Capítulo 27

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Conserto o laço da parte debaixo do meu biquíni, dando dois nós, ao invés, de um antes de apertar e finalizar

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Conserto o laço da parte debaixo do meu biquíni, dando dois nós, ao invés, de um antes de apertar e finalizar.  O óculos escuro que estou usando escorrega do meu rosto e fica suspenso na ponta do meu nariz, quando ergo a cabeça para ajeitar, encontro os olhos de Zé estreitos na minha direção. Ainda não conversamos sobre ontem a noite ou as consequências dela, mas estou ciente do seu olhar me seguindo a cada passo essa manhã, só espero que os empregados, melhor, Justine, não tenha reparado também. A mulher me odeia e demiti-la nessas circunstâncias, com ela desconfiando que estou tendo um caso com o marido da minha mãe, seria burrice. Mesmo que não seja verdade.

Engana-me que eu gosto. Minha consciência pontua e aperto minhas coxas juntas, empurrando o pensamento para longe.

Eu controlo minhas ações.

Repito mentalmente o velho mantra que aprendi em um vídeo de autoajuda.

Meu padrasto decidiu trabalhar de casa hoje e estou a um passo do surto.

Os raios solares aquecem meu corpo, estou metade na piscina e metade fora, com a cabeça deitada na borda, usando meus braços como travesseiros.

— Precisa de algo? — Zé pergunta, tirando os olhos da tela do notebook e os depositando em mim. Contraio as sobrancelhas.

— Você não vai para a empresa? — Indago, de repente sentindo minha boca seca. Ele move o canto dos seus lábios para cima e apoia os dois cotovelos na pequena mesa.

— Minha presença incomoda? — Mudo de posição, apoiando as costas na borda da piscina e encarando o céu quase sem nuvens. Dou de ombros.

— Não foi isso que eu quis dizer, você sabe. Só é estranho.

— Por que é estranho? — O encaro sem muita paciência, começando a concluir que estar apenas enrolando. Ou, talvez...

— Você nem gosta de sol. — Rebato, ignorando o som de indignação que libera.

— Na lei 2848/40 do art. 138 do código penal da nossa constituição é tido como difamação e injúria aquilo que ataca a honra objetiva e subjetiva do sujeito. — Fala, mostrando-me os dentes alinhados.

Abaixo o óculos e lhe dou um olhar que diz: sério, cara?

Zé solta uma gargalhada nasalada e fecha o notebook, reunindo os papéis que estavam espalhadas pela mesa e os guardando numa pasta preta.

— Estou dando uma pausa, boneca. Acabei de chegar de uma viagem de negócios e eu sou o chefe, lembra? — Resmungo qualquer coisa e ele volta a sorrir. O homem está todo sorridente hoje. — Onde estão suas amigas? — Pergunta após um momento de silêncio, empurrando a cadeira para trás e se levantando. Pisco algumas vezes quando percebo que veste um short curto e de tecido fino, um tecido que marca todo seu volume. Mesmo que a água abrace metade do meu corpo, sinto um calor crescer.

NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora