A construção em formato retangular e aparência medieval parece ser mais uma obra gótica, mas não é. Falta a comoção, entrega, os detalhes sombrios que geralmente causam mais arrepios do que deveriam e paixão, sim, nada nesse lugar me passa paixão. Puxo uma longa respiração, afastando meus olhos da estrutura para examinar a entrada de duas portas, o design é antigo e contém crianças com asas de anjos entalhas na madeira, duas delas estão prostradas ao pé de um altar com um livro aberto enquanto as demais apenas observam. Tenho certeza que a imagem ficará guardada na minha cabeça e pensarei sobre ela quando estiver tentando dormir hoje a noite, na verdade, a cena é familiar. De qualquer maneira, balanço a cabeça para afastar o pensamento e foco na minha missão.
Subo cada degrau da escada de cinco batentes com a respiração presa, recapitulando o texto que criei para recitar a qualquer pessoa que questione minha presença, eu também fiz uma breve pesquisa na internet sobre o prédio no caminho para cá, gravei a quantidade de andares, apartamentos, elevadores e escada de incêndio. Eles também tinham a lista de moradores, mas não encontrei o nome de Ari, então pensei que Tilly estivesse errada sobre o endereço do lugar, mas retrocedi quando lembrei que o sobrenome Bragantino é conhecido internacionalmente devido o caso de tráfico que Samantha foi a juíza e que talvez a morte da minha melhor amiga tenha repercutido por aqui, levando o proprietário do prédio a entrar em contato com a família e recebendo a ordem para colocar o apartamento a venda.
Talvez, Tilly tenha compartilhado essa informação tarde demais.
Muito provável.
— Vamos lá. — Digo a mim mesma, batendo o punho contra a madeira requintada e visivelmente grossa. Quando percebo que ninguém está vindo, exalo e procuro por um interfone ou campainha. A voz grave e masculina me faz tombar um degrau para baixo, mas consigo recuperar meu equilíbrio antes de encontrar o chão. — Eu.. ãn — Fecho os olhos. — Sou Ayla Vangrov, a design de interiores contratada pela moradora do 12.
Que ele acredite. Que ele acredite. Que ele acredite.
Silêncio.
— Não existe moradora no 12, senhorita. — O timbre continua o mesmo, porém identifico desconfiança na maneira como pronuncia as três últimas palavras. Eu limpo a garganta e resolvo não continuar arriscando no francês quando insisto que fui contratada e falo o nome de Ariel, eu vi no site deles que o avô do dono era brasileiro, então alguns dos funcionários do lugar são brasileiros e torço para que ele seja um deles. — Ari me contratou devido a nossa amizade. — Acrescento e ouço passadas, até que a porta se abre e um homem na faixa etária dos cinquenta aparece, ele usa roupagem comum, blusa de frio com mangas longas no tom verde, calça jeans de lavagem escura e sapatos de grife, tenho certeza que são um Dandelion, a linha masculina exclusiva de Christian louboutin. O que é estranho, considerando o quão caro eles são.
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NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDO
Lãng mạnMeu padrasto, José Luiz Maldonado é aquele para quem corro quando as coisas ficam difíceis. Meu protetor, meu melhor amigo, o herdeiro de uma grande fortuna e o único homem que não posso ter. Porém, nem mesmo ele conseguirá salvar-me dessa vez. Ni...