Eu estava encarando a rua pela janela do carro quando uma memória surgiu na minha cabeça me fazendo sorrir.
- Você me odiava, né? - perguntei, ainda encarando a janela.
- Como? - Bruno perguntou, parecendo confuso.
Virei meu rosto na sua direção para encarar seu rosto.
- Estou falando de quando fui passar um tempo na mansão. - expliquei. - Você me odiava.
Ele, me olhou rapidamente e depois voltou sua atenção para a rua.
- Eu nunca te odiei. - afirmou.
Tinhamos acabado de sair da festa da Beatriz e estávamos voltando para casa. Apesar de estar pensativa com a proposta dele de ir para a França, eu não achava a ideia ruim.
Qualquer lugar do mundo com o Bruno do meu lado seria bom.
- Fala sério. - eu sorri. - Claro que me odiava.
- Por que acha isso? - perguntou.
- Sei lá, deve ser por todas as coisas que você me disse quando estávamos nos conhecendo. - exclamei.
- Eu não estava contente com aquela situação, e você estava bem no meio dela. - contou.
Sua resposta me fez franzir o cenho.
- Você também não gostava do casamento dos nossos pais? - perguntei, surpresa.
- No começo, eu odiei meu pai por ter colocado uma estranha dentro de casa. Eu não conhecia nada da sua mãe e de repente eles estavam casados. - disse.
- Então, era por isso que você me perturbava? - falei. - Sabe quantas vezes eu tive vontade de jogar você da escada?
Ele olhou mais uma vez na minha direção.
- Tão ruim?
- Péssimo. - respondi.
Bruno parou o carro e quando olhei pela janela, fiz uma careta.
O trânsito estava horrível.
- Vamos passar a noite aqui. - exclamei, desanimada.
Meu namorado encostou suas costas no banco e suspirou parecendo cansado.
- Você devia me fazer uma massagem enquanto isso. - ele disse, me olhando.
- Pra isso eu teria que sentar no seu colo. - falei, e olhei pela janela quando uma moto passou buzinando.
- Não seria um problema. Você faz isso a noite toda. - ele disse, me fazendo encarar seus olhos.
Ele, parecia relaxado enquanto conversava comigo, e isso me deixou feliz.
Hoje mais cedo, não estávamos muito bem, mas agora, as coisas tinham voltado ao normal.
- Sério isso? - perguntei, e apesar da gente conversar sobre sexo, aquilo me deixou sem graça.
- Vai fazer a massagem ou não? - perguntou, novamente.
- Não. Você não está merecendo. - respondi.
- Por que não? - quis saber.
Sem responder sua pergunta, eu peguei meu celular do bolso da minha blusa de frio quando ele começou a tocar.
Era uma mensagem da Beatriz.
"Eu entreguei um presente para o Bruno te entregar. Ele te deu?"
Que presente?
A única aniversariante era ela.
- Beatriz te entregou alguma coisa? - perguntei, voltando a encarar meu namorado.
Bruno andou um pouco com o carro antes de responder.
- Na saída ela me entregou uma sacola. Joguei no banco de trás. - ele contou.
Com isso, eu escrevi uma mensagem para a minha amiga.
"Está com ele. O que é?"
Ela respondeu alguns segundos depois.
"Algo que você vai gostar."
Guardei meu celular e me inclinei para olhar o banco de trás. Depois de ver uma sacola azul, eu estiquei meu braço e peguei ela.
Com a sacola no meu colo, eu abri ela e senti minha pulsação acelerar quando vi o que tinha dentro.
- O que é? - Bruno, perguntou, curioso.
Fechei a sacola e voltei a jogar ela no banco de trás.
- Uma lembrancinha por ter ido na festa.
Ele olhou na minha direção como se estivesse me avaliando.
- Está mentindo. - disso, com muita certeza.
- Você não sabe quando estou mentindo. - afirmei.
- Eu sei sim. - falou. - Você não consegue me encarar quando está mentindo.
É, talvez eu não conseguisse mesmo.
Resolvendo deixar esse assunto quieto, passei o resto do caminho em silêncio. Assim que ele estacionou o carro na garagem do prédio, eu tirei o cinto de segurança.
- Helena... - Bruno, chamou quando viu que eu ia abrir a porta. - Não quero que se sinta obrigada a ir viajar comigo. A gente pode conversar muito sobre isso ainda.
- Não me sinto obrigada. - exclamei. - Eu só quero ficar ao seu lado, não importa onde seja. - fui sincera.
Ele ficou me encarando por alguns segundos e quando achei que não fosse falar nada, Bruno segurou meu pescoço e me puxou na direção dele colocando sua boca na minha. Apesar da surpresa, eu retribuí o beijo e quando ele me puxou para o banco dele, eu senti vontade de rir.
- E a história de esperar chegar até um local mais apropriado? - sussurrei, perto da boca dele.
Ele não respondeu e voltou a me beijar.
Enquanto sua mão direita ainda segurava meu pescoço, e outra desceu e quando foi abrir o botão da minha calça, nós ouvimos outro carro chegando no estacionamento.
O carro não estava perto do nosso, mais o barulho dele foi o bastante para fazer o Bruno parar.
Ele encostou sua cabeça no meu ombro e começou a respirar fundo como se estivesse tentando se acalmar.
- A culpa é sua. - ele disse, quase um minuto depois.
- Nem vem. Se eu levar outra bronca daquela mulher que trabalha aqui a culpa vai ser sua. - falei, e voltei a sentar no outro banco.
Eu ainda lembrava da vergonha que foi ser parada por ela porque eu tinha atacado ele nas escadas.
Depois que saímos do carro, nós caminhamos até o elevador, e assim que as portas se fecharam, eu lembrei da sacola que estava o presente que a Beatriz me deu.
Olhei para o meu namorado e sorri depois de ter uma certeza.
Aquelas ele não ia conseguir quebrar.
Não mesmo.
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Ele é o Filho Do Meu Padrasto // Concluído
Teen Fiction(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar tudo que tem, ou que vai ter, por algo que nem planejou sentir? Helena nunca imaginei mudar de país...