O flagrante

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Mateo

Uma das coisas que mais  admirava em Amanda era sua determinação, quando colocava uma coisa na cabeça ninguém conseguia tirar.

Saí do quarto com a  certeza que ela daria um jeito de se libertar, não contive a curiosidade e a observei pela porta. Tentei não fazer barulho algum, notei o momento exato que  começou a esfregar as mãos se livrando da corda, logo depois desamarrou seu pé.

Não contive o sorriso, aquela mulher era espetacular. Me doeu dizer que a noite passada não significou nada, mas foi preciso. Raul tinha certeza que eu seria incapaz de fazer mal para ela, isso o deixava sempre à frente.

Precisava fazê-lo acreditar que em minhas mãos sua filha realmente corria perigo, o cartel estava a beira da falência e Amanda era meu trunfo contra o desgraçado.

Abri a porta assim que ela se libertou, seus hipnotizantes olhos verdes cruzaram com os meus e as imagens de ontem inundaram minha mente, ela gemendo em meu ouvido, eu a possuindo com saudade e fervor. Fui obrigado a trancafiar as lembranças se não a tomaria novamente e imploraria seu perdão de joelhos, minha garganta queimava só de imaginá-la nua em meus braços. Respirei fundo e a encarei com raiva.

- Nunca confie em um Gonzalez todos são filhos da puta, não é mesmo querida?

Ela permaneceu calada me olhando, sem falar nada ergueu suas mãos em minha direção, se rendendo novamente. Notei que a corda a machucara pois seus pulsos estavam avermelhados e feridos. Me senti um babaca naquele momento e recuei.

- Não vou te prender, pelo menos por enquanto não.

Vi o alívio em seus olhos, ela se espreguiçou,  devia me manter focado, mas ainda usava aquela maldita camisola preta. Sonhei com ela tantas vezes usando a lingerie. Precisava sair dali agora, caminhei rumo a porta quando  me chamou.

- Senhor Ferraz, estou com fome, preciso de um banho. Tenha piedade de mim e me conceda esse último desejo antes da morte.

Não resisti e caí na gargalhada, ela me olhou sem entender nada e eu  continuei rindo.

- Porque está recitando o livro da Raquel Resende? A prisioneira do mafioso usa essa frase pra tentar escapar.

- Você conhece a Raquel? - ela perguntou.

- Tenho alguns livros dela, mas não a conheço pessoalmente.

- Interessante.

- Não tente me distrair Amanda, conheço suas artimanhas e sei que nesse momento deve estar planejando sua fuga.

- Não vou mentir, estou mesmo. - disse sincera

- Gosto da sua sinceridade, prefiro verdades nuas e cruas. - falei.

Ela se aproximou de mim, seu cheiro inundou meus pensamentos, percebeu que me distraí e deu um chute certeiro na minha virilha dizendo.

- E eu prefiro me livrar de você.

Caminhou rapidamente até a porta, só que fui mais ágil, agarrei seu pulso com violência e a joguei na cama. Mesmo com dor me posicionei em cima de seu corpo seminu.

- Me solta? - gritou.

- Não tem como confiar em você, te prenderei novamente mas dessa vez usarei uma corrente, você joga sujo igual seu pai.

- E você é fracassado igual ao seu.

Aquilo fez meu sangue ferver, queria muito dar um tapa nela, mas sou incapaz de bater em uma mulher. Devido sua rebeldia  a beijei com brutalidade, queria que ela se calasse.

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