Capítulo 75: Talentos

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Minha mãe manteve meu olhar como se esperasse que a qualquer momento eu fosse recuar.

Mas não recuei.

- Está blefando. - murmurou, me olhando com raiva.

- Quer pagar para ver? - perguntei.

- Bruno não iria te perdoar. - disse, com confiança. - Sabe que esse jantar é importante para ele, e para a empresa.

- Diferente de você, Bruno não costuma defender mulheres que estão na mira da polícia. - falei. - A escolha é sua.

Dei as costas para ela e comecei a voltar para onde a Ângela estava, no entanto, Michel entrou no meu caminho me fazendo parar.

- Helena, não? - disse, e seu sorriso era tão falso que me perguntei quem ele achou que estava enganando.

- Sim. - respondi.

Ele era o irmão do Damon, e por isso sua beleza era gritante. Mas seu olhar... ele me dava calafrios.

Damon pelo menos não fingia ser quem não era.

- Por que está sozinha pelo salão? - perguntou. - Bruno pelo jeito não sabe como tratar uma bela mulher.

- Ele sabe sim. - eu sorri. - Mas não nascemos grudados. Cada um sabe andar por si.

- Claro... - disse, e seu olhar ficou mais sério. - Sabe onde ele está?

- Em algum lugar conversando com o Damon. - contei.

Seus olhos brilharam com interesse.

- Tem algum palpite sobre o que eles estão conversando? - perguntou, e colocou sua mão no meu braço.

Eu sabia que ele estava tentando usar sua aparência para me intimidar.

- Por que acha que eu diria? - exclamei, sabendo que não podia abaixar a cabeça.

- Porque estou pedindo. - disse.

Tirei sua mão do meu braço e dei um passo para trás.

- Se quer saber algo, chegue neles e pergunte o senhor mesmo. Não sou moça de recados. - falei. - Agora licença.

Quando voltei a me aproximar da Ângela, vi que sua taça estava mais cheia.

- Eu senti o clima daqui. - falou.

- Nem fala. - exclamei, ainda nervosa.

Olhei para o lado e observei quando minha mãe caminhou até a Charlotte. As duas conversaram por quase dois minutos, e quando achei que minha mãe fosse finalmente mandar Charlotte embora, ela fez o contrário. Segurou a mão dá ex do Bruno e sorrindo, as duas andaram até as outras mulheres.

Mas antes, minha mãe me encarou e era claro o desafio em seus olhos.

Ela ia pagar para ver.

Bom, se ela queria fazer assim.

- Angela, o que acha de me apresentar as outras mulheres desse salão? - perguntei, depois que minha mãe desviou o olhar.

Ela deixou sua taça em cima da mesa e me olhou.

- Claro. - respondeu. - Vamos lá.

Assim que chegamos no outro lado do salão, todas as mulheres nos olharam me fazendo respirar fundo.

Você consegue.

- Angela, quem é essa bela moça? - uma senhora perguntou, e eu chutei que seria a mãe dela.

- É a Helena. Ela...

- Sou filha dela. - falei, encarando minha mãe.

Ela estava ao lado da Charlotte e o olhar que ela me lançou dizia "não ouse"

Sarah, que era a tia do Bruno, pareceu surpresa.

- Mas você não é a namorada do Bruno? - perguntou, e olhou minha mãe. - Por que não nos contou que sua filha namorava o filho do seu marido?

- Não culpe minha mãe, ela as vezes é tão indelicada. Mas estamos trabalhando nisso. - falei, e sorri. - Não é?

Eu sabia que ela estava se segurando para não me mandar calar a boca, e isso me deixou mais instigada em continuar.

- Charlotte, eu não te vi aí. - falei, fazendo de tudo para esconder meu desgosto.

- Então conhece a Charlotte? - a mãe da Ângela, perguntou.

- Claro que sim. Nossos encontros foram maravilhosos, não?

Charlotte manteve meu olhar parecendo curiosa sobre o que eu estava planejando.

- Com certeza. - respondeu.

- Por que você não fala daquele dia que eu conheci todos seus talentos? - perguntei.

- Não entendi. - ela disse, e finalmente vi nervosismo em seus olhos.

Bom.

- Helena. - minha mãe, exclamou como se quisesse que eu parasse.

Negativo, mamãe.

Você que quis jogar.

- Talentos? Que tipos de talentos? - uma senhora mais velha perguntou, interessada.

- Não sei se falo. Charlotte pode se incomodar. - meu tom de voz era manso, e eu sabia que elas acreditaram que eu realmente gostava da Charlotte.

- Conta, ela não vai se importar. - Sarah, afirmou.

- Se é assim. Vamos começar com o fato dela ser mentirosa... - prendi meu olhar no dá Charlotte não escondendo mais meu desgosto. - Ter tendências a invasões, gosta de perseguir. E é ladra nas horas vagas.

Um silêncio saiu sobre aquele lado do salão quando todas elas ficaram chocadas com minhas palavras.

- Para. - minha mãe, ordenou.

- Parar com o que? - perguntei, e fingi inocência. - Charlote... Espera, eu devo chamar você de Charlotte ou de Penélope? Acho que seu nome depende muito da casa que você quer invadir... ou do homem comprometido que quer pegar.

- Mon Dieu. - ouvi Ângela exclamar, surpresa.

Charlotte engoliu em seco e começou a se afastar.

Bom, eu já tinha terminado também.

- Agradeço a atenção de todas. Licença. - falei, lançando um último olhar para minha mãe antes de sair de perto delas.

Ela não podia falar que eu não avisei.

Minha mãe quis pagar para ver, e agora nenhuma delas vai me esquecer, ou esquecer dessa noite.

Ele é o Filho Do Meu Padrasto // ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora