Capítulo 62: A Vizinha

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Dois meses depois.

Bruno não gostava de viajar e me deixar sozinha. Não depois que contei que tinha visto o Diego me seguir semana passada. Agora meu namorado estava pirando com a minha segurança.

Eu entendia a preocupação dele, mas gostava de ficar sozinha.

O silêncio sempre me acalmava.

E depois que me mudei para esse apartamento, silêncio era o que eu mais tinha.

- Você pode ficar com seu pai. - Bruno sugeriu, do outro lado da linha.

Ele estava nesse momento na França trabalhando. Bruno tinha que ir até lá pelo menos duas vezes por mês. Quando ele não precisava viajar, trabalhava pelo computador.

Era horrível ficar longe dele, mas eu não podia fazer nada em relação a isso.

- Eu estava planejando ir até a casa dele mais tarde. - falei.

Meu pai já estava ciente da minha gravidez, e da minha relação com o Bruno. Ele até tinha ficado surpreso no começo, mas depois acabou aceitando.

Se minha mãe fosse como ele.

- Eu ficaria mais aliviado. - confessou. - Vou voltar amanhã.

Sorri gostando da notícia.

- Que bom. Eu estava quase indo te buscar. - exclamei.

- Eu ia gostar de te ter aqui. - falou, e suspirou. - Vocês estão bem mesmo? Sabe que pode me ligar a qualquer momento, né?

- Eu estou. Nós estamos. - respondi, sendo sincera.

Eu estava com três meses de gravidez e minha barriga não tinha crescido muito. Se eu usasse uma blusa larga ninguém ia notar que eu estava esperando um filho.

Naquele momento, a campainha tocou me fazendo olhar em direção a porta.

- Tem alguém na porta. - avisei, e levantei do sofá.

- Está esperando alguém? - perguntou. - Não abra a porta sem antes perguntar quem é.

Apesar de achar fofo a forma que ele cuidava de mim, eu não gostava de pensar que ele achava que eu era tão descuidada.

Eu sabia me defender. Diego estava ai para provar.

- Bruno, relaxa. Eu vou ficar bem até você voltar. - prometi.

- Eu só fico preocupado. Aquele cara pode tentar alguma coisa.

- Ele não vai. - exclamei, e a campainha tocou de novo. - Vou desligar.

- Eu te amo. - falou.

- Eu também te amo. - respondi, e encerrei a ligação.

Caminhei até a porta e abri ela sem antes perguntar quem estava do outro lado como o Bruno tinha aconselhado.

Talvez eu seja só um pouco descuidada.

- Oi. - falei, depois de abrir a porta e ver uma mulher alta do outro lado.

Eu nunca tinha visto ela antes, então me perguntei se ela bateu na porta errada.

A desconhecida me olhou dos pés a cabeça e sorriu.

- Eu sinto muito incomodar, mas eu acabei de me mudar para o apartamento da frente e preciso de uma ajudinha para empurrar minha estante. - ela disse, parecendo sem graça.

- Tudo bem, eu posso ajudar. - falei, gostando da ideia de fazer alguma coisa.

Depois de perder meu emprego no restaurante por dar um soco no Diego, eu não tinha conseguido mais nada. E, agora com a gravidez evoluindo, eu não ia conseguir mesmo.

- Você? - perguntou, me fazendo franzir o cenho. - Quer dizer, não sei se vai conseguir. A estante é grande e pesada.

- Eu aguento. - respondi, achando estranho a forma que ela estava me olhando.

- Seu namorado não está em casa? - perguntou, interessada.

Pera aí, como ela sabe que eu tenho um namorado? E que a gente morava junto?

- Como... - tentei falar, mas ela abriu ainda mais seu sorriso.

- Esquece o que eu disse. Eu adoraria sua ajuda. - falou, e apontou para o apartamento da frente. - Vamos?

Mesmo desconfiada, eu fechei a porta do meu apartamento e andei até o dela.

A sala dela estava praticamente vazia. Só tinha um pequeno sofá e a estante que ela falou. Mas, aquela estante não era grande, não como ela afirmou.

- Só quero empurrar ela até aquele canto da parede. - disse, e apontou para um canto perto da janela. - Eu montei ela aqui no meio da sala e só agora percebi que tinha que ter montado onde eu queria que ela ficasse.

Eu assenti.

Depois de ter colocado o móvel onde ela queria, eu sentei no sofá me sentindo cansada.

Se o Bruno estivesse aqui, ele não gostaria de me ver empurrando uma estante.

Esse pensamento me fez sorrir.

Era bom ele voltar amanhã porque eu estava com saudade.

- Quer um copo com água? - minha vizinha perguntou depois de parar na minha frente.

Eu balancei a cabeça de forma negativa e levantei do sofá.

- Não precisa, eu já vou sair. - falei. - Mas obrigada.

- Obrigada você. Nem sei o que faria sem sua ajuda. - disse.

- Por acaso, meu nome é Helena.

Eu estendi minha mão na direção dela e minha vizinha pareceu pensar se apertava ou não.

No final, ela acabou segurando e sorriu.

- Sou a Penélope.

Ele é o Filho Do Meu Padrasto // ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora