Capítulo 15

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Circundo a letra J com calma, apreciando o contorno elegante da caligrafia firme e tento não me deixar influenciar pelas palavras doces

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Circundo a letra J com calma, apreciando o contorno elegante da caligrafia firme e tento não me deixar influenciar pelas palavras doces. É só mais um bilhete, Nora. Repito e repito sem parar. Mas não, esta é uma confissão de culpa por ontem.

Ontem.

Exalo.

Eu gostaria de esquecer o ontem por tantos motivos diferentes que me recuso a ficar remoendo esse em específico, mesmo que ele tenha lábios deliciosos e uma língua surpreendentemente habilidosa. Argh!

Simplesmente esqueça, garota.

Dobro o papel até que se torne um pequeno quadrado e o guardo embaixo do meu travesseiro, apenas no caso de que o queira ler novamente mais tarde. Em seguida, levo o olhar até a rosa roxa, deixada ao lado da minha cama em algum momento entre a madrugada e essa manhã com o bilhete e me permito suspirar pela delicadeza do gesto. Um lembrete de: Oh, posso te fazer e te dar coisas especiais. Isso só dura o suficiente até que eu lembre que este é o marido da minha mãe e o beijo de ontem deve ser esquecido. O beijo que iniciei. O beijo que ele retribuiu.

Empurro a memória de volta para o quarto escuro em minha mente e forço um apagão, mas basta fechar os olhos para sentir o formigamento. Seus dedos passeando entre meus fios, a respiração quente contra meu couro cabeludo quando descansei a cabeça em seu peito e respirei seu cheiro. A mão possessiva na minha cintura, forçando nossos corpos a se encaixarem mesmo que a posição não fosse a ideal.

Não. Não. Não.

Afasto a rosa e decido que é hora de deixar a cama, mesmo que isso signifique sentir dor. Tenho problemas para resolver, sendo bem específica, tenho que encontrar Tilly Bragantino e averiguar quem, além de Estevão, tinha uma foto sua em roupas íntimas e motivos para destruir sua reputação. 

Coloco o pé direito no chão, sabendo que o usarei como apoio por um tempo e movimento minha perna esquerda com cuidado, massageando a parte posterior da coxa. Um gemido deixa meus lábios e pressiono minhas unhas na carne, uma tentativa de desviar a atenção do cérebro. Acontece que me causei uma lesão muscular enquanto corria para limpar a mente, um pouco depois de Samantha Bragantino deixar minha casa. Felizmente, sua ida nada tinha com a foto seminua da filha exibida em todas as mídias sociais. Contudo, foi difícil contornar os olhos úmidos e assustados da menina, tenho certeza de que ela não acreditou em única palavra do que dissemos. Mas, definitivamente, tenho coisas maiores para resolver.

NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora