Acordo selado...

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Mateo

Acordei mas não queria abrir os olhos, estava com medo de perceber que a noite anterior não tinha passado de um sonho e fruto da minha imaginação perturbada, tateei a cama em busca de Amanda, mas encontrei apenas seu cheiro impregnado nos lençóis, infelizmente essa foi a única lembrança que ela deixou pra trás, provavelmente ela se foi enquanto eu dormia.

Aquela mulher me enlouquecia, num mesmo dia ela quebrou meu coração para logo depois se entregar para mim com desejo e amor. Eu estava confuso, precisava organizar meus pensamentos e definir quais seriam meus próximos passos.

Levantei-me a contragosto, caminhei devagar rumo ao banheiro e encontrei um bilhete destinado a mim. Reconheci a caligrafia e o abri com relutância, as palavras escritas ali encheram meus olhos de lágrimas:

Mateo,

Desculpe não esperar você acordar para me despedir, mas eu não teria coragem de dizer adeus olhando em seus olhos. Siga sua vida e reconstrua seu cartel, tenho absoluta certeza que é um excelente líder. A nossa trégua acabou, não venha atrás de mim, será melhor assim. Se por acaso algum dia sentir minha falta, me procure nos livros, é lá que você irá me encontrar. Se cuida...

De sua eterna Amanda.

Li e reli o bilhete centenas de vezes, algumas peças desse quebra cabeça não se encaixavam, Patrícia tinha razão, a forma como Amanda me olhava, o jeito que seu coração batia enquanto elas estava em meus braços, isso não poderia ser falso.

Eu não queria acreditar que fosse. Assim que eu entregasse a mercadoria para os árabes eu a procuraria na mansão de Raul, colocaria minha vida em risco em prol da mulher que amo, se fosse necessário até a sequestraria, meu tempo chegava ao fim, precisava agir rápido, peguei meu celular e disquei o número de Conrado:

- Bom dia senhor Ferraz. - ele me saudou assim que atendeu a chamada.

- Bom dia Conrado. - respondi.

- O que deseja caro amigo? - ele questionou.

- Quero saber que dia posso pegar minha mercadoria, tenho pressa, preciso resolver isso o quanto antes.

- Que tal no sábado? Podemos realizar a entrega no cais abandonado, o que acha?

- Excelente. - respondi.

- Quem irá receber? Você vai mandar alguém em seu nome?

- Não. Faço questão de receber pessoalmente.

- Ótimo. Está marcado. Sábado às 20 horas no Cais abandonado.

- Ok. - respondi. - Só mais uma coisa, se for uma armadilha eu o torturo até a morte . - ameacei.

- Você não deveria desconfiar da única pessoa que lhe ofereceu ajuda. - ele retrucou.

- Infelizmente Conrado, eu não confio nem na minha própria sombra. Tenha um ótimo dia.

- Igualmente. - ele suspirou e desligou o telefone encerrando a ligação.

Li o bilhete de minha amada mais uma vez e o guardei dentro do exemplar da Prisioneira do Mafioso, minha cabeça estava a mil.

Entrei no banheiro e deixei a água quente me relaxar, detalhes da noite anterior invadiram minha mente, os gemidos e sussurros inconstantes de Amanda não saiam da minha cabeça, as cenas se repetiam como um filme, eu precisava dela e ia tê-la custe o que custar.

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