Meu padrasto, José Luiz Maldonado é aquele para quem corro quando as coisas ficam difíceis. Meu protetor, meu melhor amigo, o herdeiro de uma grande fortuna e o único homem que não posso ter.
Porém, nem mesmo ele conseguirá salvar-me dessa vez. Ni...
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Eu dormi todo o voo.
Pelo menos, é isso que Zé disse quando pousamos em solo brasileiro e seus dedos acordaram-me com carícias, toques suaves que não contrastaram com a sua expressão carrancuda e áspera, mas que não recusei.
— Vai me dizer o verdadeiro motivo de voltarmos? — Questiono, assim que a porta do carro se fecha e temos um segundo antes que Tobiah e o motorista nos alcancem.
— Estava na programação.
— Não é verdade, tínhamos mais um dia, no mínimo. Algo deve ter acontecido.
— Além do seu sumiço, quer dizer?
Antes que eu tenha a chance de abrir a boca, Tobiah abre a porta do passageiro seguido do motorista e ambos ocupam os bancos da frente, como não existe nenhum bloqueio para garantir a nossa privacidade, opto por manter a boca fechada.
Eu não sei quanto tempo passa, mas no terceiro sinal, meu padrasto se curva sobre meu corpo e propõe uma troca justa.
— Que tipo de troca? — Pergunto, as sobrancelhas unidas.
— Um segredo por outro. — Ele diz, o hálito quente soprando contra a pele do meu pescoço.
Segredo.
Os envelopes ainda estão na minha bolsa, considerando que não tive muito tempo além de minutos para me arrumar e alcançar Zé na recepção do hotel, o apartamento de Ari preenche as minhas memórias e tenho que empurrar o nó na garganta e disfarçar para que ele não perceba.
— E então?
Dou uma olhada nos dois homens a frente, demorando dois segundos a mais no meu segurança e inclino a cabeça para meu padrasto, surpreendida pela proximidade e olhar que me dá.
O que ele estava falando mesmo?
Ah, claro.
Um segredo por outro.
— Devo barganhar? — Acrescento um sorriso no fim da pergunta, torcendo para que a ação seja o suficiente para distraí-lo do pensamento de tirar qualquer informação de mim.
