Capítulo 59

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Minhas pálpebras pesam, mas com algum esforço consigo abri-las

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Minhas pálpebras pesam, mas com algum esforço consigo abri-las.

Um braço forte e masculino está descansando sobre meu estômago, então não consigo movimentar meu corpo e sair da cama, quando giro a cabeça para o lado percebo que se trata de Zé, cada parte minha relaxa. Seus olhos estão fechados e parte do seu rosto escondido pelo lençol, puxo o tecido para baixo e escovo com os dedos o cabelo que lhe cobre a testa para trás, me inclino sobre ele, não resistindo e tocando sua boca com a minha. Ele grunhe, se contorce, mas não acorda.

Em um movimento planejado, consigo me livrar do seu aperto e deixar o colchão, mas não antes de beijar sua boca mais uma vez. Eu quase me sinto aquela menina de dezenove anos, o único ponto é que não sou ela.

Percorro nas pontas dos pés o caminho até a janela, empurrando as cortinas brancas até obter uma visão limpa da rua, que, na verdade, se trata de uma das avenidas mais movimentadas de Paris. Inspiro o ar frio, espiando sobre o ombro o homem adormecido e lembrando das perversidades que ele sussurrou antes que eu adormecesse em seus braços. Tê-lo dentro de mim é como experimentar um tipo novo de adrenalina, uma explosão que entorpece meus sentidos e raciocínio, quando José Luiz me toca converte todos os cenários ruins na minha mente em algo bonito. Estar com ele aqui é um sonho, mas que infelizmente vai acabar e quando isso acontecer, os pesadelos serão os únicos ocupando minha cabeça.

Pesadelos reais.

Respiro fundo, colocando minha cabeça para fora da janela e checando a movimentação dos pedestres. Nós não saímos para um encontro depois da noite que encontramos Alfredo, eu também não citei o nome do homem ou perguntei se ele havia o visto depois. Sinto que parte disso é minha culpa, a presença do padrinho de Ari não foi o estopim para o meu mau humor, mas ele teve sua parcela. Encontrá-lo me lembrou de mamãe, me fez pensar no quão suja sou por fazer isso com ela e principalmente enfatizou o fato de que sou um segredo na vida do homem que amo, independente do que Zé diga. Ele e minha mãe são o casal, eu sou a outra. A amante.

Afogo os pensamentos antes que eles ganhem forças e foco nos prédios ao meu redor, a beleza desse país está longe de ser ressaltada, até os turistas parecem menos turistas e mais como atores e atrizes em um dia de folga. Certo, eu não sei de onde acabei de tirar isso, contudo faz sentido. Esse é o lugar para a arte. Seria o lugar que eu escolheria se fosse uma artista, pelo menos. Pintar, escrever, dançar, atuar,criar com uma vista dessa é uma experiência para ser acrescentada no currículo e na vida.

No entanto, a medicina me chamou. Salvar pessoas também é arte.

Abro um sorriso com a ideia, pensando no futuro pela primeira vez em muito tempo. Sim, serei cirurgiã. A melhor. Pelo vovô.

Por mim.

Meu celular apita quase ao mesmo tempo que uma melodia suave ecoa da rua, uma olhada e vejo um grupo de jovens iniciando o que parece ser aulas de valsa ao ar livre, eu nem sei se este é o tipo comum de dança por aqui, mas aposto que muitos dos pares, se não todos, são casais. Desvio minha atenção do professor, que ensina os passos sem um parceiro, rodopiando uma garota invisível enquanto observa os homens fazerem os mesmos com seu par para a tela do meu celular, clicando na notificação de uma das minhas redes sociais, sendo direcionada direto para a conversa privada de Isadora.

Não pode ser.

Minhas pupilas ampliam.

Essa é Tilly e Guto?

Amplio a foto que Isa me enviou, constatando que se trata de Guto, mas não tendo certeza se a loira em seus braços é a irmã caçula de Ariel.

Eles vão se casar. Minha consciência lembra da fala de Guto.

Nora: Quem é a garota? Digito e envio para Isa.

Ela fica online, depois sai e volta a ficar online novamente. Tudo em um minuto. Meus olhos continuam estudando a imagem.

Isadora: Uma ninguém.

Franzo o cenho.

Nora: O que isso significa?

Isadora: Não é ninguém que conhecemos, uma modelo qualquer. Quando você volta?

Dou mais uma olhada em Zé, digito um "logo" para Isa, baixo o vidro da janela, fecho as cortinas e vou para o banheiro. Eu nem sei quanto tempo dormi, mas já está anoitecendo e preciso aproveitar para checar o apartamento de Ariel. Tilly disse que a chave estaria embaixo de algum vaso ou estátua estranha, sua irmã tinha essa mania. Ela amava guardar coisas em lugares óbvios.

Lugares óbvios!

Como eu não pensei nisso antes? O antigo armário que Ari usava para guardar alguns livros na faculdade continua sendo dela, ninguém mexeu ou fez questão de obtê-lo após sua partida. Ninguém da administração exigiu que algum familiar fosse fazer a retirada dos seus pertences, porque todos quiserem dar tempo a família Bragantino para lidar com o luto, entregar as coisas da filha em uma caixa não seria gentil.

Sem esperar, encerro o banho e me enrolo em uma toalha. Pego o celular que deixei em cima da pia e mando mensagem para Isa verificar o armário de Ari.

NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora