Capítulo 40

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— Essa é minha punição? — Pergunto e Zé ergue meu queixo com um dos seus dedos,  trava nossos olhos e passa a língua pelos lábios

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— Essa é minha punição? — Pergunto e Zé ergue meu queixo com um dos seus dedos,  trava nossos olhos e passa a língua pelos lábios.

— Meu deleite. — Suaviza a voz, raspando o polegar pelo meu lábio inferior. Um gemido me escapa e ele solta um som de satisfação. — Eu queria ter tido uma dança com você no aniversário da Bárbara. — Revela e exalo surpresa. Ele queria? Eu pensei nele vindo até mim o tempo todo, por isso, fiquei com raiva quando o vi dançar com aquela mulher. — Havia muitos olhos. — Acrescenta, quase como se soubesse meus pensamentos e quisesse refreá-los.

Inclino a cabeça de encontro a sua mão.

— Eu sei. — Suspiro.

— Você dançou com outro homem. — Sua mão desce até meu pescoço e se fecha. — O exibiu para todos. — Ele aumenta a pressão até que fica difícil respirar.

— Zé...

— Eu estava me controlando, boneca. Mantive o decoro o tempo todo e até dancei com Geneva.

Geneva.

Faço uma careta de desgosto.

Essa é a amiga de mamãe que esteve grudada nele a festa toda, a única que ele dançou. Apenas a menção do nome dela me faz querer empurrar a mão dele para longe, mas não o faço, opto por outro caminho. Um mais saboroso.

Abro um sorriso largo.

— O nome dele era Kato. — Digo e posso sentir seus dedos afundarem na pele da minha garganta lentamente. Oh. — O moreno com quem dancei, quero dizer. — Consigo falar, embora minha voz esteja sumindo devido ao seu agarro.

— Eu sei quem ele era. — Meu corpo fica aguçado com a maneira que diz as palavras, não tentando esconder sua raiva. É isso que somos no fim das contas, dois traidores masoquistas. Eu empurro e ele revida. — Jogada errada, aliás. De todos naquele salão, ele foi sua pior escolha.

Umedeço os lábios, me divertindo, ao invés, de correr para longe.

— Mesmo?

— Pode apostar. — Seu rosto está a milímetros do meu e mesmo com a pouco luz, posso distinguir os sentimentos difusos que sua expressão espelha. Ele já deixou claro que não carrega a mesma culpa que eu desde que nos beijamos, pelo contrário, aliás. José Luiz parece pronto para me consumir a cada olhar que trocamos, embora ele tente se controlar.

O erro sou eu.

Mesmo aqui, pingando de excitação para ele, vestindo apenas minha calcinha transparente quero negar a conexão que temos e me esconder embaixo das cobertas. É a culpa, sempre é ela. A maldita.

— Serei recompensado, no entanto. — Fala, afrouxando o aperto para logo apertar depois com mais força. Meus olhos quase saltam do lugar quando ele aperta meu nariz e impede a entrada do ar. — Vou ganhar um show particular, certo? — Estapeio sua mão e ele cede, acariciando minha nuca como se eu fosse seu animal de estimação.

— Não! — Grito quando recupero o fôlego e voz. Ele ri suave e tira a mão do meu pescoço. A parte doente em mim, aquela que ama a escuridão e esses pequenos momentos estranhos, geme frustrada.

— Combinado é combinado, querida. Você pulou uma pergunta e agora será punida.

— Não.

— Mude a atitude, Nora. Somo adultos. — Enrolo os lábios em um bico ensaiado, o olho de lado e cruzo os braços. — Não vai adiantar, estou pensando com a cabeça debaixo. — Murmura, pairando sobre a minha cabeça como o rei. Torço o nariz e levanto da cama. Ele me agarra pelos quadris e bate minhas costas contras seu peito. Gemo pelo impacto.

— Por que fez isso? — Dou uma cotovelada em sua costela e ele assume o controle, agarrando meu cabelo pela nuca.

Argh!

— Você acha que estou brincando, boneca?

— Você acha que eu estou? — Transfiro a pergunta, tentando uma nova cotovelada. Ele assobia e presumo que sou mais forte do que imaginava. — Solte-me.

— Se eu não soltar? — Provoca, chupando o lóbulo da minha orelha antes de morder. Pressiono os lábios em linha reta para conter o gemido. Ah! Isso é frustrante. — Estou falando para você, mude a atitude. — O ignoro e piso no seu pé. Ele rosna e nos cola um no outro.

Eu fecho os olhos por um momento, me permitindo sentir o calor do seu corpo, a água restante da chuva pingando do seu cabelo direto para o meu ombro, sua dureza pressionando contra minha bunda. Fujo para dentro da minha cabeça, tranco a porta com todos os meus segredos e culpa e volto para ele.

— O que vamos fazer se mamãe acordar? — Me pego fazendo a única pergunta que não pude manter guardada.

Seu corpo fica tenso por uma fração de segundos até que não estar mais. Ele me vira, tomando cuidado para que nossos olhos fiquem em linha reta e acabo suspirando. Ele é tão lindo de perto, de longe também, de todos os ângulos, mas dessa curta distância posso distinguir melhor a cor das suas íris, é cinza, como o que resta do papel quando você toca fogo.

Fogo.

Cinzas.

Isso é uma dica? Ele com certeza vai me consumir até que não sobre nada.

Você não é a mocinha indefesa. Minha consciência pontua.

Sorrio.

Não, eu não sou.

O gelo também queima, apenas de uma maneira diferente.

— O que você quer que eu diga?

Pisco.

Eu não tenho uma resposta pronta.

— Nada. — Sussurro, inspirando um pouco do seu cheiro. Fumaça e limão.

Ele gosta de charutos com essência.

Suas mãos descem pelas laterais do meu corpo, parando na curva do meu quadril e agarrando as bochechas da minha bunda.

— Estou com você, Nora. Aqui e agora, eu sou seu.

AQUI E AGORA.

As palavras são como farpas e me fazem sangrar por dentro.

O futuro é incerto para nós dois.

O que temos é esse momento, o agora. Eu o agarro, no entanto. Se esse é o nosso começo e fim serei como uma montanha-russa em sua memória, vou levá-lo tão alto que até mesmo a queda será perfeita. 

Minha respiração acelera com a perspectiva, quase como se eu estivesse correndo. Coloco as mãos em ambos os lados do seu rosto e fico na ponta dos pés, quando nossos lábios se tocam eu posso sentir o gosto do proibido. O beijo é ainda melhor que o primeiro, lento no início e voraz no fim.

Ele morde meu lábio inferior e então eu retribuo. 

— Eu não sei como lidarei com esse sentimento depois, mas quero ser consumida por ele agora. Quero queimar, José Luiz. Apenas, queime comigo. — seu aperto na minha cintura intensifica e pode sentir o gosto metálico na minha boca, gosto de sangue. Ele me mordeu, provou e mim e quer mais. 

— Você é minha.

—  E você é meu.

—  Apenas hoje. — ele murmura contra meus lábios.

— Até que o fogo nos consuma. — respondo de volto. 

NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora