Capítulo 100

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Ela disse que a vontade era de por fogo em tudo e nunca mais voltar, ele falou olhando o caderno

- Você pode colocar, eu não sou a pessoa que vai te impedir, de fazer nada. Saiu o resultado do DNA?

- Beca essas coisas são difíceis mesmo, a gente fica se cobrando perguntando porque dê acontecer com a gente, mais eu te pergunto, ele não era seu pai?

- Quando você vivia aqui? Acha que a sua vida toda foi mentira, mais o amor de vocês dois não foi real?

- Tem alguém enchendo sua cabeça contra seu tio? Ele já partiu e independente do que falem, era como um pai .

Ela respondeu

- Se ele não era meu pai, porque me pegou? Desde que ele morreu eu venho descobrindo coisas ruins, a vida toda eu conversei com a minha madrinha, achando que era a minha mãe, ela mandava cartas, presentes, ligações e eu acreditava neles.

- Era tão bu.rra que o via como tio e logicamente um tio não faria oque ele fez, me criando sozinho.

Ele respondeu interrompendo

- Bu.rra não, você vivia oque te criaram pra viver. A gente é mais parecido do que você imagina! Minha mãe não era minha mãe biológica, não sei se já comentei mais ela era tipo muito velha pra ter eu, cinquenta sessenta anos, e eu nunca tive pai, de verdade, sou um bastardo, um filho fora do casamento com uma mulher qualquer, talvez uma oportunista ou uma iludida e passei metade da vida lidando com isso, olhando meu meio irmão recebendo tudo de mão beijada sem o menor esforço e eu lutando pra ter um pouco de atenção, carinho.

- Eu não sou bu.rro e nem você, a gente não pode mudar oque as pessoas sentem por a gente, não os sentimentos verdadeiros. Você tinha amor aqui? Respeito?

- Eu nunca tive nenhum dos dois! Não gosto de ficar falando e tipo só a minha família sabe, mais tenho uma mágoa muito grande dentro de mim por isso, cresci ouvindo que nada em mim era bom, mestiço demais, forte demais, grande demais, cabelo muito claro, dentes muito bonitos.

- Meus olhos são iguais aos dela e minha mãe que não podia ter filhos, me fez usar óculos na infância toda, porque meu tio se irritava com o meu olhar e dizia que qualquer hora ia me cegar, principalmente quando eu estava feliz, por causa do brilho que eles tinham, minha mãe queria me proteger e dava o melhor dela, acho que nunca seria o suficiente, eu queria o amor dele, bobo sempre queria ser o melhor em tudo pra ter atenção.

- Me esforçava muito na escola, nos esportes, quando chegavam as notas ótimas, as medalhas, ele me elogiava e passava a mão na minha cabeça, era tipo o único carinho.

- Eu odiava aqueles óculos, ficava horas fechado no quarto estudando, pra poder ficar sem e não o irritar.

- Um dia eu ganhei uma gincana na escola e era dia dos pais, o prêmio foi um quadro feito de macarrão pela professora, era lindo bem melhor que os nossos, eu não associei muito bem, fiquei eufórico porque fui o melhor e levei o presente de dia dos pais pra casa, ele sempre trabalhou muito e estava em reunião, em uma empresa que hoje já fechou, era longe tipo muito longe, sabe aquela área das fábricas sentido o viaduto?

- Era lá atrás e minha casa sentido oposto, fui de bicicleta, com a mochila nas costas, quando cheguei fiquei esperando entediado, a reunião era aquelas com os pobres pescadores, caminhoneiros, agitada como sempre, eu estava acostumado com os gritos, ameaças, a violência, sai sentar na rua e um menino que estava sentado um pouco longe, se aproximou pra falar da bicicleta, fui hostil com ele, mandei tirar a mão e nem pensar em roubar.

- Ele era tão bobo que nem deu bola, perguntou oque eu fazia lá, falei abrindo a mochila pra me exibir, ah vim trazer um presente de dia dos pais, eu que fiz, era mentira né mais o menino nem imaginou, era muito humilde estava com um chinelo super surrado, roupas velhas e sujo de terra, do tipo que ficou brincando o dia inteiro na rua, o chinelo ma.l servia no pé.

Paraíso oculto ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora