- Não acredito que vou chegar atrasada. - falei, enquanto o Bruno dirigia até meu trabalho.
Eu mesma poderia ir com meu carro, mas ele insistiu e eu não tive porque negar.
Eu nem queria negar também.
- Se você tivesse acordado cedo. - ele disse, e mesmo que eu não estivesse olhando para seu rosto, sabia que o mesmo estava sorrindo.
Depois de prender meu cabelo, eu peguei o pequeno espelho que tinha na minha bolsa e chequei minha aparência.
- Ah, claro, então a culpa é minha. - exclamei.
Na realidade, eu acordei no horário certo, e estava tomando banho quando ele invadiu o banheiro e conseguiu me fazer esquecer que eu tinha que trabalhar. Naquele momento eu não liguei, mas agora estava ficando preocupada.
- Talvez. - disse e viu que eu estava me olhando no espelho. - Não precisa se preocupar, Helena. Você está linda.
Ele parecia relaxado enquanto fazia aquele comentário. Bem diferente de quando ele estava me contando sobre as coisas que o Damon fez ele passar.
Ver ele assim me deixou mais calma.
- Você ainda está insistindo nessa mentira? - perguntei, e guardei o espelho depois de ver que eu estava apresentável.
Virei meu rosto na direção dele e começei a observa-lo.
Ele também me olhou, só que bem rápido porque estava dirigindo.
- Mas eu não disse nenhuma mentira. - afirmou com tanta certeza que era até fácil de acreditar.
Ele mexeu o braço no volante e eu encarei sua tatuagem.
- Me fala a história da sua tatuagem. - pedi. - Por que o lobo?
A gente tinha só mais alguns minutos juntos e eu ia aproveitar para saber mais dele e desses anos que passamos separados.
- Foi no meu aniversário de 18 anos. - começou. - Eu fui para uma festas com alguns amigos e lá tinha um tatuador. Depois de beber eu achei que fazer minha primeira tatuagem seria uma boa ideia, então eu fiz. Eu realmente não sei porque escolhi o lobo, só sei que no dia seguinte ele estava na minha mão.
- Eu gostei. - falei, sendo sincera.
Ele me olhou rapidamente de novo e sorriu.
- Eu percebi. - disse, convencido.
Bruno estacionou o carro e quando foi abrir a porta, eu o parei.
- Espera. - ele se virou na minha direção. - Se uma pessoa passar do lado do carro ela consegue ver a gente aqui dentro?
- Acho que só se ela estiver muito perto. - respondeu, parecendo interessado. - Por que?
Tirei o cinto de segurança e fui até o banco dele sabendo que eu precisava ter mais um pouco dele antes da gente se separar de novo.
Eu já estava atrasada mesmo.
- O que está fazendo? - perguntou, e não me parou quando sentei em seu colo com uma perna de cada lado do seu corpo. - Achei que estava atrasada.
Me aproximei ainda mais do Bruno quando senti o volante nas minhas costas.
- Eu estou. - falei, e me inclinei na sua direção encostando nossas testas. - Então fica quieto.
Bruno colocou suas mãos na minha cintura e apertou quando colei sua boca na minha.
Ter ele a noite toda me tocando foi pouco. Eu precisava dele todos os dias, todas as horas.
Bruno subiu uma de suas mãos para o meu pescoço e fez aquela carícia que já estava se tornando minha favorita.
- Eu gosto disso. - sussurrei, perto da boca dele.
Ele segurou meu cabelo e me beijou de novo não parecendo estar disposto a conversar naquele momento.
Ficar com ele naquele carro era uma ideia muito boa, mas tínhamos que voltar para a vida real. Depois de mais alguns minutos, Bruno desacelerou o beijo e continuou me segurando quando me afastei.
- Você vai me ligar se alguma coisa acontecer? - perguntei, sabendo que ele iria para o aeroporto assim que eu entrasse no restaurante.
- Claro que vou. - respondeu, e me deu um selinho como se tentasse me acalmar. - Vai dar tudo certo.
Apesar de confiar nele, eu sentia um aperto no peito que estava me deixando mais apreensiva.
- Não é melhor eu ir com você? - perguntei.
Ficar cara a cara com o Damon não era algo que eu gostaria de fazer, mas eu faria pelo Bruno.
- Você acha mesmo que vou te deixar ir comigo só para o meu pai te perturbar e fazer você ter um encontro desagradável com a sua mãe? - balançou a cabeça da forma negativa. - Não mesmo, Helena.
Deitei minha cabeça em seu peito e suspirei ficando frustrada.
- Mas se você demorar eu juro que vou atrás de você. - avisei.
E eu realmente faria aquilo.
Ele me abraçou de volta antes de responder:
- Você não vai precisar fazer isso.
Depois de beijar o Bruno pela última vez, eu saí do seu colo e depois do carro.
- Quer namorar comigo? - ele perguntou conseguindo me deixar surpresa.
Eu sabia que para ele fazer aquele pedido significava muito. Da última vez não deu muito certo e agora nada mais nos impedia.
Quer dizer, tinha o Damon.
- Quando você voltar eu respondo. - falei, e segurei a risada quando ele pareceu decepcionado. - Volta logo, tá?
Ele assentiu e ligou o carro.
- Pode deixar. - respondeu.
Bruno então foi embora me deixando parada no meio do estacionamento do restaurante.
E pensar que o casamento da minha mãe tinha me trazido o Bruno, e esse mesmo casamento estava querendo me tirar ele.
Respirei fundo tentando ficar mais calma e caminhei até o restaurante.
- Você está atrasada. - Júlia disse, assim que me viu passar pela porta. - Sua sorte é que meu pai não chegou ainda.
Ela estava encostada no balcão enquanto mastigava o que parecia ser chiclete.
Encarei seu rosto ficando aliviada.
- Que bom. - passei pelo balcão. - Foi o trânsito. - menti.
Julia cruzou os braços em cima do balcão antes de voltar a falar.
- Aquele cara que você estava beijando no carro era seu namorado? - perguntou me fazendo franzir o cenho.
Ela passou do nosso lado e a gente nem tinha percebido.
- Ele... - pensei um pouco antes de completar com. - Sim, ele é.
E eu estava ansiosa para contar para o Bruno assim que ele voltasse.
- Ele é bem bonito. - ela disse. - Ele tem um irmão?
Aquela pergunta me fez rir e eu fiquei feliz pela distração.
- Vou trabalhar, Júlia. - ignorei sua careta e fui me arrumar para finalmente começar a trabalhar.
Eu sentia que os próximos dias seriam longos.
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Ele é o Filho Do Meu Padrasto // Concluído
Teen Fiction(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar tudo que tem, ou que vai ter, por algo que nem planejou sentir? Helena nunca imaginei mudar de país...