Capítulo 9

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Deixo o hospital com o peito cheio de culpa, tive de passar a tarde inteira fingindo, sorrindo para os enfermeiros e médicos que foram me cumprimentar, até discuti algumas novas descobertas da medicina com Dr

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Deixo o hospital com o peito cheio de culpa, tive de passar a tarde inteira fingindo, sorrindo para os enfermeiros e médicos que foram me cumprimentar, até discuti algumas novas descobertas da medicina com Dr. Lauro, mas nada afastou minha mente dele. Peguei-me suspirando várias vezes no quarto, com a minha mãe do lado, só por lembrar dos seus olhos quando foi me procurar hoje cedo para se desculpar, segundo ele, teve problemas para se concentrar em todas as reuniões e acabou não fechando acordo com o novo cliente. Fui dura e resisti mesmo com todas as palavras que usou. Não consigo esquecer que me surrou, vai precisar se rastejar para ter meu perdão. Contudo, tenho outros problemas e preciso dos meus pensamentos limpos. Ontem, recebi uma mensagem que tirou meu sono e ainda não falei com uma nenhumas das meninas sobre, apenas sei que os seguranças de Isadora acabaram passando do ponto e bateram em Estevão até deixá-lo desacordado no próprio apartamento. Ao menos, chamaram a ambulância.

Porém, isso já faz três dias e depois que a polícia achou fotos de garotas menores no apartamento do fodido, ele sumiu como um fantasma.

O vento frio me abraça, penetrando a malha fina da blusa e trago a bolsa de couro para a frente em busca de proteção. Destravo o carro, estranhando a pouca movimentação nos arredores, já que hoje é dia de visita e nunca sou a única no estacionamento. Dou uma olhada na entrada do prédio e resolvo não arriscar, entro o carro, optando por ficar de vidros fechados.

— Droga! —Murmuro, batendo o punho contra o volante quando percebo que entrei na rua errada. Aproveitando que não há mais ninguém na estrada faço uma manobra e pego o caminho de volta, tendo uma certa dificuldade devido a falta de luz em pontos estratégicos.

Perto de alcançar a avenida principal e sair de vez da estradinha, faróis surgem no meu campo de visão e me obrigam a dirigir pra trás. Buzino, mas o filho da mãe não se move. Uma música alta e sombria estoura e noto que está vindo da sua traseira, ele deve ter uma caixa de som potente lá.

Volto a buzinar.

Ele faz o mesmo, pisando no acelerador para me fazer recuar ainda mais. Penso em baixar o vidro e xingá-lo, porém mudo de ideia e faço o contorno em seu carro. Acelero, acompanhando pelo retrovisor o carro ficar para trás, a pouca iluminação atrapalhando minha identificação do modelo. Resolvo não arriscar, capturo meu celular na bolsa sem desviar meus olhos do espelho e ligo para o primeiro nome salvo na minha lista, José Luiz, ele me atende no segundo toque e já percebe que algo está errado, rosnando para que eu mande a localização.

Um motoqueiro entra no meu campo de visão e assusto-me quando buzina, deixando o aparelho cair entre o assento do motorista e o do passageiro. Fico ainda mais nervosa quando um segundo motoqueiro aparece do outro lado e me encurrala. Bato o punho contra o volante, percebendo que é uma armadilha, o cara do carro e esses dois estão juntos. Medo me invade quando vejo que um túnel se aproxima e a luz ficará ainda pior, resolvo arriscar jogando o carro contra a moto que está do meu lado direito, o condutor se desequilibra e cai. Me congratulo pelo feito e aumento a velocidade, sorrindo ao ouvir os sons dos pneus.

NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora