Fechei os olhos quando a água quente bateu nas minhas costas.
Era disso que eu precisava para dormir.
Um bom banho.
Eu tinha acabado de passar sabonete quando ouvi a porta abrir, e então o Bruno entrou.
- O que está fazendo? - perguntei, tirando minha cabeça de baixo da água.
Ele andou até o meio do banheiro e tirou a blusa.
- Vou tomar banho. - disse, simplesmente.
- Eu estou tomando banho. - exclamei.
Ele tirou a calça e andou na minha direção não se importando com meu olhar ameaçador.
- Eu percebi. - disse, e quando parou do meu lado, eu dei um passo para trás e ele entrou de baixo do chuveiro. - Não seja egoísta. Esse banheiro é grande o suficiente para nós dois.
- Mas só tem um chuveiro. - reclamei.
- Então temos que ficar abraçadinhos. - disse, e seu tom de voz indicava humor.
Sabendo que tentar expulsar o Bruno só ia instigar ele a me provocar mais, eu dei um passo em sua direção e quando nossos corpos ficaram colados, a água nos cobriu.
Ficamos calados durante todo o tempo que o banho durou. Assim que voltamos para o quarto, Bruno vestiu uma bermuda e um camisa vermelha. Enquanto eu continuei com a toalha enrolada em volta do meu corpo preferindo arrumar meu cabelo primeiro.
- Você está cansada? - ele perguntou, quebrando o silêncio do quarto.
- Não. - respondi.
- Ótimo. Veste uma blusa de frio, vou te esperar lá em baixo. - exclamou, e saiu do quarto.
Larguei o pente em cima da cama e encarei a porta ficando confusa com suas palavras.
Onde será que ele queria ir?
Com minha curiosidade falando mais alto, eu vesti uma calça jeans e uma camisa branca. Depois de pegar a blusa de frio, sai do quarto e desci às escadas.
Bruno estava perto da porta me esperando.
- Pronta? - perguntou.
- Pronta para exatamente o que? - perguntei.
Ele segurou meu pescoço e depois de me dar um rápido selinho, se afastou.
- Surpresa, meu anjo.
Eu sai de casa atrás dele e depois que entramos no carro, Bruno só dirigiu quando viu que coloquei o cinto de segurança. Meia hora depois, ele estacionou o carro no meio do nada me fazendo franzir o cenho.
- Está planejando me matar? - perguntei, notando que em volta só tinha árvores, e mais árvores.
- Não se preocupe, Helena. Só pretendo te matar de prazer. - exclamou, e saiu do carro.
Ele deu a volta no automóvel e quando abriu a porta do meu lado, estendeu a mão na minha direção.
- Vamos. - disse, e quando viu que eu estava receosa, sorriu. - Não vai dizer que não confia em mim?
Depois de encarar seu rosto por mais alguns segundos, eu segurei sua mão e ele me ajudou a sair do carro. Assim que entramos na mata, Bruno me guiou por um caminho que não parecia ter fim. E quando finalmente paramos... eu não consegui acreditar na paisagem que estava na minha ftente.
Estávamos em cima de uma grande pedra e em baixo tinha uma cachoeira.
A lua estava desenhada na água e isso tornava tudo mais mágico.
- É lindo, né? - Bruno, perguntou ao meu lado.
Eu assenti ainda maravilhada.
Eu nunca tinha visto uma vista como aquela.
- Minha mãe costumava me trazer aqui. - ele revelou, e seus pensamentos pareciam estar longe. - Ela dizia que poucas pessoas conheciam esse lugar na cidade. E eu só podia mostrar para alguém especial.
Quando ele virou o rosto na minha direção e nossos olhos se fixaram um no outro, eu fiquei mais apaixonada por ele.
Se isso era possível.
- Você é especial para mim, Helena. - falou. - Sinto muito se fiz você pensar que não conversamos muito. Eu estava tão feliz por ter você ao meu lado, e ansioso com a chegada do bebê, que ignorei todo o resto.
Eu só conseguia ficar observando seu rosto, e quando ele se aproximou e encostou sua testa na minha, eu senti meu coração aquecer no peito.
- Me fala sobre você. Eu quero conhecer a garota por quem me apaixonei. E a mulher que eu amo.
Eu sorri.
- Se você prometer fazer o mesmo. - falei.
Ele me beijou e eu senti que nada mais importava.
Que ele era tudo que eu precisava.
- Eu faço o que você quiser.
Depois que ele pegou um lençol no carro e forrou no chão, nós sentamos e conversamos.
Conversamos como nunca tínhamos conversado antes.
- Eu lembro que amava a forma que eles olhavam um para o outro. Pareciam tão apaixonados que eu me gabava na escola. Falava que meus pais se adoravam e que passariam o resto da vida juntos. - contei, lembrando do passado. - Mas, então um dia, meu pai chegou bravo em casa. Ele começou a colocar as coisas da minha mãe na mala e sempre que eu tentava perguntar o que estava acontecendo, ele me mandava para o meu quarto. Depois desse dia, minha mãe nunca mais voltou para casa.
Não doía mais pensar naquilo.
Meus pais seguiram caminhos diferentes e agora eles estavam bem.
- Aconteceu o mesmo comigo. Não a parte da mala, mais de não voltar para casa. - disse, e eu lembrei de quando ele me contou sobre sua mãe.
- Se um dia ela aparecer o que você vai fazer? - perguntei, curiosa.
Bruno deu de ombros.
- Eu não faço ideia. - confessou. - Nunca parei para pensar nisso na verdade.
Eu me aproximei um pouco mais dele e quando encostei minha cabeça em seu ombro, nós encaramos a lua.
- Será que seremos bons pais, Bruno? - perguntei, alguns minutos depois.
Eu tinha medo de acabar fazendo as mesmas coisas que a minha mãe. Só de pensar naquilo eu sentia um aperto no peito.
Bruno beijou minha cabeça e passou seu braço pelo meu ombro.
- Bons eu não sei. Mas garanto que vamos tentar. - falou, sendo sincero.
Nós não tínhamos os melhores modelos de pais do mundo, então teríamos que aprender juntos.
Sempre juntos.
- Nós vamos sim. - exclamei.
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Ele é o Filho Do Meu Padrasto // Concluído
Fiksi Remaja(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar tudo que tem, ou que vai ter, por algo que nem planejou sentir? Helena nunca imaginei mudar de país...