A vingança começou...

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Amanda

Eu não podia acreditar, não havia bebido nada e já estava embriagada? Aquela voz, aquele cheiro só podiam ser fruto da minha imaginação. Me virei como uma covarde e tive a certeza que meu pesadelo estava ali. Mateo me encarava como se não acreditasse no que via, seu rosto demonstrava perplexidade,  comecei a me levantar, ele de forma violenta me prendeu na cadeira.

- Você mal chegou e já quer ir embora? Nem pensar. - ele riu com deboche
.
- Eu não quero ficar aqui, muito menos ter sua companhia.

- Por qual motivo? Aliás, quem foi humilhado no altar fui eu, não você. Sabe o que eu queria agora, Amanda? Te matar, fazer você pagar por tudo que me fez.

- E porque não faz isso? - instiguei.

- Seria ruim para os negócios, você já prejudicou eles demais quando fugiu desfazendo  o acordo. Sabia que seu pai se uniu à facção oposta quando se foi? Eles quase disseminaram o Cartel Ferraz por sua culpa. Eu nunca vou te perdoar por isso.

- Não estou aqui pedindo seu perdão, na verdade meu maior sonho era nunca mais te ver. Mas pelo visto o destino quis me surpreender de forma negativa, eu não devia dizer isso mas não vejo meu pai a anos. Me deserdei do nome Gonzalez por vontade própria.

- Você quer que eu te parabenize ?

- Claro que não, se me permite  vou embora, perdi a vontade de beber.

- Você não vai a lugar nenhum, devido a sua rebeldia  perdi o domínio do cartel e você me deve isso. Estava precisando de uma isca para chegar ao seu pai e aqui está você, a armadilha perfeita para o velho, pois pelo que me lembro você é a única coisa que ele ama.

- Você não vai fazer isso Mateo. Eu não vou ficar aqui, quero voltar para minha casa. - falei com medo.

- A partir de agora essa é sua casa, você é minha refém, não me obrigue a usar a força para te fazer entender isso.

- Você não seria capaz.

- Não duvide de mim. - ele provocou.

Antes que eu pudesse responder, ele chamou um dos seus capangas, notei que era o babaca que estava me importunando a alguns minutos atrás.

- Lucas? Leve nossa hóspede para o andar de cima.

- Mateo? Não faz isso, eu imploro. - falei chorando.

Ele me encarou, seus olhos azuis estavam nublados, e sua feição era dura, isso me causou medo.

- Lucas? Se ela tentar alguma coisa, atire para matar. Raul vai gostar de receber o cadáver da filha como bilhete da nossa vingança.

- Claro, patrão. Vamos sua vadia.

- Mateo? Você disse que não me mataria porque seria ruim para os negócios. - falei desesperada.

- Mas acabei de mudar de ideia. - ele disse - Lucas? Sei que a Amanda é gostosa e muito apetitosa, mas se alguém for abusar dela, esse alguém será eu. Não encoste nenhum dedo nela, ela é minha, entendeu? - Mateo falou trincando os dentes.

- Claro. - Lucas assentiu.

- Eu te odeio Mateo, te odeio. Ainda bem que fugi naquele maldito dia. - gritei  enquanto seu capanga me levava escada acima. 

Mateo

A destruição de Raul havia começado, quando ele soubesse que Amanda estava em meu domínio cederia a minhas exigências e eu seria o novo rei. Honraria a morte do meu pai tomando o poder e matando o velho,  não queria machucar Amanda, mesmo depois de tudo que ela me fez, revê-la fez meu coração quase saltar pela boca.

Eu devia ligar para o Lucas, conhecendo-a como conheço ela tentaria fugir e meu capanga não hesitaria em cumprir minha ordem, disquei seu número e ele atendeu ao primeiro toque.

- Oi, chefe.

- Não atire nela, só queria amedrontá-la, a tranque em meu loft e leve algo para ela comer.

- Ok chefe. - ele respondeu.

- Lucas, se você encostar um dedo nessa mulher eu arranco suas bolas e as uso de enfeite de natal, você entendeu?

- Sim, pode deixar.

- Ótimo, vou resolver algumas coisas e depois subo para conversar com nossa hóspede.

Resolvi as pendências o mais rápido possível, estava louco para ficar alguns minutos na presença dela, aquela mulher foi o motivo do meu abismo a anos atrás e tinha voltado do nada para minha vida. Era inevitável, quando vi o brilho de seus olhos verdes novamente meu coração renasceu, pensei que o ódio que senti durante todo esse tempo tinha aniquilado o sentimento, mas estava enganado. Cheguei  ao loft e a vi sentada no sofá, seus olhos ainda estavam vermelhos, Lucas por precaução amarrou seus pés e mãos, não dava para vacilar com Amanda, ela era persuasiva e muito inteligente, quando notou minha presença me lançou um olhar tão duro que meu corpo enrijeceu:

- Qual é o próximo passo? Você vai mesmo me matar? - ela quis saber.

- Não nego que essa alternativa é tentadora, mas creio que seu amado pai não vai ceder a minha chantagem se você estiver morta.

- Faz sentido, isso se ele se importar, nunca me procurou durante esses anos todos, fiquei agradecida por isso,  não queria voltar pra casa e não queria me casar com você.

- Tem certeza? Parece uma mulher rancorosa quando fala.

Ouvir ela dizendo que não queria se casar comigo abriu ainda mais a ferida dentro do meu peito, ela fixou novamente seus lindos olhos verdes em mim e respondeu com obstinação.

- Tenho absoluta certeza.

- Amanda, eu não vou te fazer mal desde que se comporte e siga as minhas regras, sou o chefe aqui, entendeu?

- Não sou muito boa com regras. Pretendo fugir assim que tiver um plano.

Eu ri sem humor, ela era a mesma de sempre, meu coração se alegrou ao perceber isso, me sentei ao seu lado e peguei seu rosto com indelicadeza, seus olhos ficaram na altura dos meus.

- Você não é muito habilidosa quando o assunto é fugir, não conseguiu pular um muro e agora acha que vai passar pelo meu batalhão de capangas sem ser notada? Quanta ingenuidade.

- Eu consegui pular o muro sim, além dos mais melhorei muito minhas habilidades nos últimos anos, não me subestime. - ela respondeu.

Eu queria muito beijá-la, aquela língua nervosa faria um melhor trabalho se estivesse dentro da minha boca, mas não podia ceder aos seus encantos, tinha que manter a postura se não estaria perdido.

- Olha, eu vou te desamarrar para você tomar banho, comer algo e dormir. Enquanto se comportar vai poder ficar solta aqui dentro . Não me decepcione . Estou te dando um voto de confiança, tem umas roupas na gaveta e comida na geladeira, fique a vontade. - falei com carinho.

- Não vou usar as roupas de suas kengas. Tá louco?

- Então fique pelada, não me importo, vai ser ótimo ver seu corpo mais uma vez. Só não garanto que vou te tratar com respeito se estiver nua. Sabe como funcionam os instintos masculinos.

- Você não seria capaz. - ela falou amedrontada.

- Quer pagar o preço e ter certeza? - provoquei.

- Não. É claro que não.

Peguei suas mãos com delicadeza e comecei a desatar o nó que as prendiam, ela estava quente e meu corpo doía de desejo, como um homem apaixonado é tão idiota ao ponto de ficar tenso só por tocar a mulher que ama? Desatei o nó e suas mãos foram soltas, depois trabalhei nos pés, ela usava uma sandália e suas unhas pintadas de preto ativou meu instinto animal, não resisti e acariciei sua panturrilha, percebi que ela estremeceu ao meu toque, antes que  fizesse alguma burrada a soltei, ela se levantou e foi rumo ao banheiro me deixando atordoado com meus pensamentos sórdidos.

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