Capítulo 149

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Quem atendeu foi um homem

- Alô, quem fala?

Ela falou oi, ele perguntou quem estava falando, ela disse nervosa

- Foi engano, desculpa.

Ele interrompeu

- Calma, não desligue. Está tudo bem?

Ela ficou quieta, ele continuou falando

- Podemos nos encontrar? Escolhe um lugar, e eu vou até você.

- Estive no seu trabalho essa semana e não a vi. Rebeca?

Ela falou confusa

- Sua voz, é igual.

Ele disse que sim, parecidas, logo se apresentou

- Sou o Teodoro, seu tio. Eu quero muito te conhecer, te acompanho nas redes sociais e acho incrível o seu trabalho, eu ando na sua cola tem um tempo, só esperando o momento certo de me aproximar.

- Sinto muito pela sua perda, o Antônio era difícil e tínhamos nossas diferenças, mais eu o amava, era meu irmão, passei metade da minha vida procurando vocês. Eu quero contar tudo e ajudar você.

Ela continuou quieta, ele pediu pra se encontrarem, perguntou se ela precisava de ajuda financeira, ela disse apreensiva

- Não. Onde você mora? Em que cidade?

Ele respondeu, falou que podia ir buscá-la, ela estava confusa mais aceitou, apenas disse que iria chegar lá sozinha, se não tivesse problema, ele ficou eufórico

- Ah sim. Claro, tudo bem! Pode ser como preferir, posso avisar ao resto da família ou você prefere fazer surpresa? Todos querem te conhecer!

Ela ficou tensa, disse que preferia evitar as pessoas, marcou o endereço e nem conversaram mais nada, ela iria no sábado dia seguinte, arrumou a mochila com duas trocas de roupas, uma toalha, produtos de higiene pessoal, quase não dormiu ansiosa.

Saiu muito cedo no sábado pra ir pegar um ônibus, a polícia estava vigiando ela direto e notaram o comportamento suspeito, acompanharam ela a viagem toda na esperança de acharem o Noah, ela foi para outro estado, um policial a paisana até entrou no mesmo ônibus, ela passou o dia todo viajando, quando chegou aparentemente no destino final, começaram pesquisar oque ela poderia ter ido fazer lá, a Eloá e o Neto estavam trabalhando, viram as fotos do lugar e o nome correspondente ao endereço, ele falou surpreso só pra ela ouvir

- É a família dela, biológica. Com tanto tempo, porque só foi atrás agora?

A Eloá falou pesquisando sobre eles

- Dinheiro não tem sido problema. Talvez tenha algo que nós não sabemos ou ela está carente, como sempre.

- Acha que eles sabem? De alguma coisa?

Ele disse que provavelmente não, perguntou se ela falava sobre eles, ela respondeu confusa

- Não, acha que podem ser bons? Pra ela?

- Porque é bem difícil de acreditar que uma boa mãe perdeu a filha por dezoito anos e não procurou pela justiça.

- Tipo, que família estranha né?

- O pai dela se passava por tio e criou ela na miséria, sendo que tinha boas condições.

Ele interrompeu irônico

- Miséria não, uma vida simples humilde. Você virou consultora psicológica agora?

- Viu quem deu a luz? A doutora Kimberly, bem longe daqui.

- Tenho a sensação que abandonaram o barco e essas denúncias são uma distração.

Ela falou que abandonaram a Rebeca no barco furado, continuaram investigando e observando de longe, ela foi para um bairro de luxo, era uma casa de esquina muito grande, com coqueiros, assim que ela interfonou, uma mulher atendeu eufórica, abrindo o portão

- Oi pode entrar, seja bem vinda.

Ela só disse oi, empurrou o portão devagar, pode ver uma piscina, o jardim muito bonito, o Teodoro se aproximou

- Olá, tudo bem? Venha, vamos entrar!

- Pode te abraçar? Eu não sei se você gosta.

Ela perdeu a fala reparando na aparência dele, era muito parecido com o Antônio, ela balançou a cabeça que sim duas vezes, ele tocou seu braço afetuosamente, se ofereceu para carregar a mochila, ela não deixou, acanhada foi entrando olhando fixamente pra ele, uma senhora vestida de doméstica aguardava na porta, com uma bandeja, servindo água gelada, suco, bolachas, sorridente ficou encantada com a Rebeca, disse que ela era muito mais bonita pessoalmente, uma boneca.

Foram apresentadas, ele falou que tinham arrumado um quarto, perguntou se ela não queria tomar banho, descansar, comer, ela só tomou a água, disse indiferente

- Gostaria de ir ao banheiro, por favor.

Ele estava reparando nela, não parava de olhar

- Vou te levar ao seu quarto, estamos muito felizes por receber você. Gostaria de descansar?

- Podemos conversar depois, no jantar. Vai ficar uns dias né? Pelo menos o resto do fim de semana?

Ela disse que não sabia, foram indo até um corredor enorme, ele abriu a porta do quarto

- Eu não sei do que você gosta, então comprei algumas coisas que meninas novas gostam, tem roupas para o jantar, sapatos de números diferentes, oque não servir eu devolvo, pode tomar banho, tem tudo no banheiro, experimenta as roupas e escolhe, vou mandar um lanchinho daqui a pouco. Eu não paro de falar, estou nervoso! Desculpa.

Ela sorriu sem jeito

- É, tudo bem, obrigada. Tô um pouco cansada, acho que vou aceitar, tomar banho e pra ser sincera tô dormindo em pé, eu não consegui dormir muito bem a noite, fiquei ansiosa e acordei muito cedo.

Ele disse que ia deixar ela a vontade, saiu do quarto, tinham várias sacolas de lojas, embrulhos, ela só abriu um presente, era um estojo de maquiagem, entrou no banheiro tinham kits de produtos novos, semelhantes aos da Kim, algumas marcas eram iguais, tinha até um roupão com o nome dela bordado, velas aromáticas, chinelo, tinha tudo lá e flores naturais.

Ela olhou tudo, pegou seus produtos para usar, preferiu não abrir nada, depois de tomar banho olhou as sacolas que davam pra pegar as coisas sem desfazer as embalagens, tinham vestidos mais clássicos, alguns joviais, o roupão ela colocou, deitou mexendo no celular, a Solange tinha enviado um convite para madrinha de casamento, falou que o par dela seria o Apolo, ela agradeceu disse que não perderia por nada.

Logo dormiu de roupão mesmo e só acordou com a funcionária batendo na porta, horas depois, com o lanchinho, já era de noite, ela pegou a bandeja e agradeceu, a funcionária deu o recado dizendo que horas era pra ela ir jantar, também que não precisava ter pressa e se arrumar tranquila.

Ela foi comer, tinha patê, pão, suco, frutas finas, comeu quase tudo e foi olhar a janela, tinham três carros que antes não estavam lá, ela começou se arrumar, pegou um vestido novo preto agarrado ao corpo, na altura do joelho, um dos sapatos serviu certinho, quando ela estava se olhando no espelho quase desistindo da roupa, bateram na porta.

Paraíso oculto ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora