Capítulo 23

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Enrolada dos pés ao pescoço, passo a corrente fina que encontrei no túmulo de  Ari entre meus dedos

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Enrolada dos pés ao pescoço, passo a corrente fina que encontrei no túmulo de  Ari entre meus dedos. O pingente em formato de coração brilha mesmo na escuridão do quarto, na verdade, não é um coração completo, apenas a metade de um, a outra parte se encontra no meu pulso, pendurado a minha pulseira. Um diamante. Demorei para pegar a joia entre as flores após descobrir o que era, porque, sinceramente, não faz o menor sentido. Essa é a mesma pulseira, o mesmo nome entalhado na parte interna, a mesma falha próxima ao feixe que ela enfatizou ser o toque de originalidade primordial, só que não é possível.

 Ariel me disse que a perdeu dois anos atrás.

Então, como isso é possível?

Acabo caindo no sono, acordando com mais de cinco ligações perdidas de Saulo, praguejando ao perceber que furei novamente com ele e dessa vez sem explicação. Envio-o uma mensagem fofa e aguardo dois minutos até que a resposta não vem. Deixo o celular de lado e sigo para o banheiro, espero até que o vapor tome conta do ambiente e tomo banho.

Uma mensagem chega no meu celular quando estou acabando meu café e o nome de Zé aparece, avisando que seu voo sofreu alterações e chegará amanhã às 20:00.

Quando acordo na manhã seguinte, tenho certeza de duas coisas, a primeira é que o encontro com Saulo foi melhor que eu imaginava, apesar de não termos ido além de um beijo sem língua na porta de casa e a presença do meu segurança não ter passado despercebida por nenhum de nós dois. Felizmente ele não fez perguntas a respeito. Contudo, estou ciente que Tobiah manteve o chefe informado, então evitei olhar o celular pelo resto da noite.

 A segunda coisa é que precisarei lidar com Zé de qualquer jeito, mas posso tardar e opto por isso, vou para o hospital visitar mamãe e fico até de noite, ligando para Talía em seguida.

— Você está bem? — A olho com cuidado, apertando o cinto em volta do meu corpo.

— Por que não estaria? — Me olha de canto, regulando o espelho retrovisor e aperto os lábios um no outro. Seus olhos estão vermelhos, quero dizer, mas não o faço.

— Fui ao cemitério ontem. — Sua testa franze, porém não diz nada e resolvo continuar, inclinando o pescoço até que tenha uma visão ampla do seu rosto. — Encontrei Bárbara na recepção, o pai dela é dono do lugar, você sabia? — Indago e não perco os dedos pressionando com mais força o volante. Ela solta um chiado, que pode muito bem ter sido um xingamento e alinha nosso olhos.

— Não.

— Você a chamava de princesa dos defuntos. — A lembro, dando algumas piscadas estratégicas para tudo parecer casual, eu até mesmo adoto um tom suave e desvio o olhar para as minhas unhas.

— Sim, mas isso não significa que tenho a lista de cemitérios que o pai dela é dono! — Rosna e estalo a língua, revirando os olhos para descontrair.

NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora