De volta ao lar

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Amanda

Assim que tive alta,  meu pai me levou para nossa casa, a mansão era enorme e o muro que a circundava me causou familiaridade, assim que a porta foi aberta e adentrei ao cômodo gigantesco, percebi que eu realmente morava aqui, haviam várias fotografias de uma criança espalhadas pela sala, os olhos verdes eram idênticos aos meus, a mulher que a segurava no colo se parecia comigo, provavelmente, era minha mãe.

Acariciei a foto tentando absorver algum sentimento ou alguma lembrança, mas minha cabeça continuava me entregando a escuridão como resposta. Respirei fundo tentando me lembrar de algo que pudesse me salvar desse tormento, mas a única coisa que vinha em minha mente eram olhos azuis hipnotizantes. Todas as vezes que adormecia, sonhava com esses mesmos olhos. Sentia-me protegida por eles, era estranho, mas talvez fossem a chave para minha memória voltar. Assustei-me quando uma linda mulher loira me abraçou, os olhos dela se fixaram nos meus e eu fiquei apavorada quando seus braços enlaçaram minha cintura:

— Pensei que nunca mais a veria, senti sua falta. — ela disse beijando meu rosto.

— Desculpe. Mas quem é você? — perguntei a empurrando para longe.

— Sou a Marga, sua melhor amiga. Crescemos juntas nessa gloriosa mansão. — ela sorriu.

— Não me lembro de você, na verdade,  não me recordo nem de mim. — sorri tristemente.

— Não se preocupe, Raquel. Farei com que se sinta em casa e te contarei tudo que quiser, somos quase irmãs.

Não sei porque mas ninguém até o momento me passava confiança, meu sexto sentido me deixava em alerta máximo. O único que eu confiava era o senhor Raul, mesmo assim, às vezes sentia que ele mentia.

— Vejo que a rainha voltou ao castelo. Seja bem vinda de volta meu amor — Lucas beijou meus lábios com fervor.

Eu odiava quando ele fazia isso, de todos os presentes, ele era o que mais me assustava e o que eu menos confiava, seus olhos negros eram falsos, disso eu tinha certeza.

— Estou cansada, posso me retirar? — perguntei ansiosa.

— Não assuste a menina Lucas, é tudo novidade pra ela. — papai o repreendeu — Margarida te mostrará seu quarto, não se preocupe, com o passar dos dias vai se sentir em casa novamente. — ele disse beijando meu rosto. — Marga? A acompanhe por favor.
Antes que a moça pudesse responder, Lucas interviu :

— Faço questão de levar minha noiva até seus aposentos. — falou maliciosamente.

Senti um arrepio na espinha assim que acariciou minhas costas, ele me conduziu escada acima e paramos em frente a uma porta de madeira antiga:

— Estou louco para ter alguns momentos  a sós com você. Há tempos anseio por tê-la em meus braços, mas no momento preciso resolver pendências relacionadas ao cartel.
Assim que tudo estiver acertado, a tomarei como minha, doce Raquel. — ele sussurrou ao meu ouvido.

Quis vomitar quando os lábios dele encontram os meus mais uma vez, eu ia me manter longe daquele homem até que minha memória voltasse.

Entrei no quarto silencioso e por algum motivo me senti bem, tranquei a porta e coloquei uma cômoda a escorando, era o máximo de segurança que eu conseguia ter no momento. Vasculhei as gavetas em busca de alguma pista e não encontrei nada. Deitei na cama exausta e sonhei mais uma vez com os olhos azuis.

Raul Gonzalez

Assim que chegamos em casa ordenei que minha filha fosse acomodada em seu quarto e segui diretamente para o meu escritório, precisava ficar a par das últimas negociações e das decisões que Lucas havia tomado sem mim enquanto eu estive fora.

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