Amanda
Abri os olhos e demorei alguns minutos para me situar, percebi que eu havia adormecido na grama do jardim, o sol da manhã queimava minha pele e eu me assustei assim que ouvi um disparo. Meus olhos foram levados diretamente para o corpo de Margarida que despencou ao chão assim que uma bala atingiu sua cabeça, a cena foi horrível.
Mantive-me escondida, não queria que ninguem me encontrasse, vi o momento exato que Lucas caminhava de volta a mansão e um homem que eu não conhecia se aproximava do cadáver. Não sei por qual motivo meus pés foram levados até ele, meu coração se acendeu assim que seus olhos encontraram os meus, eu devia estar com medo, aliás, ele havia acabado de matar uma pessoa, mas não, eu queria abraçá-lo e beijá-lo, meus sentimentos estavam uma bagunça, eu não sabia por qual motivo me interessei por aquele homem.
Sem pensar duas vezes e antes que cometesse uma loucura me pus a correr, não queria voltar pra casa, então corri na direção oposta. Alguns segundos depois, senti dedos enlaçando meu pulso me impedindo de continuar, virei-me depressa e meus lábios ficaram a centímetros da boca do assassino:
— Quem é você? — sussurrei sem coragem.
Aguardei uma resposta, mas ela não veio, ele me encarava em silêncio, seus olhos se encheram de lágrimas e eu não entendia o que estava acontecendo, tentei me desvencilhar do seu toque mas ele não deixou, puxou-me para um abraço caloroso, instintivamente, aninhei-me em seu peito, seu toque me trouxe alguns flashes de memórias e os olhos azuis penetrantes dominaram minha mente, não sei explicar o que houve, mas depois de muitos dias eu finalmente me senti em casa.
Ficamos alguns minutos abraçados, seu cheiro era reconfortante e eu não queria soltá-lo nunca mais, a contragosto ele me afastou :
— Desculpa senhorita, eu não devia tê-la abraçado dessa forma, me perdoe. — ele disse ressentido. — Me chamo Edgar, sou sobrinho do Oscar. — concluiu.
Respirei fundo tentando me recompor, mas minhas pernas tremiam e meu coração batia descompassado, eu estava venerável e abaixei a guarda para um homen que eu nunca tinha visto na vida, ou pelo menos achava que não.
Fixei meus olhos no dele e falei com firmeza:
— Porque matou a Margarida?
— Foram ordens do senhor Lucas. — respondeu sem rodeios.
— E porque você obedeceu? — questionei.
— Porque preciso do trabalho. — falou honestamente sem nunca desviar o olhar.
— Porque você me abraçou? — senti minha voz falhar quando fiz a pergunta.
Ele estava prestes a responder quando ouvimos um tiro, meu coração doeu, coloquei a mão ao peito e a imagem do meu pai invadiu minha mente. Ajoelhei-me no chão e comecei a chorar, por algum motivo eu sabia que ele estava morto.
Mateo
Eu não devia ter ido atrás dela, mas não podia permitir que ela tivesse uma má impressão de mim, corri feito um louco até que a alcancei, enlacei meus dedos em seu pulso a impedindo de continuar, esse toque sutil me deu a certeza que ela era real, ela se virou assustada e nossos lábios quase se encontraram, fiz um esforço tremendo para não tomá-la ali mesmo, eu sentia saudades e meu coração batia acelerado, percebi que a boca dela se movia mas não ouvi nenhuma palavra sequer, eu estava absorto em meus pensamentos, ela realmente estava viva, gravei cada detalhe do seu rosto e sem pensar a puxei para um abraço, ao contrário do que imaginava, ela retribuiu, mesmo sem memória, ela sentia que eu era confiável, eu não queria deixá-la, mas meu ato imprudente poderia colocar o plano em risco, com dificuldade, a afastei.
Amanda me encarava incrédula como se questionasse suas ações, com um olhar duro começou a me interrogar, respondi as perguntas com honestidade sem nunca desviar meus olhos do dela.
Estava pronto para encerrar o interrogatório quando ouvimos um tiro, Amanda caiu ao chão e começou a chorar, sua reação me deu a certeza que ela pressentira alguma coisa. As lágrimas que inundavam seu rosto me machucavam profundamente, sem hesitar a abracei novamente:
— Não chora meu anjo. — falei carinhosamente.
— O Lucas matou meu pai. — ela respondeu fungando.
— Como sabe disso? — perguntei perplexo
— Eu sinto.
— Calma, não se preocupe meu amor, nós vamos sair daqui. Eu prometo. — sussurrei beijando o topo da sua cabeça.
Assim que ouviu minha declaração ela me empurrou, notei naquele momento que eu havia extrapolado.
— Desculpe senhorita, é que você se parece com uma pessoa que amei. Sua imagem mexeu comigo. Me perdoe. — menti.
— Tudo bem, eu tenho que ir. Preciso ver meu pai. — falou com determinação.
— Não é seguro. — aconselhei.
— Eu não me importo.
— Mas eu sim. — confessei — por favor, precisa agir com cautela, se seu noivo realmente matou seu pai, ele é perigoso, tome cuidado. — falei com amor.
— Tomarei. — ela respondeu e saiu correndo mais uma vez.
Vi a silhueta de Amanda desaparecer assim que ela correu em direção a mansão, eu queria ir atrás dela mas precisava acabar o serviço que Lucas havia me dado, eu já havia me arriscado demais. Fiquei feliz por ela ter correspondido meu abraço, isso renovou minhas esperanças e talvez ela recuperasse a memória em breve.
Caminhei até o corpo de Margarida, por sorte, encontrei um saco plástico e a embalei nele. Cavei uma cova rasa e enterrei o cadáver. Não tinha tempo, precisava descobrir de onde havia vindo o disparo.
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Encontro Fatal
RomanceUma romancista falida começa a desacreditar do amor quando seus livros são um fracasso.Ela não se conforma que as pessoas prefiram noites vazias ao lado de qualquer um ao invés de lutarem por seus relacionamentos, mesmo tendo sofrido uma decepção am...