Capítulo 64

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A volta para o hotel leva menos tempo do que imaginei e quando cruzo a porta do meu quarto, dou de cara com as minhas malas alinhadas rente a cama.

— O que é isso? — Questiono, porque mesmo no escuro, sou capaz de sentir seu cheiro. — Zé?

— Estamos voltando para casa. — As palavras são sussurradas e no canto da parede, próximo à janela, posso ver a cortina de fumaça e o seu perfil de lado. Ele está provavelmente observando a movimentação que aumentou desde que saí, a música consegue se infiltrar pelo cômodo mesmo com o vidro fechado.

— Estamos? Quando? — A postura dos seus ombros somado com que ele ainda não questionou a minha saída me preocupa, mas, ainda assim, arrisco um passo na sua direção.

— Em 30 minutos, o meu piloto já está nos esperando.

Paro.

— O quê? Por quê? — Volto a andar em sua direção, mas ele é mais rápido e me alcança antes que eu tenha a chance de dar três passos em sua direção.

Nenhum de nós dois fala nada por um ou três segundos, porém ele leva o charuto a boca e sopra a fumaça no meu rosto, forçando o polegar entre os meus lábios até que eu esteja chupando-o.

— Eu sei onde você estava. —Diz, a voz ameaçadora e mansa. Eu arqueio minha sobrancelha esquerda, ainda chupando e lambendo seu dedo, mas não digo nada. — Quero saber a razão. — Fala, mudando para um tom mais exigente.

É claro que ele quer.

Empurro seu dedo com a língua, dando uma leve mordida antes de roubar seu charuto e lavá-lo a boca, ele me observa atento, entretanto, não o pega de volta ou diz qualquer coisa. Nunca fumei um cigarro comum, então eu tento não me atrapalhar e faço o processo com calma.

— Vá com calma. — Ele diz quando me engasgo com a fumaça.

— Como alguém consegue gostar disso? — Resmungo, tossindo. Zé libera uma curta gargalhada, pegando o charuto de volta e fazendo da maneira certa.

— Abra a boca. — Ordena e o olho com incerteza, embora eu saiba que acabarei cedendo e fazendo o que ordena em algum momento, metade por curiosidade e metade desejo, faço que não com a cabeça. — Abra a boca, Nora.

Eu abro e leva menos de um segundo para captar o que ele pretende, a fumaça toma a minha narina assim como a minha boca e quando percebo estou soprando ela para fora, entantonto, o gosto que fica não é ruim, menta e perdição.

Perdição deveria ter um sabor? Eu não sei, porém, sinto-me perdida quando estou perto dele, caindo em um abismo sem volta por vontade própria e adorando cada segundo.

— Sinto que está me escondendo algo. — Ele desliza o polegar pelo meu lábio inferior e o puxa para baixo, revelando meus dentes.

— É o que acha? — Sussurra no meu ouvido esquerdo, raspando os dentes e a língua pelo caminho.

— Eu- Eu tenho certeza. — Aperto minhas pernas uma na outra, me perdendo nas palavras por um segundo e sentindo o líquido se acumular na minha calcinha.

Ele sabe apertar meus botões.

Droga.

— Hmmm... menina esperta. — Sua mão cobre meu seio, que mesmo coberto por uma camada de tecido e um sutiã com preenchimento, sofre com a habilidade dos seus dedos. De alguma maneira, ele encontra o bico e torce, puxando-o logo em seguida. Eu gemo alto, chamando pelo seu nome e roçando meu corpo no seu.

Apoio minhas mãos em seus ombros e encaro as íris pratas.

— José Luiz.

— Suponho que possa ter alguns segredos, já que você tem os seus, certo?

Aperto meus olhos.

Isso é um  jogo?

— Não vá por esse caminho.

— Caminho? Que caminho, boneca? — Ele aumenta a intensidade do seu ataque aos meus seios, mudando de um para o outro a cada cinco segundos. — Você é a única tomando escolhas perigosas aqui, saindo enquanto estou dormindo, colocando a própria vida em risco sem necessidade e me fazendo de tolo.

Abaixo o olhar, envergonhada por não poder contar-lhe a verdade.

Talvez se eu...

Não.

É mais seguro que ele não saiba.

— Estou bem. — Falo, ao invés, de dizer toda a verdade. Sua expressão muda e um som seco,bem parecido com que libero quando estou gripada, sai da sua garganta.

— Cansei dos seus joguinhos,boneca. Dei minha palavra e jurei te proteger com minha própria vida,não vou mais aceitar atitudes com a desta noite, está me ouvindo? — Algo em seu timbre me faz acatar sem protestar. — ótimo, porque vou implantar um chip em você se preciso for.

Resolvo não argumentar, mas dou-lhe um olhar de que essa batalha não será fácil.

Ele larga meu seio, desce a mesma mão para a curva da minha cintura e aperta.Eu tenho certeza que ele está marcando minha pele agora.

— Zé.

— Não me decepcione, Nora.

É tudo o que ele diz antes de beijar minha testa e sair do quarto.

Meu segurança aparece um minuto depois, recolhe as malas e sai sem dizer uma palavra ou olhar na minha direção.

O que diabos está acontecendo?

Ele tem realmente segredos de mim?

Algum deles é tão grave quanto os meus? 

NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora