O que você está escondendo de mim?
Essa é a pergunta de milhões.
Ela quer saber o que estou escondendo dela? Muitas coisas.
Mas ainda não estamos prontos para essa conversa, não posso despejar a minha escuridão se ela é incapaz de compartilhar a própria, embora eu duvide que os seus segredos sejam piores que os meus, provavelmente vou perdê-la quando revelar a verdade da nossa volta, mas continuo disposto a arriscar.
De qualquer maneira, ainda quero descobrir quem eram os caras que a seguiram na saída do hospital.
— Você sabe que é a pessoa mais importante para mim, certo? — Seu olhar fica nublado, caindo para a bolsa em seu colo. Toco sua bochecha, acariciando a pele macia com o polegar.
— O que isso significa? — Pergunta, prendendo o lábio inferior entre os dentes. Eu quero morder ele agora mesmo, na verdade, quero trazê-la para o meu colo, dispensar os dois homens no banco da frente e entrar nela até que seus lábios gritem o meu nome.
— Que eu faria qualquer coisa por você, Nora. —Um momento de silêncio, então ela olha para Tobiah e enrola seus dedos nos meus.
— Qual o motivo real da nossa volta, Zé?
Zé.
Lembro-me da primeira vez que ela me chamou assim, no começo, pensei que ela me chamaria de pai ou algo do tipo, acreditei que em algum momento isso aconteceria. Não aconteceu. Graças a Deus, por isso.
— Vai me contar quem eram os caras que te perseguiram naquela noite?
Uma pausa.
— Eu não sei quem eles eram. — A voz fraca, repicada em pequeno sinais de verdade, me pegam desprevenido. Eu me endireito no assento, forçando nossos corpos o mais próximos possível um do outro.
— Não sabe? Isso é verdade? — Ela balança a cabeça em negação.
Isso não deve ser possível. Todas às vezes que a questionei sobre eles no passado, ela encontrava uma maneira de desviar o assunto. Ela está escondendo informação, mas o quê e por qual motivo?
— Nora.
—Não, Zé. Estou falando sério, não sei quem eram aqueles homens, mas acredito que tem ligação com Ari.
Por um segundo, concentro-me no movimento rítmico do seu peito. Ela está nervosa, o que significa que está falando a verdade.
Ari.
Ariel Bragantino.
Eu preciso de uma pausa para pensar e ligar os pontos.
Coloco a palma da mão no seu peito, sentindo os seus batimentos cardíacos acelerados. Uma olhada pela janela e percebo que estamos chegando no residencial, bom, essa conversa precisa ser privada. Eu também tenho algo importante para falar com ela.
— Por que você acha isso? — Sussurro, aproveitando a nossa proximidade.
Ela passa a língua entre os lábios secos e junta as sobrancelhas.
— Eu não sou a garota pura que você pensa, eu fiz algo errado no passado, nós fizemos, as meninas e eu. Bem, acho que estamos prestes a acertar as coisas. —Ela fala por enigmas, mas sou experiente e reconheço o olhar perdido que mantém em seu rosto. Minha garota está apavorada e quero saber quem é o responsável.
— Olha para mim, baby. —Peço, erguendo cuidadosamente sua cabeça e encaixando os nossos olhares. O incêndio na nossa casa tem ligação com o seu passado? —Questiono, eu venho desconfiando da ligação desde que o bombeiro informou-me que o fogo começou em seu quarto, para mim, pareceu um recado. E então, ela me conta, fala sobre a ligação que recebeu no dia do aniversário de Bárbara e de como pensou que estava sendo seguida no cemitério, quando foi visitar o túmulo de Ariel. Ela me diz muito, mas ainda parece que ela esconde tanto.
Envolvo sua mão com a minha, percebendo que acabamos de cruzar o portão do residencial e estamos estacionando na garagem de casa. Tobiah é o primeiro a descer, abrindo o lado da porta dela, enquanto um dos meus seguranças abre a minha. Isso faz-me pensar no motivo pelo qual o contratei, eu já queria fazer isso há algum tempo e aproveitei-me do episódio de perseguição para persuadi-la, mas a verdadeira razão é pior.
— Eu acho que alguém matou Ari.
— O quê?
—Ela nunca se mataria, você a conhecia. Ariel colocaria fogo no mundo antes de se entregar e desistir.
Pondero suas palavras.
— Mas você tem algum fato concreto que explique sua desconfiança? Desconfia de alguém?— Ela se inclina na minha direção, olhando para o banco da frente. — Eles não estão ouvindo. — informo.
Nora suspira.
— Nós matamos alguém no passado, então eu acho... eu acho que alguém quer se vingar.
Nós matamos alguém.
Eu não desvio meu olhar do seu, embora ela tente mover sua cabeça para o lado.
— Você matou alguém?
— Senhor. — Um dos meus seguranças fala, indicando de forma discreta o telefone em suas mãos. Pego ao parelho da sua mão e giro para encarar Nora, ela ainda tem o semblante tenso, meio perdido, quase como se ela estivesse presa em alguma lembrança.
— Descanse, querida. Preciso ir para resolver algor importante, mas volto rapidamente e vamos conversar sobre isso.
Beijo sua testa, me demorando mais que o indicado e saio.
A próxima coisa que escuto é a voz do médico.
O médico que cuida da mãe dela.
Porque houve uma mudança no quadro da minha mulher e preciso agir rápido.
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NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDO
RomanceMeu padrasto, José Luiz Maldonado é aquele para quem corro quando as coisas ficam difíceis. Meu protetor, meu melhor amigo, o herdeiro de uma grande fortuna e o único homem que não posso ter. Porém, nem mesmo ele conseguirá salvar-me dessa vez. Ni...