Capítulo 11 || Necessárias Concessões

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Hey hey 

é isso, apenas, boa leitura. 

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Narrado por Bakugou Katsuki

As hélices são barulhentas demais, mas não mais que o vento, a chuva voa como rajadas de água no céu enquanto subimos mais e mais, cada vez mais alto. Inalcançáveis.

— Não, porra! Você ouviu meu comando, retorne! Retorne agora, a corda não vai chegar ao chão — grito já segurando nos batentes abertos do helicóptero, a chuva açoitando meus olhos quando os mantenho abertos por pura teimosia. A fumaça ainda é extensa no matagal em chamas, sobe às nuvens e quase se aproxima da altitude que é alcançada, mais e mais, cada vez mais alto.

Fugindo.

— Não posso! O comandante foi claro, voltaremos pra base — Insolente, como ousa me desacatar? Meu corpo ferve, o sangue em minhas mãos não é somente meu, o líquido vermelho enche o chão da cabine, pinga para o lado de fora junto com a chuva que mal tem força para conter a devastação.

Pinga, como a chuva, caindo no chão longe, cada vez mais e mais, mais longe.

A bolsa de paraquedas, coloco nos ombros. Muitos metros para o pouso, cada vez mais e mais, mais alto. Não posso ter mais baixas, não posso fingir que não estou vendo.

— Vou voltar, são muitos então precisarei de reforços. — dito com exatidão, minha cabeça parece leve demais, a altitude, não o sangue que desce gelado pela minha perna, a altitude.

Agarro o batente mais uma vez, mãos entram no meu caminho jogando-me no chão. A porta é fechada com força, me levanto no mesmo instante. Ninguém pode me impedir, ninguém pode dizer a um chefe que não lute por seus homens, mulheres, pessoas que se arriscaram para que a missão fosse bem-sucedida.

— Não posso deixar, tenente. Eu sinto muito, eu... Eu também não queria isso — Lágrimas não vão ajudar ninguém, não vão salvar minha equipe. Eu vou.

— Enquanto eu estiver de pé, nenhum homem fica pra trás! — berro, estremeço com a dor, deixo de senti-la. Raiva, não consigo conter a raiva, as batidas fortes no peito, o ar que começa a faltar. Nada vai me deter, é minha responsabilidade, sob o meu comando todos voltarão. Foda-se as lágrimas de Inasa, foda-se as ordens, agarro o uniforme rasgado do homem que ousa intervir, ignorando a queimação das palmas corroídas pelo líquido jogado na explosão — Não tente me impedir, soldado. SAIA DA MINHA FRENTE!

— Me perdoe... — De repente o escuro, de repente sem o som das hélices, da chuva, dos gritos. Sem tiros, sem bombas. Silêncio, mas ainda sinto, estamos cada vez mais, mais longe, mais alto.

Fugindo.

Meu corpo parece estar pesando toneladas quando finalmente consigo senti-lo novamente, a cabeça lateja e sei que os tecidos que estou vestindo não são os que me lembro de vestir. Inspiro profundamente tendo a dor mais evidente quando o faço, mas identifico que o cheiro neutro e séptico do local é estranho.

Apesar de toda a rigidez que me impede de ser ágil o bastante, levanto-me de supetão, de repente muito mais consciente do monitor cardíaco ao lado que dispara e a luz forte do quarto branco. O pânico é suficiente para que eu jogue as pernas para fora da cama de qualquer jeito, respirando rápido e buscando uma rota de fuga, por conta do instinto de autopreservação que fala mais alto que a razão.

Uma mão segura meu ombro e me esforço para empurrá-la para longe, contudo, o mesmo toque chega do lado oposto, mais bruto que antes para pressionar sobre o ferimento que ainda incomoda.

Accordo Di Vaniglia || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora