Dois dias depois morando naquela casa e eu não estava conseguindo dormir. E não era porque a cama era dura ou o quarto frio, mas sim porque o infeliz do filho do Damon resolveu dar uma festa enquanto nossos pais estavam fora. Poxa, eu tinha tentado ser legal com ele. Fui simpática e ganhei um monte de grosseria.
A música no primeiro andar estava alta demais e isso só aumentou meu estresse. Eu não tentei falar com ele de novo e achei que isso fosse tornar nossa relação mais aceitável.
Cansada de ficar deitada, vesti uma blusa de frio por cima do meu pijama e sai do quarto. No corredor, levei um susto quando vi dois casais se agarrando como se fosse o fim do mundo.
Pelo menos alguém está vivendo.
Ignorando eles, desci as escadas vendo a bagunça na sala de estar. Nunca vi tanta gente junta assim na minha vida.
Tive que empurrar muita gente para finalmente chegar no corredor que eu acho que levaria até a cozinha. Não tive tempo de explorar muito bem cada cômodo da casa.
Com a musica um pouco mais baixa, notei uma porta no final do corredor. Essa era maior que as outras e a madeira parecia mais resistente e escura.
Antes que eu pudesse entrar, uma voz chamou minha atenção.
- Novamente entrando sem ser convidada? - Bruno, a pessoa mais amável do mundo, falou.
Ele estava do outro lado do corredor e não parecia muito feliz em me ver.
- O que tem aqui? - perguntei.
Seus cabelos estavam um pouco bagunçados como se alguém tivesse passado um tempo considerável segurando os fios. Quero nem imaginar o que ele estava fazendo.
- Não é da sua conta.
Senti vontade de socar aquele rosto perfeitamente agradável.
- Vai morrer se me contar? - insisti.
Ele se aproximou me fazendo sentir o cheiro que estava impregnado na sua blusa. Álcool e fumaça. Apesar disso, também tinha o cheiro dele. Um cheiro muito bom.
- Por que você só não fica longe de onde não foi convidada? Tornaria as coisas mais fáceis. - exclamou, e tirou uma chave do bolso trancando a porta que eu queria entrar.
- Quer falar sobre tornar as coisas mais fáceis? Você está sendo um idiota comigo totalmente de graça. - falei.
Como se tivesse perdido o interesse na conversa, ele começou a caminhar para longe.
- Mais um motivo para ficar longe. - exclamou.
Segui ele não querendo desistir de novo.
- Vamos lá, isso não precisa ser difícil. - falei, andando ao seu lado. - Pelo menos me fala o que tem naquele cômodo e eu te deixo em paz.
Bruno parou de andar como se tivesse considerando minha proposta. No final, suspirou.
- É o escritório do meu pai. Na última festa uns idiotas trouxeram alguns porcos e trancaram os animais lá dentro. - disse, finalmente. - Por isso que tem que ficar trancado.
- Tá falando sério? - questionei, sentindo vontade de rir.
Damon deve ter ficado uma fera.
- Já respondi sua pergunta. Vai para o quarto.
E, rápido assim, ele voltou ao seu normal.
- Meu Deus, você é um imbecil.
Não parecendo se importar, ele voltou a andar me ignorando.
Alguns minutos depois, eu finalmente achei a cozinha. Bebi um pouco de água e peguei alguns pacotes de bolacha. Se é para ficar no quarto, que seja de barriga cheia.
Eu até podia ficar na festa, mas aquele povo não me causava um sentimento muito bom.
Usando o mesmo corredor que tinha o escritório do Damon, estava indo em direção a sala de estar quando vozes chamaram minha atenção. Me aproximei um pouco curiosa para saber do que se tratava o assunto. Dentro do cômodo tinha uma mesa de sinuca e dois sofás que pareciam confortáveis.
- Ela até que é bonita. - um garoto disse, e seu sorriso era até contagiante.
Olhos castanhos e cabelo curto o suficiente para me fazer questionar se ele foi no cabelereiro ontem. Bonito também, mas esse garoto parecia amigável.
- Pode ficar se quiser. - Bruno disse, e vi que segurava um copo transparente. - Quem sabe você ensina ela a ter bons modos.
O amigo dele riu.
- Pra que isso? Ela é sua meia irmã agora. - disse.
- Se meu pai gosta de fazer caridade trazendo uma ninguém para dentro de casa, eu não vou fazer a estadia dela aqui confortável.
Fazer caridade?
Uma ninguém?
Apertei as bolachas com mais força em meus braços e voltei a caminhar em direção ao meu quarto.
Chega de tentar mostrar minha melhor versão.
Joguei os pacotes em cima da cama e peguei meu celular. Sentindo raiva, tive que digitar três vezes até acertar o número certo.
- Polícia, como posso ajudar? - um homem atendeu do outro lado da linha.
Sorri já imaginando a cara do meu irmãozinho.
- Tem uma festa acontecendo na casa da frente e sei que está cheio de menores de idade.
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Ele é o Filho Do Meu Padrasto // Concluído
Teen Fiction(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar tudo que tem, ou que vai ter, por algo que nem planejou sentir? Helena nunca imaginei mudar de país...