Minha mãe manteve meu olhar como se esperasse que a qualquer momento eu fosse recuar.
Mas não recuei.
- Está blefando. - murmurou, me olhando com raiva.
- Quer pagar para ver? - perguntei.
- Bruno não iria te perdoar. - disse, com confiança. - Sabe que esse jantar é importante para ele, e para a empresa.
- Diferente de você, Bruno não costuma defender mulheres que estão na mira da polícia. - falei. - A escolha é sua.
Dei as costas para ela e comecei a voltar para onde a Ângela estava, no entanto, Michel entrou no meu caminho me fazendo parar.
- Helena, não? - disse, e seu sorriso era tão falso que me perguntei quem ele achou que estava enganando.
- Sim. - respondi.
Ele era o irmão do Damon, e por isso sua beleza era gritante. Mas seu olhar... ele me dava calafrios.
Damon pelo menos não fingia ser quem não era.
- Por que está sozinha pelo salão? - perguntou. - Bruno pelo jeito não sabe como tratar uma bela mulher.
- Ele sabe sim. - eu sorri. - Mas não nascemos grudados. Cada um sabe andar por si.
- Claro... - disse, e seu olhar ficou mais sério. - Sabe onde ele está?
- Em algum lugar conversando com o Damon. - contei.
Seus olhos brilharam com interesse.
- Tem algum palpite sobre o que eles estão conversando? - perguntou, e colocou sua mão no meu braço.
Eu sabia que ele estava tentando usar sua aparência para me intimidar.
- Por que acha que eu diria? - exclamei, sabendo que não podia abaixar a cabeça.
- Porque estou pedindo. - disse.
Tirei sua mão do meu braço e dei um passo para trás.
- Se quer saber algo, chegue neles e pergunte o senhor mesmo. Não sou moça de recados. - falei. - Agora licença.
Quando voltei a me aproximar da Ângela, vi que sua taça estava mais cheia.
- Eu senti o clima daqui. - falou.
- Nem fala. - exclamei, ainda nervosa.
Olhei para o lado e observei quando minha mãe caminhou até a Charlotte. As duas conversaram por quase dois minutos, e quando achei que minha mãe fosse finalmente mandar Charlotte embora, ela fez o contrário. Segurou a mão dá ex do Bruno e sorrindo, as duas andaram até as outras mulheres.
Mas antes, minha mãe me encarou e era claro o desafio em seus olhos.
Ela ia pagar para ver.
Bom, se ela queria fazer assim.
- Angela, o que acha de me apresentar as outras mulheres desse salão? - perguntei, depois que minha mãe desviou o olhar.
Ela deixou sua taça em cima da mesa e me olhou.
- Claro. - respondeu. - Vamos lá.
Assim que chegamos no outro lado do salão, todas as mulheres nos olharam me fazendo respirar fundo.
Você consegue.
- Angela, quem é essa bela moça? - uma senhora perguntou, e eu chutei que seria a mãe dela.
- É a Helena. Ela...
- Sou filha dela. - falei, encarando minha mãe.
Ela estava ao lado da Charlotte e o olhar que ela me lançou dizia "não ouse"
Sarah, que era a tia do Bruno, pareceu surpresa.
- Mas você não é a namorada do Bruno? - perguntou, e olhou minha mãe. - Por que não nos contou que sua filha namorava o filho do seu marido?
- Não culpe minha mãe, ela as vezes é tão indelicada. Mas estamos trabalhando nisso. - falei, e sorri. - Não é?
Eu sabia que ela estava se segurando para não me mandar calar a boca, e isso me deixou mais instigada em continuar.
- Charlotte, eu não te vi aí. - falei, fazendo de tudo para esconder meu desgosto.
- Então conhece a Charlotte? - a mãe da Ângela, perguntou.
- Claro que sim. Nossos encontros foram maravilhosos, não?
Charlotte manteve meu olhar parecendo curiosa sobre o que eu estava planejando.
- Com certeza. - respondeu.
- Por que você não fala daquele dia que eu conheci todos seus talentos? - perguntei.
- Não entendi. - ela disse, e finalmente vi nervosismo em seus olhos.
Bom.
- Helena. - minha mãe, exclamou como se quisesse que eu parasse.
Negativo, mamãe.
Você que quis jogar.
- Talentos? Que tipos de talentos? - uma senhora mais velha perguntou, interessada.
- Não sei se falo. Charlotte pode se incomodar. - meu tom de voz era manso, e eu sabia que elas acreditaram que eu realmente gostava da Charlotte.
- Conta, ela não vai se importar. - Sarah, afirmou.
- Se é assim. Vamos começar com o fato dela ser mentirosa... - prendi meu olhar no dá Charlotte não escondendo mais meu desgosto. - Ter tendências a invasões, gosta de perseguir. E é ladra nas horas vagas.
Um silêncio saiu sobre aquele lado do salão quando todas elas ficaram chocadas com minhas palavras.
- Para. - minha mãe, ordenou.
- Parar com o que? - perguntei, e fingi inocência. - Charlote... Espera, eu devo chamar você de Charlotte ou de Penélope? Acho que seu nome depende muito da casa que você quer invadir... ou do homem comprometido que quer pegar.
- Mon Dieu. - ouvi Ângela exclamar, surpresa.
Charlotte engoliu em seco e começou a se afastar.
Bom, eu já tinha terminado também.
- Agradeço a atenção de todas. Licença. - falei, lançando um último olhar para minha mãe antes de sair de perto delas.
Ela não podia falar que eu não avisei.
Minha mãe quis pagar para ver, e agora nenhuma delas vai me esquecer, ou esquecer dessa noite.
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Ele é o Filho Do Meu Padrasto // Concluído
Teen Fiction(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar tudo que tem, ou que vai ter, por algo que nem planejou sentir? Helena nunca imaginei mudar de país...