Capítulo 72: Encomenda

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Eu passei muito tempo depois da escola tentando controlar meu temperamento

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Eu passei muito tempo depois da escola tentando controlar meu temperamento. Percebi que, com a vida adulta, eu não podia simplesmente mandar todo mundo a merda. Eu tinha responsabilidades, e por mais que meu ex-emprego no restaurante não fosse tão bom, ainda era meu emprego.

Confesso que tinha saudades da liberdade que eu tinha quando ainda era uma adolescente.

Daquela sensação de ser invencível.

Ou pelo menos achar que era.

Só que eu não mudaria nada do que fiz até agora. Porque mudar algo no meu passado, significaria outro rumo na minha vida.

Um rumo que eu poderia não ter conhecido o Bruno.

E isso era algo que eu não podia aceitar.

Morar em outro país era uma grande mudança, e por mais que o motivo dela seja uma ex maluca, eu ainda estava feliz.

Depois que terminei de fechar minhas malas que estavam em cima da cama, eu peguei meu celular para ver às horas.

Nosso vôo iria sair daqui 1 hora e o Bruno ainda não tinha voltado.

- Cadê você... - exclamei, para o silêncio do quarto ficando nervosa.

Bruno saiu enquanto eu ainda estava dormindo e não deixou nenhum bilhete para avisar onde estava indo.

Caminhei até a cozinha quando o telefone que ficava pendurado ao lado da geladeira começou a tocar.

- Alô. - falei, depois de atender.

- Bom dia. Tem uma encomenda aqui em baixo para o senhor Bruno. Posso mandar subir?

- Claro. - falei, e ele encerrou a ligação.

Alguns minutos depois, alguém bateu na porta e eu fui correndo atender. Era um homem com a tal entrega.

- Muito obrigado. - murmurei, depois que ele me entregou uma caixa.

Ele apenas assentiu e se afastou me fazendo fechar a porta.

Encarei a caixa nas minhas mãos e me perguntei o que tinha lá dentro. Ela não era grande, mas era um pouco pesada.

Voltei para a cozinha e coloquei a caixa em cima da mesa.

Nesse momento, Bruno entrou no apartamento me fazendo suspirar aliviada.

- Finalmente. - exclamei, e reparei que ele estava todo suado fazendo sua blusa azul grudar em seu peito. - Estava correndo?

Meu namorado passou a mão em seus cabelos me fazendo perceber que os fios também estavam molhados.

- Sim. - respondeu. - Achei que seria bom antes de entrar em um avião.

- Quem tem medo de altura aqui sou eu, lembra? - brinquei, e apontei para a caixa. - Chegou para você.

Eu estava curiosa então iria fazer ele abrir.

- Sabe quem enviou? - perguntou, depois de se aproximar e parar do meu lado.

- Não. - exclamei.

- Depois eu abro. Vou tomar banho ai a gente vai para o aeroporto. - disse, e depois de me dar um selinho, começou a andar e direção ao quarto.

Sentei na mesa e comecei a olhar em volta da caixa para ver se tinha um bilhete. Ficando frustrada, empurrei a caixa para o outro lado da mesa fazendo um pequeno papel que estava em baixo dela descolar.

Franzi o cenho e peguei o papel para ver o que estava escrito.

"Espero que não fique chateado por eu ter pegado emprestado. Coloquei nossas melhores lembranças nele.

Com amor, Charlotte"

Só podia ser brincadeira.

Coloquei o bilhete de volta na mesa e abri a caixa sentindo uma urgência em saber o que tinha lá dentro.

Fiquei surpresa quando vi que era o notebook que o Bruno achou que tinha perdido.

Peguei o aparelho e o coloquei em cima da mesa. Depois de abrir e ligar ele, a primeira coisa que vi foi uma foto do Bruno e da Charlotte, e eles estavam na sala da mansão.

Os dois estavam sorrindo para a câmera e minha mãe que estava no fundo, também parecia animada.

Eu já estava quase desligando o notebook sabendo que me perturbar com aquela foto era o que a Charlotte queria, quando uma pasta me chamou atenção. O nome dela era: "para você"

No entanto, eu me arrependi um segundo depois de clicar naquela pasta e ver o que tinha lá dentro.

Eram fotos da Charlotte, e em todas elas, ela estava quase nua.

Sentindo um embrulho no estômago, eu fechei o notebook com força e respirei fundo tentando me acalmar.

Passei tanto tempo tentando não surtar que nem vi quando o Bruno voltou a se aproximar. Ele parou atrás da cadeira e se inclinou apoiando suas mãos na mesa me deixando no meio dele.

- É meu notebook? - perguntou, surpreso.

Quando ele foi tocar o aparelho, eu coloquei minha mão em cima da dele.

- Não abre. - pedi, não querendo que ele olhasse aquelas fotos.

Bruno não tentou tocar de novo no notebook, mas ainda queria saber porque eu estava estranha.

Eu levantei da cadeira e parei na frente dele.

- Você já comprou um notebook novo, não precisa mais desse. - falei, querendo me livrar daquilo.

Vai saber o que mais a Charlotte colocou naquele aparelho.

- Você está me deixando preocupado. - ele contou.

- Mas não precisa se preocupar. - falei, não querendo que aquilo estragasse nosso dia.

Era isso que a Charlotte queria, mas eu não ia deixar.

- Helena... - ele não estava querendo desistir tão fácil.

- Você confia em mim? - perguntei.

- Confio. - respondeu.

Coloquei minhas mãos em sua barriga sentindo o calor da sua pele por cima da camisa que ele usava.

- Então vamos para o aeroporto. Nosso vôo já vai sair. - exclamei.

Ele ficou me olhando por alguns segundos antes de assentir se rendendo.

- Tudo bem. - falou.

Eu sorri, e foi minha vez de dar um selinho em seus lábios.

Bruno foi comigo até o quarto e antes dele pegar as malas que estavam em cima da cama, eu resolvi perguntar uma coisa que estava me incomodando um pouco.

- Vamos ficar na casa do seu pai? - perguntei.

Bruno colocou as três malas no chão e me olhou.

- Não. - respondeu.

Pelo menos aquilo.

Eu que não ia querer voltar a morar com a minha mãe.

Depois que saímos do apartamento e o Bruno trancou a porta, eu comecei a me perguntar se essa nova fase da minha vida seria diferente, ou se as coisas estavam longe de se acalmar.

Estava na hora de descobrir.

Ele é o Filho Do Meu Padrasto // ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora