- E você acredita que ele desligou o telefone na minha cara me deixando falando sozinha? - Beatriz exclamou, do outro lado da minha enquanto eu dirigia até o apartamento do Bruno.
Eu gostei da ligação dela porque isso me deixaria mais calma para a conversa que eu teria com o Bruno. Estava sentindo que o que ele tinha para me contar não seria nada legal.
- Você acha que ele está estranho? - perguntei, e estacionei o carro na garagem do prédio.
Era bem raro uma briga entre o Peter e a Beatriz. Eles se davam tão bem que eu sabia que daqui a pouco eles fariam as pazes.
- Sim. - minha amiga respondeu. - Estou me segurando para não ligar para ele. Apesar de tudo, eu estou com saudade.
Eu sorri e sai do carro.
- Liga e pergunta o que tá rolando, só assim vocês vão se resolver. - falei, sabendo que o orgulho não ajudaria ela.
Coloquei a chave do carro no bolsa da minha blusa e andei até o elevador que tinha na garagem. O porteiro só me deixou entrar quando falei que conhecia um dos moradores.
- Vou pensar no caso dele. - falou. - E você? Conseguiu falar com o Diego?
Entrei no elevador e apertei o andar do Bruno antes de responder.
- Acho que ele está me ignorando. - contei.
Depois da boate, ele tinha me mandado mensagem avisando que queria me encontrar, mas parece ter mudado de ideia porque não estava respondendo nenhuma das minhas mensagens.
- Vocês terminam, ele precisa de um tempo. - ela disse.
- Espero.
Eu gostava do Diego, não como ele queria, mas eu gostava dele. Era por causa disso que eu não queria que a gente se afastasse, no entanto, se ele quisesse, eu não iria forçar nada.
O elevador abriu e eu andei até a porta do apartamento do Bruno. Beatriz não sabia que eu estava aqui e eu só iria contar quando tudo tivesse resolvido.
- Preciso desligar. - falei, já ficando ansiosa para ver o loiro.
Era ainda difícil acreditar que ele estava aqui, e que estava por minha causa.
Beatriz deu "tchau" e eu encerrei a ligação.
Toquei a campainha e esperei o Bruno aparecer.
- Boa noite. - falei, quando ele abriu a porta.
Notei que ele usava uma blusa azul e uma calça de moletom branca. Seu cabelo estava bagunçado como se ele tivesse acabado de levantar.
- Entra. - ele abriu ainda mais a porta e foi para o lado me dando espaço.
Entrei no apartamento e olhei em direção a cozinha sentindo um cheiro muito bom.
- Isso é cheiro de lasanha? - perguntei.
Bruno fechou a porta e me olhou antes de responder:
- Eu achei que você estaria com fome.
Se eu não estava, fiquei agora.
Observei seu rosto sentindo uma vontade muito grande de me aproximar e beijar ele.
Eu não parei de pensar no nosso encontro atrás do restaurante e em como eu gostaria de repetir tudo de novo.
- Vem aqui. - Bruno pediu, e estendeu o braço na minha direção como se tivesse lido meus pensamentos.
Coloquei minha mão sobre a sua e ele me puxou para perto juntando nossos corpos.
E como tinha feito mais cedo, Bruno inclinou seu rosto na minha direção e me beijou me fazendo segurar seus cabelos querendo mais.
Só que por mais que beijar ele me fizesse perder a razão, eu comecei a sentir um cheiro estranho.
- Está queimando. - consegui falar depois de afastar sua boca da minha.
- Uhum. - ele murmurou, e voltou a me beijar não se importando.
Ou talvez ele só não tivesse entendido.
- Tô falando sério, Bruno. - falei, e empurrei seu ombro de leve. - Tem alguma coisa queimando.
Ele piscou e pareceu ter finalmente me escutado.
- Que merda. - ele andou até a cozinha me fazendo segui-lo.
Quando ele tirou a lasanha do forno e colocou em cima da mesa, eu segurei a risada.
- Não ri, Helena, era seu jantar. - falou, mas eu sabia que ele também estava achando aquilo engraçado.
Me aproximei e fiquei do seu lado.
- Não está tão ruim. A gente pode comer... - falei, tentando animar ele. - Se a gente ignorar o queimado e o gosto de carvão...
- Ou a gente pode pedir uma pizza. - ele sugeriu me interrompendo.
- É uma boa ideia. - falei.
Bruno me deu um beijo rápido e se afastou para ir pegar seu celular.
Peguei a lasanha e coloquei na pia. Depois de jogar um pouco de água para fazer o cheiro de queimado ir embora, eu peguei meu próprio celular depois de sentir ele tocar.
Senti um embrulho no estômago quando vi que era minha mãe me ligando.
Resolvi ignorar a ligação sabendo que não estava com cabeça para conversar com ela. Não depois de descobrir que ela tinha mentindo quando falou que o Bruno ia casar.
Eu ainda não sabia o que ela ganharia inventando aquilo, mas não estava com coragem para perguntar.
- Tudo bem? - Bruno perguntou, quando voltou notando minha expressão.
Guardei meu celular e assenti.
- Tudo sim. - respondi. - Conseguiu pedir a pizza?
Ele veio por trás, passou seus braços em volta dos meus ombros e beijou a minha cabeça.
Me encostei em seu peito me sentindo bem em ter ele tão perto.
Eu até conseguia esquecer da minha mãe e de todo o resto.
- Sim, vai chegar em meia hora. - respondeu e aproximou sua boca do meu ouvido. - Até lá, que tal a gente ter aquela conversa?
Então tinha chegado a hora de descobrir porquê ele ficava estranho quando tocava no nome do Damon e porque ele tinha que voltar tão rápido para a mansão.
- Ok. - falei, e afirmei mentalmente que eu ia conseguir lidar com o que ele tinha para dizer.
Assim eu espero.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ele é o Filho Do Meu Padrasto // Concluído
Fiksi Remaja(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar tudo que tem, ou que vai ter, por algo que nem planejou sentir? Helena nunca imaginei mudar de país...