O amor é como um livro, você sempre começa com expectativas, aprende tudo sobre os personagens, fantasia vários finais felizes e no fim, descobre que o mocinho era o vilão. E sabe o quê? As evidências sempre estiveram lá, nós apenas as ignoramos.
Com Ariel Bragantino você nunca sabia que lado estava, bem ou mal, mas eu nunca quis realmente pensar sobre isso, quis?
Eu junto as sobrancelhas, sentindo minha boca seca e encaro a pequena loira. Tilly pisca, parecendo ansiosa demais para se manter parada.
A biblioteca parece tão pequena agora. Eu preciso de mais espaço e ar.
Você acha que alguém teria motivos para matar minha irmã?
A frase ressoa na minha mente e pesa uma tonelada, mas não menos que a resposta que ela me deu.
"Todos vocês são culpadas."
— Você acha mesmo isso? — Rebato, ainda tentando compreender como a pergunta surgiu. Ela não pode simplesmente ter acordado e pensado sobre isso, algo deve ter acontecido e estou indo cavar esse buraco mais fundo.
— Minha irmã e eu nunca fomos próximas. — Fala e mesmo que tente disfarçar, noto que admitir isso em voz alta a machuca. — Mas acho que não, apesar da personalidade manipuladora, Ari sempre encontrou um jeito para que gostassem dela. — Acrescenta e quase posso afirmar que a última parte foi dita com desdém.
— Então, por que está pensando sobre isso? — Dou mais uma olhada na direção do casal e volto minha atenção para ela.
— Vocês eram melhores amigas, suponho que dividiam segredos. — Fala, o tom moderado, quase como se estivesse conduzindo um interrogatório e precisasse sondar alguns pontos importantes antes de ir direto para acusação.
— Sim, nós fazíamos. — Digo, mesmo sem ter a certeza que ela esperava ou quisesse receber uma resposta.
— Andei lendo sobre os motivos que levam uma pessoa a cometer suicídio. —Pausa, sondando minha expressão. — Elas costumam dar sinais.
Sim.
— Onde quer chegar?
— Minha irmã nunca demonstrou indício de depressão, Nora. O aposto disso, na verdade. Ariel emitia essa luz que aquecia todos ao seu redor e os conquistavam com sorrisos.
— Sorriso não equivale à felicidade, Tilly. Você sabe, às vezes ele pode ser uma camuflagem.
— Camuflagem? — Ela arqueia uma sobrancelha.
— O mesmo que máscara. Nós duas não podemos afirmar como Ariel se sentia, o que pensava ou o que ansiava, mas sabemos como ela foi encontrada e a confirmação do legista sobre a causa da morte.
Overdose por medicamentos.
Tilly me olha cética por um momento, depois o brilho muda para decepção e por último, raiva.
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NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDO
RomanceMeu padrasto, José Luiz Maldonado é aquele para quem corro quando as coisas ficam difíceis. Meu protetor, meu melhor amigo, o herdeiro de uma grande fortuna e o único homem que não posso ter. Porém, nem mesmo ele conseguirá salvar-me dessa vez. Ni...