Capítulo 22: Na Mesma Pagina

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Descobri que Caio era um bêbado que gostava de falar

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Descobri que Caio era um bêbado que gostava de falar. Falar muito. Eu estava sentada na cama ao seu lado, e me sentia em uma sessão com um psicólogo. E, no caso, eu era o psicólogo.

Mesmo sendo difícil falar com tanto álcool no sangue, ele não parecia disposto a desistir de se comunicar.

- Você não sabe... mas pergunta pra qualquer um. Eu nasci para jogar bola. - afirmou, deitado. - Minha mãe diz que devo ser médico... porra, nunca gostei de ver sangue.

Assenti, como se tivesse entendendo todo aquele falatório.

Jennifer desceu para a cozinha dizendo estar com fome, e Bruno foi atrás de uma coberta para o Caio.

- Mas claro, sempre amei também os gatos. Sempre falam essa merda de cachorros serem fiéis aos homens... Eu aposto nos gatos.

Bruno entrou no quarto nesse momento me fazendo olhar em sua direção. Foi impossível ignorar o frio que senti na barriga com sua presença.

- Ele não apagou ainda? - questionou, e cobriu o Caio com uma coberta em tom azul.

- Ele parece que está lutando contra o sono. - falei, e levantei da cama. - Mas eu acho que não vai durar por muito mais tempo.

Como eu suspeitava, Caio se aconchegou na coberta e fechou os olhos parecendo cansado.

O quarto ficou em um completo silêncio. A expectativa me atingiu quando ouvi seus passos se aproximando.

- Vamos deixar ele dormir. - sua mão pegou a minha e me guiou para o lado de fora.

No corredor, ele me puxou em sua direção e inclinou seu rosto para juntar seus lábios nos meus. Foi um breve selinho, como se Bruno estivesse querendo avaliar minha reação.

- Tudo bem? - questionou, agora me olhando com atenção.

Assenti, e foi minha vez de me aproximar para um beijo rápido. Meu gesto fez ele sorrir com satisfação.

Ouvindo passos, não demorou para a Jennifer aparecer no corredor.

- Eu vim perguntar se vocês querem comer também. - ela olhou nossas mãos juntas e pareceu lembrar de algo. - Você me ajuda, Helena?

Eu pedi sua ajuda mais cedo para me manter afastada do Bruno, mas eu não queria me mover um centímetro para longe dele agora. No entanto, querendo alguns minutos para pensar, caminhei até a Jennifer.

Ela foi comigo até a cozinha e vi pães e algumas bolachas na mesa.

- Eu já estava preparando nosso lanche. - confessou, e começou a passar manteiga nos pães. - Pensei que a gente podia assistir um filme para ajudar o tempo passar.

Eu peguei um pote e coloquei as bolachas dentro. Pensando em preparar um suco, percebi que ela parecia que queria me falar alguma coisa, mas estava receosa.

- Solta logo. - pedi, vendo seu incômodo.

Ela finalizou o último pão e me olhou.

- É só... eu falo isso porque conheço ele desde criança. - começou, e olhou para a entrada se certificando que estávamos sozinhas. - Ele é intenso, Helena, e se vocês não estiverem na mesma página as coisas podem sair do controle. Toma cuidado.

- Achei que não estivesse preocupada. - falei, lembrando do que ela me disse aquele dia que estava experimentando todas minhas roupas.

- Eu não fico preocupada com o que ele vai fazer com você. Me preocupo como isso vai terminar para ele. - disse.

Com suas palavras martelando na minha cabeça, terminamos de preparar o lanche. Na sala, colocamos tudo na mesinha de centro.

Jennifer escolheu se sentar na poltrona enquanto eu escolhi o maior sofá da sala.

Um filme sobre ficção científica começou a passar na TV, mas eu nem estava prestando atenção.

Ouvi passos na escada e não demorou para o Bruno se sentar ao meu lado. Ele colocou um braço em volta dos meus ombros como se fosse a coisa mais normal do mundo.

O filme estava passando há quinze minutos quando sua mão tocou minha coxa. Seus dedos se moveram por minha calça jeans me deixando inquieta.

- Sabe aquela coisa de não ficar comigo nem se eu fosse o último homem da terra? - ele perguntou, e sua voz era um sussuro na minha bochecha. - Você mudou de ideia?

Seus dedos continuaram na minha coxa não parando de me tocar por um segundo.

- Tudo depende de como meu humor está no dia.

- Então acho que posso te ajudar a melhorar ele hoje. - senti a ponta do seu nariz e então ele abaixou o rosto para beijar meu pescoço.

- Bruno... - chamei, e segurei sua mão quando ela ficou mais ousada. - A Jennifer está aqui.

Ele afastou o rosto do meu pescoço e olhou para sua amiga na poltrona. Parecendo notar nossa atenção, ela nos olhou.

- O que? Vocês querem sanduíches? - perguntou, com tanta inocência que comecei a rir.

Mesmo sem entender nada, Jennifer voltou sua atenção para o filme quando recusamos a comida.

Bruno se encostou no sofá e pareceu pensativo.

- Que tal 1 hora no seu quarto e sem mão boba? - sugeriu, e balançou a cabeça de forma negativa. - Não vai dar certo. Meia hora e com mão boba?

- Por que no meu quarto? - perguntei, interessada.

- Eu criei uma fantasia envolvendo aquele espelho enorme que você tem em frente à cama. - contou, sonhador. - Definitivamente tem que ser no seu quarto.

- Vocês sabem que eu consigo ouvir todo essa safadeza de vocês, né? - Jennifer, disse ainda olhando a TV.

Nem tive tempo de pensar na proposta do Bruno porque Caio escolheu aquele momento para tentar descer às escadas. Só tentar mesmo porque no final, ele caiu os últimos degraus.

- Jesus. - Jenny, levantou correndo e foi até ele. - Por que você levantou da cama?

- Porra, vocês me deixaram sozinho. - disse, ficando de pé. - E estava escuro.

Bruno nem se prestou a levantar, ele só moveu o rosto na direção do amigo como se estivesse acostumado com toda situação.

- Eu deixei o abajur ligado. - ele disse.

- Escuro ainda, cara. Traumas de infância, você sabe. - falou, e sentou no sofá parecendo cansado. - Jennifer, me passa um sanduíche.

- Está na sua frente, é só esticar as mãos. - a morena disse, e voltou para sua poltrona.

Os dois começaram uma míni-discussão sobre melhores amigos ajudarem um ao outro. E, fácil assim, o filme foi esquecido.

Ele é o Filho Do Meu Padrasto // ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora