Capítulo 50: Meu Namorado

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- Não acredito que vou chegar atrasada. - falei, enquanto o Bruno dirigia até meu trabalho.

Eu mesma poderia ir com meu carro, mas ele insistiu e eu não tive porque negar.

Eu nem queria negar também.

- Se você tivesse acordado cedo. - ele disse, e mesmo que eu não estivesse olhando para seu rosto, sabia que o mesmo estava sorrindo.

Depois de prender meu cabelo, eu peguei o pequeno espelho que tinha na minha bolsa e chequei minha aparência.

- Ah, claro, então a culpa é minha. - exclamei.

Na realidade, eu acordei no horário certo, e estava tomando banho quando ele invadiu o banheiro e conseguiu me fazer esquecer que eu tinha que trabalhar. Naquele momento eu não liguei, mas agora estava ficando preocupada.

- Talvez. - disse e viu que eu estava me olhando no espelho. - Não precisa se preocupar, Helena. Você está linda.

Ele parecia relaxado enquanto fazia aquele comentário. Bem diferente de quando ele estava me contando sobre as coisas que o Damon fez ele passar.

Ver ele assim me deixou mais calma.

- Você ainda está insistindo nessa mentira? - perguntei, e guardei o espelho depois de ver que eu estava apresentável.

Virei meu rosto na direção dele e começei a observa-lo.

Ele também me olhou, só que bem rápido porque estava dirigindo.

- Mas eu não disse nenhuma mentira. - afirmou com tanta certeza que era até fácil de acreditar.

Ele mexeu o braço no volante e eu encarei sua tatuagem.

- Me fala a história da sua tatuagem. - pedi. - Por que o lobo?

A gente tinha só mais alguns minutos juntos e eu ia aproveitar para saber mais dele e desses anos que passamos separados.

- Foi no meu aniversário de 18 anos. - começou. - Eu fui para uma festas com alguns amigos e lá tinha um tatuador. Depois de beber eu achei que fazer minha primeira tatuagem seria uma boa ideia, então eu fiz. Eu realmente não sei porque escolhi o lobo, só sei que no dia seguinte ele estava na minha mão.

- Eu gostei. - falei, sendo sincera.

Ele me olhou rapidamente de novo e sorriu.

- Eu percebi. - disse, convencido.

Bruno estacionou o carro e quando foi abrir a porta, eu o parei.

- Espera. - ele se virou na minha direção. - Se uma pessoa passar do lado do carro ela consegue ver a gente aqui dentro?

- Acho que só se ela estiver muito perto. - respondeu, parecendo interessado. - Por que?

Tirei o cinto de segurança e fui até o banco dele sabendo que eu precisava ter mais um pouco dele antes da gente se separar de novo.

Eu já estava atrasada mesmo.

- O que está fazendo? - perguntou, e não me parou quando sentei em seu colo com uma perna de cada lado do seu corpo. - Achei que estava atrasada.

Me aproximei ainda mais do Bruno quando senti o volante nas minhas costas.

- Eu estou. - falei, e me inclinei na sua direção encostando nossas testas. - Então fica quieto.

Bruno colocou suas mãos na minha cintura e apertou quando colei sua boca na minha.

Ter ele a noite toda me tocando foi pouco. Eu precisava dele todos os dias, todas as horas.

Bruno subiu uma de suas mãos para o meu pescoço e fez aquela carícia que já estava se tornando minha favorita.

- Eu gosto disso. - sussurrei, perto da boca dele.

Ele segurou meu cabelo e me beijou de novo não parecendo estar disposto a conversar naquele momento.

Ficar com ele naquele carro era uma ideia muito boa, mas tínhamos que voltar para a vida real. Depois de mais alguns minutos, Bruno desacelerou o beijo e continuou me segurando quando me afastei.

- Você vai me ligar se alguma coisa acontecer? - perguntei, sabendo que ele iria para o aeroporto assim que eu entrasse no restaurante.

- Claro que vou. - respondeu, e me deu um selinho como se tentasse me acalmar. - Vai dar tudo certo.

Apesar de confiar nele, eu sentia um aperto no peito que estava me deixando mais apreensiva.

- Não é melhor eu ir com você? - perguntei.

Ficar cara a cara com o Damon não era algo que eu gostaria de fazer, mas eu faria pelo Bruno.

- Você acha mesmo que vou te deixar ir comigo só para o meu pai te perturbar e fazer você ter um encontro desagradável com a sua mãe? - balançou a cabeça da forma negativa. - Não mesmo, Helena.

Deitei minha cabeça em seu peito e suspirei ficando frustrada.

- Mas se você demorar eu juro que vou atrás de você. - avisei.

E eu realmente faria aquilo.

Ele me abraçou de volta antes de responder:

- Você não vai precisar fazer isso.

Depois de beijar o Bruno pela última vez, eu saí do seu colo e depois do carro.

- Quer namorar comigo? - ele perguntou conseguindo me deixar surpresa.

Eu sabia que para ele fazer aquele pedido significava muito. Da última vez não deu muito certo e agora nada mais nos impedia.

Quer dizer, tinha o Damon.

- Quando você voltar eu respondo. - falei, e segurei a risada quando ele pareceu decepcionado. - Volta logo, tá?

Ele assentiu e ligou o carro.

- Pode deixar. - respondeu.

Bruno então foi embora me deixando parada no meio do estacionamento do restaurante.

E pensar que o casamento da minha mãe tinha me trazido o Bruno, e esse mesmo casamento estava querendo me tirar ele.

Respirei fundo tentando ficar mais calma e caminhei até o restaurante.

- Você está atrasada. - Júlia disse, assim que me viu passar pela porta. - Sua sorte é que meu pai não chegou ainda.

Ela estava encostada no balcão enquanto mastigava o que parecia ser chiclete.

Encarei seu rosto ficando aliviada.

- Que bom. - passei pelo balcão. - Foi o trânsito. - menti.

Julia cruzou os braços em cima do balcão antes de voltar a falar.

- Aquele cara que você estava beijando no carro era seu namorado? - perguntou me fazendo franzir o cenho.

Ela passou do nosso lado e a gente nem tinha percebido.

- Ele... - pensei um pouco antes de completar com. - Sim, ele é.

E eu estava ansiosa para contar para o Bruno assim que ele voltasse.

- Ele é bem bonito. - ela disse. - Ele tem um irmão?

Aquela pergunta me fez rir e eu fiquei feliz pela distração.

- Vou trabalhar, Júlia. - ignorei sua careta e fui me arrumar para finalmente começar a trabalhar.

Eu sentia que os próximos dias seriam longos.

Ele é o Filho Do Meu Padrasto // ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora