Com certeza não foi uma boa ideia deixar a Beatriz cortar meu cabelo. Ela tinha insistido usando o argumento que, como a mãe dela tinha um salão de beleza, ela como filha tinha herdado aquele dom.
Mas... não era bem assim.
- Agora eu não consigo nem amarrar meu cabelo. - falei, enquanto me olhava no espelho do banheiro.
Eu tinha aparecido na casa dela para conversar, no entanto, acabei revelando que não estava satisfeita com meu cabelo, aí ela disse que podia dar um jeito.
Mesmo com medo eu acabei deixando.
Se arrependimento matasse.
- Não exagera, Helena. - minha amiga disse, ainda segurando a tesoura. - Agora você está moderna.
Pra quem passou metade da vida com o cabelo grande parecia que eu estava careca.
Agora, meu cabelo nem chegava a tocar meus ombros.
Só que no fundo, eu estava contente de ocupar minha cabeça com outra preocupação que não fosse o Bruno. Ele não estava dando notícias e isso estava quase me enlouquecendo.
Ontem, eu tinha tentado falar com ele, mas a ligação só estava caindo na caixa postal.
Eu estava quase ligando para minha mãe para perguntar o que estava acontecendo.
- Moderna? - perguntei, e encarei seu rosto. - Então me deixa fazer o mesmo no seu cabelo.
Beatriz deu um passo para trás quando ameacei me aproximar.
- Não. Não mesmo. - respondeu. - Vou chamar minha mãe. Ela não foi trabalhar ainda então ela pode consertar o que eu fiz.
Quando ela saiu, eu voltei a me olhar no espelho e vi que não tinha ficado tão ruim.
Era só a mãe da Beatriz ajeitar as pontas que ficaria legal.
Me apoiei na pia e pequei meu celular para ver se Bruno tinha enviado alguma mensagem.
Nada.
Ficando mais uma vez frustrada, eu resolvi ligar para ele de novo.
Chamou três vezes até ele atender... mas não era bem ele. Minha felicidade durou pouco quando ouvi uma voz feminina do outro lado da linha.
- Alô?
Senti um embrulho no estômago enquanto me perguntava quem ela era e porque estava com o celular do Bruno.
Seria a tal Charlote?
- Alô? - ela repetiu, mas agora parecia impaciente. - Se ninguém falar eu vou desligar.
Eu consegui ouvir uma segunda voz na ligação e reconheci ela como minha mãe.
- Vamos logo, Charlote. O carro já está esperando. - minha mãe disse. - Sabe que odeio chegar atrasada nos lugares.
- Tem alguém ligando para o Bruno...
- Desliga. Se for urgente a pessoa vai ligar de novo.
Afastei o celular do meu rosto quando a ligação foi encerrada.
Bruno me disse que iria voltar para a mansão para terminar tudo com a Charlotte, mas não foi bem isso que aconteceu pelo jeito.
Será que o Damon fez alguma coisa?
Eu queria ouvir a voz dele, escutar ele me dizendo que estava tudo bem, que já estava voltando.
- Minha mãe já vem... - Beatriz parou de falar quando viu que eu não parecia bem. - Aconteceu alguma coisa, Helena?
Coloquei meu celular no bolso e forcei um sorriso.
- Não, está tudo sim. - respondi, e passei por ela saindo do banheiro. - Eu preciso ir embora.
- Seu cabelo...
- Eu não me importo.
Depois de sair da casa da Beatriz e entrar no carro, eu fechei os olhos e respirei fundo tentando não chorar.
Tá tudo bem, Helena. Bruno deve estar ocupado. Ele não está te ignorando.
Depois de ficar calma, eu consegui dirigir até o apartamento que ele alugou. Bruno tinha deixado as chaves comigo e isso me deu esperança.
Assim que entrei no apartamento, eu fui até o quarto e sentei na cama lembrando que a gente tinha ficado juntos aqui não fazia nem uma semana.
Movida por essa lembrança, eu peguei meu celular e liguei para ele de novo.
Por favor, atende.
Por favor, atende.
Caixa postal.
- Que merda. - exclamei, e joguei meu celular na cama ficando irritada.
Eu só queria saber como as coisas estavam indo. Ele prometeu que iria me dar notícias.
Três dias e nada.
Só me restava esperar agora.
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Ele é o Filho Do Meu Padrasto // Concluído
Teen Fiction(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar tudo que tem, ou que vai ter, por algo que nem planejou sentir? Helena nunca imaginei mudar de país...