Capítulo 53 || Conversas Imprescindíveis

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hey

[...]

Narrado por Bakugou Katsuki

Sinto minha cabeça latejando fortemente, uma ânsia incômoda revirando meu estômago e meu corpo inteiro pesado, como se eu estivesse deitado há semanas e não apenas horas.

Na verdade, em que momento eu cheguei a me deitar?

Respiro fundo e busco me situar com o ambiente, de repente muito ciente do calor imenso ao meu redor e o peso característico de um braço por cima do meu ombro. Franzo o cenho e aperto levemente meus dedos, sentindo a pele macia das costas sob minhas mãos.

Obrigo-me a abrir os olhos para confirmar minhas suspeitas, deparando-me com um peito largo, pelos escuros e macios bem diante a minha face, com resquícios de saliva que provavelmente é minha ao ter babado durante o sono.

Pisco lentamente antes de olhar para cima, vendo o rosto adormecido do ruivo, que aparentemente me embalou a noite inteira, consigo sentir sua mão pairando em minha nuca, onde seus dedos estiveram em meu cabelo talvez por bastante tempo.

Fecho os olhos quando uma dor lancinante atravessa meu crânio, levando-me a respirar e recostar no travesseiro novamente, ouvindo os roncos baixos vindos do homem ao meu lado enquanto resgato as memórias do que nos trouxe até aqui.

Eu fui investigar os homens naquele clube ontem, implantei o dispositivo na cena dos suspeitos, saí e fui até outra rua, quando...

PORRA!

As cenas do que eu vi naquela boate onde Kirishima se meteu sem qualquer escrúpulo caem de uma vez só dentro da minha mente, levando-me a arregalar os olhos e saltar da cama em questão de segundos.

A brusquidão com a qual eu empurrei o corpo dele para longe de mim o acorda imediatamente, mas nem que seus reflexos tentem, ele não consegue agarrar meu pulso a tempo de impedir que meu corpo vá ao chão, não sem antes a minha cabeça bater no gaveteiro do lado da cama.

Sinto o cômodo inteiro rodar e grunho alto com a dor aumentada pela pancada, não conseguindo nem ouvir direito a voz assustada ao meu redor.

— Katsuki?! M-Meu deus... — Eijirou soa muito mais como um patinho indefeso do que como o Dom que eu vi ontem, como se a existência dele fosse dividida em armaduras que ele escolhe diante as batalhas. Tento me firmar com as mãos no chão para erguer o tronco, notando que estou vestido e com uma única meia no pé, mas o fato de não saber como caralhos eu vesti isso ontem me faz recuar ao som de sua voz mais perto. — Vem aqui, deixa eu te ajudar...

— Me solta, porra... — Ergo a mão para impedí-lo de se aproximar assim que consigo me sentar no chão, encarando-o com uma mistura perigosa de descrença e raiva. — Não ouse tocar em mim.

Minhas palavras parecem machucá-lo de verdade, e não há hesitação quando ele dá um passo para trás, ajoelhando no chão para ficar ao meu alcance.

— Tem água e analgésicos em cima desse móvel que pode ter te dado uma concussão leve, caso queira... — Eijirou fala com a voz baixa, olhando para o chão e não para o meu rosto. Sua cara de cachorro abandonado não vai ser suficiente para me deixar compadecido desta vez.

— Ah, claro que tem... — falo com desdém, mas ao tentar me levantar do chão, percebo que talvez seja melhor não fazer isso. Minha cabeça dói como o inferno e eu sinceramente começo a cogitar a merda do remédio. Como diabos eu acabei desse jeito? Lembro de ter voltado para o hotel, de ter surtado como um filho da puta e depois...

O sabor amargo e grudento persistente no fundo da garganta me faz arrepiar, deixando-me travado a encarar minhas mãos trêmulas.

O vinho, eu tirei minhas roupas e fiquei esperando, então a porta se abriu e eu...

Accordo Di Vaniglia || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora