Desejo sombrio

127 21 17
                                    

Amanda

Definitivamente  sou a mulher mais azarada do universo, de todas as boates que eu poderia entrar  escolhi logo a que meu ex noivo é dono, para piorar ele e meu pai tem uma rincha eterna por minha causa, já que fugi e não cumpri o contrato de casamento. Mateo estava ainda mais lindo, seus olhos azuis ainda contrastavam perfeitamente com sua pele bronzeada, seus braços estavam mais fortes e havia tatuagens por todo corpo, quando ele tocou minha panturrilha eu estremeci, não podia negar ,ele era sexy e eu o desejava, por todo esse tempo tentei negar meu amor, mas o vendo novamente percebi que não o esqueci, meu coração bateu mais forte assim que ouvi sua voz e senti seu cheiro.

Como  era tola, ele não me amou nem da última vez e não seria agora depois que estraguei tudo que  me amaria. Eu precisava sair daqui, não estava disposta a entrar nesse jogo de cão e gato dele e do meu pai. Não queria ser a moeda de troca deles, esse foi um dos motivos pelo qual  fui embora e o outro ainda mais forte foi porque descobri que  Mateo não me amava, que eu era apenas um negócio para ele, foi triste ouvir aquilo. Pensei que apesar de nosso enlace ser arranjado ele havia se apaixonado, mas estava enganada. Entrei no banheiro com o coração apertado, não consegui conter as lágrimas que desceram sem parar pelo meu rosto, eu estava com medo.

Não conhecia aquele homem que me esperava na sala, ele era um completo estranho, ouso dizer que nunca o conheci de verdade. Deixei a água quente do chuveiro escorrer pelo meu corpo com a esperança que o calor me acalmasse. Tomei um banho demorado, quando estava prestes a sair, ouvi Mateo e Lucas conversando, não resisti e colei meu ouvido na porta para saber do que se tratava o assunto.

- Mateo? A Patrícia está aqui, ela quer saber se pode subir. - Lucas perguntou.

- Fale com ela que hoje não vou querer os serviços, na verdade não sei quando vou a procurar de novo, assim que resolver tudo eu entro em contato.

- Tem certeza? Ela vai ficar muito puta. - Lucas riu.

- Tenho, não vou receber nenhuma mulher com Amanda aqui. Pague o dobro para a ela e a mande embora. É uma ordem. - ouvi Mateo dizer.

- Claro chefe, com licença.

Afastei-me da porta com meu tolo coração batendo descompassado, ele havia dispensado uma de suas garotas apenas por eu estar ali, como  era ridícula, isso não significava nada, apenas que ele queria ter tempo para pensar o que faria comigo. Saí do banheiro enrolada na toalha, senti seu olhar fixo em mim,  não ia falar nada mas não resisti a provocação.

- Você dispensou sua prostituta por minha causa?

- Temos uma espiã por aqui? - ele riu sem graça.

- Não tive a intenção, mas você e o tal do Lucas estavam praticamente gritando. - sorri.

- Essa noite não vou precisar dela, minha diversão será você.

Mateo me prendeu na parede e seu cheiro invadiu meus pensamentos, lembrei - me das vezes que estivemos juntos a anos atrás, ele chegou mais perto de mim e afastou uma mecha do meu cabelo que recaia em meu ombro,  por precaução apertei a toalha rente ao meu corpo.

- Devo admitir Amanda, os anos só favoreceram ainda mais sua beleza.

Senti o ar quente que saia da sua boca penetrar minha pele, eu queria muito sentir seu gosto mais uma vez, minhas amarras estavam soltas, se ele quisesse eu não ia lutar. Ele se aproximou ainda mais dos meus lábios, ficando a meros centímetros da minha boca,  esperei o beijo mas ele nunca veio. Mateo se afastou como se eu o queimasse, abriu a porta do loft e saiu. Droga! Percebi que infelizmente não ia ser capaz de resistir a esse homem.

Mateo

Eu era fraco, se permanecesse mais um segundo dentro do loft eu teria tomado Amanda em meus braços, meu corpo estava dolorido de tesão, não devia ter dispensado a Patrícia, mas ouso dizer que não conseguiria ficar com ela sabendo que a mulher da minha vida estava aqui. Desci as escadas e a boate estava vazia, Lucas organizava tudo, desde que o conheci ele vem sendo meu braço direito, um fiel escudeiro a quem devo minha vida. Se não fosse por ele, talvez eu estaria morto juntamente com meu pai. No dia fatídico ele percebeu a movimentação diferente que ocorria e me alertou, quando assumi o cartel deleguei minhas funções antigas para ele.

- Lucas? Vou sair. Fique de olho no andar de cima, Amanda só tem cara de boazinha, mas vai fazer de tudo para fugir. Mantenha um guarda na porta e um na entrada. Fiquem de olho na janela.

- Mas a janela é muito alta, ela não ousaria..

Antes que ele terminasse a frase eu ri.

-Você nao a conhece, ela é capaz de saltar de lá se for a única alternativa.

- Tudo bem. Mas posso saber onde vai? - Lucas questionou.

- Na farmácia comprar algumas bombinhas.
- Não sabia que usava bombinha. Se sente mal?

- Fique tranquilo, não é para mim. Amanda tem crises respiratórias gravíssimas e se não tivermos uma ela pode vir a óbito. - eu nem queria pensar nisso, imagina-la num caixão me destruía, apaguei a memória antes que ela me consumisse e concluí - quero estar preparado caso aconteça algum episódio enquanto ela estiver no meu domínio, duvido que Raul fará algum acordo se ela morrer.

- Entendi, faz sentido. Pode ir tranquilo chefe vou ficar de olho na vadia.

- Não a chame assim, se você a desrespeitar de novo serei obrigado a te matar e não quero fazer isso.

- Me perdoa Mateo é o hábito. - ele se defendeu.

- Tudo bem, voltarei em breve.

Abri a porta da boate e saí, a brisa fresca me atingiu e eu aproveitei o silêncio para pensar. Meu coração era todo dela, mas ela era filha do meu pior inimigo. Nem nos livros essas histórias dão certo quem dirá na vida real. Respirei fundo e continuei caminhando, queria saber o motivo pelo qual ela me abandonou no altar a anos atrás, na época ela parecia estar apaixonada, ou talvez eu estava tão apaixonado que não percebi que tudo não passava de fingimento. Amanda Gonzalez a única mulher que conseguiu chegar ao centro do meu coração e a única que  amei estava de volta.

Encontro Fatal Onde histórias criam vida. Descubra agora