Conserto o laço da parte debaixo do meu biquíni, dando dois nós, ao invés, de um antes de apertar e finalizar. O óculos escuro que estou usando escorrega do meu rosto e fica suspenso na ponta do meu nariz, quando ergo a cabeça para ajeitar, encontro os olhos de Zé estreitos na minha direção. Ainda não conversamos sobre ontem a noite ou as consequências dela, mas estou ciente do seu olhar me seguindo a cada passo essa manhã, só espero que os empregados, melhor, Justine, não tenha reparado também. A mulher me odeia e demiti-la nessas circunstâncias, com ela desconfiando que estou tendo um caso com o marido da minha mãe, seria burrice. Mesmo que não seja verdade.
Engana-me que eu gosto. Minha consciência pontua e aperto minhas coxas juntas, empurrando o pensamento para longe.
Eu controlo minhas ações.
Repito mentalmente o velho mantra que aprendi em um vídeo de autoajuda.
Meu padrasto decidiu trabalhar de casa hoje e estou a um passo do surto.
Os raios solares aquecem meu corpo, estou metade na piscina e metade fora, com a cabeça deitada na borda, usando meus braços como travesseiros.
— Precisa de algo? — Zé pergunta, tirando os olhos da tela do notebook e os depositando em mim. Contraio as sobrancelhas.
— Você não vai para a empresa? — Indago, de repente sentindo minha boca seca. Ele move o canto dos seus lábios para cima e apoia os dois cotovelos na pequena mesa.
— Minha presença incomoda? — Mudo de posição, apoiando as costas na borda da piscina e encarando o céu quase sem nuvens. Dou de ombros.
— Não foi isso que eu quis dizer, você sabe. Só é estranho.
— Por que é estranho? — O encaro sem muita paciência, começando a concluir que estar apenas enrolando. Ou, talvez...
— Você nem gosta de sol. — Rebato, ignorando o som de indignação que libera.
— Na lei 2848/40 do art. 138 do código penal da nossa constituição é tido como difamação e injúria aquilo que ataca a honra objetiva e subjetiva do sujeito. — Fala, mostrando-me os dentes alinhados.
Abaixo o óculos e lhe dou um olhar que diz: sério, cara?
Zé solta uma gargalhada nasalada e fecha o notebook, reunindo os papéis que estavam espalhadas pela mesa e os guardando numa pasta preta.
— Estou dando uma pausa, boneca. Acabei de chegar de uma viagem de negócios e eu sou o chefe, lembra? — Resmungo qualquer coisa e ele volta a sorrir. O homem está todo sorridente hoje. — Onde estão suas amigas? — Pergunta após um momento de silêncio, empurrando a cadeira para trás e se levantando. Pisco algumas vezes quando percebo que veste um short curto e de tecido fino, um tecido que marca todo seu volume. Mesmo que a água abrace metade do meu corpo, sinto um calor crescer.
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NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDO
RomanceMeu padrasto, José Luiz Maldonado é aquele para quem corro quando as coisas ficam difíceis. Meu protetor, meu melhor amigo, o herdeiro de uma grande fortuna e o único homem que não posso ter. Porém, nem mesmo ele conseguirá salvar-me dessa vez. Ni...