O reencontro

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Dez anos depois

Amanda

Assim que adentrei a boate percebi que tinha sido uma péssima ideia sair de casa, o cheiro do local era forte, uma mistura de bebidas com algo ilícito, aquilo irritou meu nariz e desencadeou um ataque de espirros frenéticos, demorei a me recompor.

Notei que o lugar era escuro e sombrio, a música eletrônica que tocava ao fundo era de péssimo gosto, havia muitos homens de ternos e umas mulheres quase sem roupa dançando para eles. Ali não era só uma boate qualquer, estava mais para um bordel. Eu devia pegar minhas coisas e ir embora, mas queria ao menos um copo de tequila, sempre que fracasso num lançamento a tequila é a única coisa  que me deixa melhor.

Caminhei até uma mesa vazia que havia no estabelecimento e me sentei. Tentei me conectar com o lugar, talvez assim eu conseguisse me divertir. Quando decidi ir até o bar pegar minha bebida, um homem me interceptou. Ele era bonito, deveria estar na faixa de uns 30 anos, seus braços fortes me chamaram atenção, mas eu não estava interessada em me relacionar com ninguém.

- Por favor, você poderia me dar licença, quero passar. - falei.

Senti que seus olhos percorreram todo meu corpo, aquilo me incomodou de imediato,  odiava ser analisada daquela forma.

- Uma mulher bonita como você não devia estar nesse lugar desacompanhada. - o homem falou com uma voz assustadora.

- Eu só quero uma bebida e já estou de saída, se puder me dar licença.

- Calma gata, você está muito apavorada, vamos nos conhecer melhor. Não é todo dia que se tem o prazer de ver uma beleza como a sua aqui nessa espelunca.

- Eu não estou interessada em conhecer ninguém, preciso ir.

Antes que eu saísse, o homem segurou meu braço com violência me colando em seu corpo, eu estava com medo, minha nuca suava, ele segurou minhas mãos com brutalidade e sussurrou no meu ouvido.

- Ninguém diz não pra mim sua vadia, e eu quero te comer, se eu quero eu faço e não estou nem um pouco interessado no que acha disso.

Eu congelei dos pés a cabeça nesse instante, como ia fugir desse monstro? Queria chorar, não era possível que meu fim seria ser estrupada e abandonada numa vala em qualquer lugar. Nesse momento me lembrei do meu pai, ele sempre me dizia que quando estivesse em perigo era pra me lembrar do meu sobrenome, que esse sobrenome me salvaria de vários problemas, respirei fundo antes de dizer:

- Tem certeza que vai querer mexer com Amanda Gonzalez? Acho que todo mundo conhece Raul Gonzalez, então, pra sua infelicidade ele é meu pai, duvido que queira travar uma guerra apenas por mero desejo carnal, há várias garotas aqui que você pode se divertir. Agora me solta seu babaca.

O homem me encarou com incredulidade, parecia que assimilava as palavras que saíram da minha boca, seu olhar estava assustado.

- Você não é filha do Raul, eu saberia se fosse.
Tomei coragem e continuei sustentando o olhar duro:

- Se não acredita, faça o que tiver que fazer e arque com as consequências.

Não sei se minhas palavras o assustaram, mas ele afrouxou o aperto quando eu as pronunciei, percebi que seu celular estava tocando, mesmo com o som alto senti a vibração do objeto rente ao meu corpo, o homem me soltou com violência, mas antes de sair me ameaçou:

- Nós vamos nos esbarrar ainda, senhorita. Sou Lucas Matarazzo, e um Matarazzo nunca perde.

Quando ele se foi, percebi que prendia o ar, eu definitivamente deveria ir embora, mas era teimosa demais para sair antes de tomar minha bebida, aliás minha vida foi colocada em risco por conta dela. Caminhei até o bar, sentei-me numa cadeira e esperei que algum garçom pudesse me atender. Não entendi o porquê meu coração estava batendo descompassado, senti um arrepio estranho na minha nuca, parecia que alguém me observava, não quis correr o risco de olhar para trás, percebi que ocorria uma movimentação estranha atrás de mim, permaneci com os olhos fixos no garçom até que uma voz que eu reconhecia bem me sobressaltou trazendo a tona lembranças esquecidas do passado, senti o calor que emanava do corpo dele e um sussurro assustador ao pé do meu ouvido:

-Posso oferecer  uma tequila para a senhorita?

Encontro Fatal Onde histórias criam vida. Descubra agora