Capítulo 66 || Profusas Condutas

310 48 82
                                    

hey

é isso aí

sei lá

[...]

Narrado por Kirishima Eijirou

Acho que essa cena foi um marco definitivo em minha vivência nesse mundo, mas o quanto essa reação de Katsuki me surpreendeu é a maior novidade. Ele não é submisso, é quase... devoto. Deixo-o fazer o que quiser, temendo que qualquer movimento errado que demonstre rejeição possa levá-lo ao total oposto, a angústia que eu não gostaria de trazer a ele agora.

Confesso que fico até meio emocionado de ser tão mimado, a possessividade que emana de Katsuki me faz estremecer, tanto quanto o ardor da meu próprio orgulho por também ser Dono dele.

Suas atitudes de repente tão territoriais me deixam morrendo de vontade de enchê-lo de mordidinhas dizendo que eu sou todo dele, ainda que seja muito divertido vê-lo agir como se qualquer olhar na minha direção pudesse ser motivo para iniciar uma batalha. Apenas ignoro a parte em que, se eu ganhasse uma moeda para cada vez que fui carregado nos ombros de Katsuki, eu teria duas moedas, o que é farelo de poeira perto do meu patrimônio, mas é estranho que tenha acontecido duas vezes.

Seus toques tão suaves, em contraste com esses atos tão bruscos e irritados, deixam-me perdido por milésimos de segundo, onde tudo parece rodar em câmera lenta enquanto ele me analisa com cuidado, como se qualquer célula do meu corpo pudesse ser escaneada pela sua preocupação expressa.

Parte da minha anuência também é devido a dor de cabeça que não me abandonou desde que saímos daquele lugar. Dormir um pouco no peito do meu submisso — como nuvens fofas do céu sob meu rosto, resumidamente —, certamente ajudou um pouco a evitar a sensação, mas a náusea se equiparou à dor até que eu pedisse para andar com meus próprios pés.

Quando finalmente chegamos ao quarto, vou direto em direção a cama para me sentar, temendo que fique claro o meu desconforto, e me culpando por não estar dando a ele um pós cena ao menos decente. Acho que vou insistir em tentar conversar, ou pelo menos conseguir fazer com que ele coma um pouco.

A parte de trás dos meus olhos pulsa com uma dor lancinante, levando-me a suspirar e esfregar as sobrancelhas com força, logo usando as duas mãos para esfregar o rosto e coçar os olhos. Eu controlo a respiração conscientemente para não dispersar minha irritação por essa fraqueza sendo um obstáculo em um momento como esse e...

— Pare.

A voz de Katsuki é densa, pesada sobre o silêncio etéreo que se estendia enquanto eu me lembrava do meu fracasso. Fico frustrado, mas o encaro para finalmente começar a verbalizar e conseguir respostas do que está se passando naquela mente ansiosa.

Ele sempre foi de poucas palavras, sua comunicação era nosso principal foco de atenção, e vê-lo com uma dificuldade que o tornava monossilábico ao extremo me preocupou de certa maneira.

Ainda são sensações oscilantes que necessitam de cuidado para lidar, então tento conter o incômodo e ignoro a dor que sobe do estômago à garganta, engolindo em seco para falar:

— Por que está parado aí?

Minha pergunta é calma, transmitindo que ele tem o espaço para se expressar como quiser, apesar de seu temor que fica explícito nos punhos cerrados ao lado de seus quadris.

Ele evita meu olhar e isso me fere, é a única coisa que eu não consigo admitir, talvez um dia eu não tenha mais a oportunidade de ver, e eu quero aproveitar cada mísero segundo.

— Eu não sei o que devo fazer.

Sua resposta é compreensível, e aos poucos vou juntando as peças do que Katsuki pode estar passando. Ele ainda está suscetível a ordens, cedendo o controle a mim para que decida o que ele fará a seguir. Disse que iríamos nos vestir e ir para o hotel, e assim fizemos, agora, estamos aqui com uma nova pergunta nas mãos.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Accordo Di Vaniglia || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora