Livro Um
"Não é que seja proibido... é porque é real."
Até onde você iria por algo que sente de verdade?
Teria coragem de arriscar tudo - o que tem e o que ainda nem viveu - por um sentimento que nunca planejou?
Helena nunca imaginou mudar de país...
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Fechei os olhos quando a água quente bateu nas minhas costas.
Era disso que eu precisava para dormir.
Um bom banho.
Eu tinha acabado de passar sabonete quando ouvi a porta abrir, e então o Bruno entrou.
- O que está fazendo? - perguntei, tirando minha cabeça de baixo da água.
Ele andou até o meio do banheiro e tirou a blusa.
- Vou tomar banho. - disse, simplesmente.
- Eu estou tomando banho. - exclamei.
Ele tirou a calça e andou na minha direção não se importando com meu olhar ameaçador.
- Eu percebi. - disse, e quando parou do meu lado, eu dei um passo para trás e ele entrou de baixo do chuveiro. - Não seja egoísta. Esse banheiro é grande o suficiente para nós dois.
- Mas só tem um chuveiro. - reclamei.
- Então temos que ficar abraçadinhos. - disse, e seu tom de voz indicava humor.
Sabendo que tentar expulsar o Bruno só ia instigar ele a me provocar mais, eu dei um passo em sua direção e quando nossos corpos ficaram colados, a água nos cobriu.
Ficamos calados durante todo o tempo que o banho durou. Assim que voltamos para o quarto, Bruno vestiu uma bermuda e um camisa vermelha. Enquanto eu continuei com a toalha enrolada em volta do meu corpo preferindo arrumar meu cabelo primeiro.
- Você está cansada? - ele perguntou, quebrando o silêncio do quarto.
- Não. - respondi.
- Ótimo. Veste uma blusa de frio, vou te esperar lá em baixo. - exclamou, e saiu do quarto.
Larguei o pente em cima da cama e encarei a porta ficando confusa com suas palavras.
Onde será que ele queria ir?
Com minha curiosidade falando mais alto, eu vesti uma calça jeans e uma camisa branca. Depois de pegar a blusa de frio, sai do quarto e desci às escadas.
Bruno estava perto da porta me esperando.
- Pronta? - perguntou.
- Pronta para exatamente o que? - perguntei.
Ele segurou meu pescoço e depois de me dar um rápido selinho, se afastou.
- Surpresa, meu anjo.
Eu sai de casa atrás dele e depois que entramos no carro, Bruno só dirigiu quando viu que coloquei o cinto de segurança. Meia hora depois, ele estacionou o carro no meio do nada me fazendo franzir o cenho.
- Está planejando me matar? - perguntei, notando que em volta só tinha árvores, e mais árvores.
- Não se preocupe, Helena. Só pretendo te matar de prazer. - exclamou, e saiu do carro.
Ele deu a volta no automóvel e quando abriu a porta do meu lado, estendeu a mão na minha direção.
- Vamos. - disse, e quando viu que eu estava receosa, sorriu. - Não vai dizer que não confia em mim?
Depois de encarar seu rosto por mais alguns segundos, eu segurei sua mão e ele me ajudou a sair do carro. Assim que entramos na mata, Bruno me guiou por um caminho que não parecia ter fim. E quando finalmente paramos... eu não consegui acreditar na paisagem que estava na minha ftente.
Estávamos em cima de uma grande pedra e em baixo tinha uma cachoeira.
A lua estava desenhada na água e isso tornava tudo mais mágico.
- É lindo, né? - Bruno, perguntou ao meu lado.
Eu assenti ainda maravilhada.
Eu nunca tinha visto uma vista como aquela.
- Minha mãe costumava me trazer aqui. - ele revelou, e seus pensamentos pareciam estar longe. - Ela dizia que poucas pessoas conheciam esse lugar na cidade. E eu só podia mostrar para alguém especial.
Quando ele virou o rosto na minha direção e nossos olhos se fixaram um no outro, eu fiquei mais apaixonada por ele.
Se isso era possível.
- Você é especial para mim, Helena. - falou. - Sinto muito se fiz você pensar que não conversamos muito. Eu estava tão feliz por ter você ao meu lado, e ansioso com a chegada do bebê, que ignorei todo o resto.
Eu só conseguia ficar observando seu rosto, e quando ele se aproximou e encostou sua testa na minha, eu senti meu coração aquecer no peito.
- Me fala sobre você. Eu quero conhecer a garota por quem me apaixonei. E a mulher que eu amo.
Eu sorri.
- Se você prometer fazer o mesmo. - falei.
Ele me beijou e eu senti que nada mais importava.
Que ele era tudo que eu precisava.
- Eu faço o que você quiser.
Depois que ele pegou um lençol no carro e forrou no chão, nós sentamos e conversamos.
Conversamos como nunca tínhamos conversado antes.
- Eu lembro que amava a forma que eles olhavam um para o outro. Pareciam tão apaixonados que eu me gabava na escola. Falava que meus pais se adoravam e que passariam o resto da vida juntos. - contei, lembrando do passado. - Mas, então um dia, meu pai chegou bravo em casa. Ele começou a colocar as coisas da minha mãe na mala e sempre que eu tentava perguntar o que estava acontecendo, ele me mandava para o meu quarto. Depois desse dia, minha mãe nunca mais voltou para casa.
Não doía mais pensar naquilo.
Meus pais seguiram caminhos diferentes e agora eles estavam bem.
- Aconteceu o mesmo comigo. Não a parte da mala, mais de não voltar para casa. - disse, e eu lembrei de quando ele me contou sobre sua mãe.
- Se um dia ela aparecer o que você vai fazer? - perguntei, curiosa.
Bruno deu de ombros.
- Eu não faço ideia. - confessou. - Nunca parei para pensar nisso na verdade.
Eu me aproximei um pouco mais dele e quando encostei minha cabeça em seu ombro, nós encaramos a lua.
- Será que seremos bons pais, Bruno? - perguntei, alguns minutos depois.
Eu tinha medo de acabar fazendo as mesmas coisas que a minha mãe. Só de pensar naquilo eu sentia um aperto no peito.
Bruno beijou minha cabeça e passou seu braço pelo meu ombro.
- Bons eu não sei. Mas garanto que vamos tentar. - falou, sendo sincero.
Nós não tínhamos os melhores modelos de pais do mundo, então teríamos que aprender juntos.