Capítulo 4

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Estaciono de frente ao colégio Aqualtune, o único dentro do condomínio e observo todas as mudanças visíveis no pequeno prédio, enquanto tento não prestar atenção na caçula Bragantino e na sua falta de jeito com o cinto de segurança

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Estaciono de frente ao colégio Aqualtune, o único dentro do condomínio e observo todas as mudanças visíveis no pequeno prédio, enquanto tento não prestar atenção na caçula Bragantino e na sua falta de jeito com o cinto de segurança. Ela me olha em um pedido de desculpas, solta um chiado e consegue se libertar. Seguro uma risada e me questiono sobre nunca ter reparado nessa sua característica. Não é como se eu fosse presente em sua vida antes, todas as minhas idas a sua casa tinham como principal razão Ariel, mas Tilly sempre esteve lá, não é? Mesmo que fechada em seu pequeno mundo, a menina sempre esteve por perto.

—Tchau.

Seguro sua bolsa pela alça e a impeço de sair.

— Sobre o que aconteceu essa manhã...— Paro, tentando encontrar uma maneira de ser persuasiva e não ameaçadora. — Talía está tendo alguns problemas e a cena de hoje foi um momento isolado.

— Ela usa drogas. — Me surpreende ao falar e quase engasgo.

— Não é bem isso. —Pondero, dando uma rápida conferida do lado de fora.

— Eu a vi ingerindo algumas cápsulas no banheiro, achei que era comprimido pra enxaqueca, mas não era. — Fecho os olhos.

Que droga, Talía! Você tinha me prometido.

— Vocês não deveriam tê-la tirado da reabilitação. — A menina volta a falar e ganha a minha atenção, mas não de um jeito bom.

Ela está julgando uma das minhas melhores amigas sem ouvir toda a história, bem diferente de sua irmã.

— Não fale o que não sabe, você ainda é muito jovem e possui poucas experiências. Talía passou por muita coisa e não soube como lidar.

Ela estala a língua, revirando os olhos para meus argumentos como uma criança.

Petulante.

— Isso não é desculpa, tanto eu como você também passamos por muito e ainda assim escolhemos seguir por outro caminho. Sua amiga é fraca.— Sua perspicácia e agilidade com as palavras tanto me irritam como intrigam.

Ah, Tilly.

Se você soubesse que me dar como exemplo é uma péssima ideia.

Desligo o rádio que toca em volume baixo e retiro o meu próprio cinto, virando meu corpo na direção do seu, alinhando nossos olhos.

— Isadora e eu vamos cuidar de Talía, mas não a julgue sem saber de todas as partes da história. Você tem razão quando diz que todas nós passamos por momentos difíceis, mas se esquece que cada ser humano é diferente e por isso, também optam por caminhos distintos e o que dói em um pode ser a causa da morte em outro. — Suas sobrancelhas se juntam, seu rosto se torna pensativo e com esse gesto tenho certeza que entrei em sua mente.

Bingo.

Faz um mês desde que Isa e eu fomos até sua casa e a encontramos com o tal professor, mas não faz duas semanas desde que passamos a trocar mensagens com frequência e isso só se deu porque a encontrei sozinha no mesmo hospital que minha está internada. Ela tinha uma queimadura de segundo grau no braço, não era grande o suficiente para causar alarde, mas era feia o suficiente para mexer com a droga do meu instinto protetor. Ela afirmou que se queimou sozinha enquanto testava uma experiência da escola, mas não acreditei em uma palavra.

NOSSO SEGREDO - LIVRO 1. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora