Lealdade

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Lucas

Assim que cheguei  Macêdo me recebeu com cordialidade, o delegado era meu aliado a algum tempo e me ajudou em várias operações para destruir Mateo, não podia negar que o homem era inteligente. Servia a dois deuses, até que um lhe obrigasse a jurar lealdade, e era o que eu faria hoje.

- É sempre bom ver você Lucas. - disse me estendendo a mão.

- Digo o mesmo. - retribuí o aperto.

- O que faz aqui na minha humilde delegacia?

- Tenho alguns assuntos para tratar com você, mas antes quero ver o Sebastian.

- O capanga do Ferraz? - perguntou incrédulo.

- Ele mesmo, Mateo duvidou da índole do seu mais fiel escudeiro e nesse momento preciso reunir todas as pessoas que queriam se vingar dele de alguma forma, acredito que Sebastian aceitará a aliança sem pensar duas vezes.

- Faz sentido - disse Macêdo - te acompanho até a cela.

- Não precisa, sei o caminho.

Caminhei pelo corredor escuro, o mal cheiro se impregnou em meu nariz, parei em frente a cela de Sebastian, o homem de meia idade se mantinha com a cabeça baixa fazendo uma oração.

- Se pedia a Deus um milagre, ouso dizer que seu desejo foi atendido. - falei com sarcasmo.

- O que faz aqui seu filho da puta. - ele respondeu com ódio.

- Vim me apresentar formalmente e te fazer uma proposta.

O homem me encarava sem entender nada, ergui minha mão em sua direção e me apresentei:

- Sou Lucas Matarazzo, herdeiro único do meu tio Vicente, eu era o infiltrado de Raul no cartel de Mateo, ouso dizer que  já sabe disso, pois o alertou várias vezes e ele não quis acreditar. O homem para quem dedicou sua vida toda preferiu confiar em mim, um recém chegado do que em você, deve ter sido horrível notar que não tinha valor algum para ele. - provoquei.

- Cale a boca seu desgraçado, infelizmente Mateo se deixou cegar pela gratidão, já que ele  diz que você o salvou , nunca confiei em você.
Suas palavras e seus olhos sempre me transmitiram mentira. Sei que o senhor Ferraz voltará atrás e me pedira perdão, porque apesar de tudo ele é um bom homem, agora você é o diabo em pessoa. - Sebastian disse com raiva.

- Talvez sim, talvez não. Mateo é como todos nós, só pensa no dinheiro e no seu próprio umbigo. Vim aqui Sebastian para te fazer uma proposta, é justo que se vingue de quem duvidou da sua índole e te abandonou quando mais precisou. Quero te propor uma aliança, será meu homem de confiança e juntos destruiremos o Ferraz, o que me diz?

Notei que o pobre homem me observava, as palavras que saíram da minha boca o deixaram incrédulo, ele cogitava a possibilidade de aceitar minha oferta, vi isso em seus olhos, puxou o ar com força antes de responder.

- Nem depois da minha morte me curvarei a um imbecil como você, nunca vou trair o cartel Ferraz. Em nome de Alberto nego sua proposta seu cretino.

- O livre arbítrio é seu e as consequências dele também.

Assim que finalizei a fala, saquei minha arma e dei um tiro diretamente no seu coração , o Sebastian caiu ensaguentado na cela, o sangue escorria por sua roupa e sua respiração era ofegante, antes de sair me despedi:

- Nos encontramos no inferno seu babaca.

Deixei seu corpo quase sem vida e fui ao encontro de Macêdo, os olhos do delegado estavam arregalados, pois ele havia ouvido o barulho do disparo.

- O que foi isso? - perguntou.

- Deixei uma pequena bagunça para você organizar, espero que consiga se livrar do corpo para mim. - sorri com sarcasmo.

- Você o matou ?

- Sim, um excelente capanga que preferiu morrer a se curvar a mim. A partir de agora é isso que vai acontecer com todos que não me aceitarem como rei. Então, Macêdo, já está na hora de escolher um lado, não é mesmo?

- Estou do seu lado Lucas, com toda certeza. - disse amedrontado.

- Ótimo, voltarei em breve para discutirmos o plano que acabará de vez com o Ferraz, enquanto isso se livre do corpo e dê a notícia ao Mateo sobre a morte do homem que ele traiu.

- Sim senhor. - Macêdo respondeu com obediência.

Guardei meu revólver na cintura e caminhei para a saída, o dia não podia ficar melhor, quando cheguei a porta dei de cara com Mateo Ferraz, o ódio em seus olhos era nítido, coloquei meu sorriso mais perverso  no rosto e o cumprimentei:

- É um prazer vê-lo aqui caro amigo.

Encontro Fatal Onde histórias criam vida. Descubra agora