Livro Um
"Não é que seja proibido... é porque é real."
Até onde você iria por algo que sente de verdade?
Teria coragem de arriscar tudo - o que tem e o que ainda nem viveu - por um sentimento que nunca planejou?
Helena nunca imaginou mudar de país...
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Na manhã seguinte, eu estava do lado de fora da minha casa aproveitando o sol quando uma cena me fez ter vontade de entrar.
Meu vizinho, estava sem camisa e limpava seu carro de forma tão exagerada tentando parecer sexy que eu fiquei constrangida por ele.
A mangueira estava ligada e às vezes ele jogava água em seu peito quando uma mulher passava.
- O que é aquilo? - ouvi Ângela perguntar, depois de atravessar a rua e parar na minha frente.
- Ainda estou tentando descobrir. - exclamei, e olhei para minha mais nova amiga. - Seu cabelo...
Ela sorriu e passou a mão entre os fios parecendo orgulhosa.
Os fios estavam roxos e quando a claridade do sol batia, parecia um arco-íris de tão brilhoso.
- Resolvi pintar de novo. - exclamou.
- Ficou bonito. - fui sincera. - Não sabia que vinha.
Ela olhou mais uma vez para o meu vizinho e fez uma careta.
- Estou quase arrependida. - falou, me fazendo rir. - Mas sou curiosa, e gosto das novidades em primeira mão. Jogaram baralho?
- Então... - comecei. - Eu cheguei a comprar, mas quando fui jogar lembrei que não sabia.
Ela cruzou os braços e eu podia ver um rastro de um sorriso em seus lábios.
- E você deu pra ele no final, né? - era mais uma confirmação que uma pergunta.
- Não. - respondi, mesmo que eu tenha passado a noite toda querendo me jogar em cima do meu namorado. - A gente só dormiu. Dormiu mesmo.
Ela parecia surpresa.
- Mas e o perfume? Você não usou?
E foi encarando seus olhos castanhos que eu entendi tudo.
- Você comprou ele de propósito? - perguntei, lembrando do modo que o Bruno ficou depois de sentir o cheiro no meu pescoço.
- Por que você acha que é tão caro? - exclamou, como se fosse óbvio. - O cheiro dele é conhecido por deixar homens e mulheres doidos.
Antes que eu pudesse responder, meu celular começou a tocar no bolso da minha calça.
Era a Beatriz.
- A gente devia fazer chamada de vídeo. - sugeriu, parecendo pensativa. - Eu quero ver se sua barriga cresceu um pouco.
Olhei para a Ângela e acenei com a cabeça indicando minha casa. Ela entendeu, e começou a me seguir.
- É uma boa ideia. - depois de entrar na cozinha, eu peguei o notebook que estava em cima da mesa. - Eu vou desligar e daqui a pouco te mando mensagem para você ligar a câmera.