava fazer isso, mas Amanda já tinha traído minha confiança várias vezes e uma delas foi a dez anos atrás quando me abandonou, ela jurou amor a mim e depois fugiu sem olhar pra trás me deixando com o coração dilacerado, eu a amaldiçoei por todos esse anos, mas quando a vi de novo na boate percebi que era impossível odiá-la, precisava resolver essa situação o mais rápido possível antes que  não conseguisse mais ter controle dos meus sentimentos, pra ser sincero eu acho que já não tinha .

Caminhei devagar até a  delegacia aproveitando a brisa fresca que batia em meu rosto, empurrei a porta e tive o desprazer de vê-lo, Lucas Matarazzo, o desgraçado que arruinou minha vida estava ali com um sorriso debochado me encarando, procurei minha arma na cintura e não a encontrei, era a oportunidade para matá-lo, mas o filho da puta só podia ter pacto com o diabo. Ele me encarou sem medo algum e me cumprimentou:

- É um prazer vê-lo aqui caro amigo.

Não aguentei ver a vitória em seus olhos, parti pra cima dele socando sua cara com força, ele nem quis revidar, cada soco que levava gargalhava mais.

- Onde está nossa Amanda? - Lucas provocou.

- Ela nunca será sua. -  cuspi e soquei sua cara com ainda mais ódio.

- Seu descontrole só me mostra que  realmente venci. Pode perder tempo aqui me batendo o quanto quiser, mas se fosse você ia ver seu amigo. Talvez ele ainda esteja vivo.

Não acreditei no que ouvia, Lucas aproveitou minha distração e desferiu um golpe certeiro no meu rosto, cuspiu na minha cara e falou com sarcasmo:

- Eu vou destruir você Mateo, poderia muito bem te matar agora, mas o quero vivo para presenciar minha vitória, quero que esteja presente quando Amanda for minha, aquela belezura me servirá bem. Sabe como gosto de mulheres teimosas. Vai ser um prazer domar aquela fera.

Ouvir o nome de Amanda sendo pronunciado por ele aumentou ainda mais meu ódio, dei mais um soco em seu rosto e ele riu.

- Amei a diversão mas preciso ir, diga a seu amigo Sebastian que sinto muito pelo tiro que lhe dei, espero que consiga conviver com sua  morte de forma tranquila, já que o traiu quando não acreditou em suas palavras.

O canalha se levantou e saiu, se minha arma estivesse aqui eu atiraria nele a queima roupa como um covarde fracassado, me levantei rapidamente e corri pelos corredores até encontrar a cela do meu amigo, Macêdo tentava a todo custo estancar o sangue que jorrava de seu peito, adentrei a cela fria e me ajoelhei ao lado do meu fiel escudeiro, seus batimentos cardíacos eram fracos.

- Desculpe Sebastian, cheguei tarde demais, nunca vou me perdoar por ter desconfiado de você.

- Não se preocupe, Mateo, seu coração é bom e você se deixou enganar facilmente. - ele disse com a voz fraca.

- Vou te tirar daqui e te levar para o hospital.

- Não há mais tempo, sinto a morte chegando. Só me prometa que vai acabar com aquele filho da puta.

- Farei o possível meu amigo, eu juro. - disse em meio as lágrimas.

Sebastian suspirou pela última vez em meus braços, não aguentei a dor e desabei a chorar. Ele estava morto por minha causa, mesmo que eu não tenha apertado o gatilho, aquilo aconteceu porque o abandonei à própria sorte.

O abracei como se estivesse me despedindo do meu pai, percebi que Macêdo presenciava a cena.

- Preciso levá-lo daqui para ter um enterro digno. -falei.

- Mateo eu realmente sinto muito, mas não posso permitir que leve o corpo, já vai ser difícil explicar o que houve,  Lucas perdeu o controle e me colocou numa situação complicada. Terei que inventar uma excelente desculpa, sinto muito.

- Macêdo? Você é meu aliado porra. Por favor, preciso enterrar meu amigo com dignidade. - implorei

- Não mais, jurei lealdade ao Matarazzo, sabe como são as coisas, ele é muito mais poderoso que você agora. Peço que se retire da delegacia, ou terei que detê-lo. - falou.

Queria muito socar Macêdo até a morte, mas sempre soube que ele trabalhava para o que pagava mais e no momento Lucas era dono do dinheiro, levantei-me fazendo uma oração de despedida para Sebastian e caminhei calado até a entrada da delegacia, meu coração sangrava de tristeza, quando estava prestes a sair, ouvi um tiro e o alarme do carro sendo disparado.

- Ohhhh não, Amanda??????

Saí correndo feito um louco, orando a Deus que Lucas não a tivesse encontrado.

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