Se eu tinha ficado impressionada com aquele carro, a mansão me tirou o fôlego. Nunca achei que fosse morar em um lugar desses. Conseguia perceber como minha mãe estava orgulhosa do seu novo status. Traiu meu pai e foi recompensada com luxo o suficiente para durar três vidas.
- Sra. Renault. - murmurei, depois de ouvir uma funcionária se referir a ela com esse nome. - Esqueceu rápido sua antiga vida.
Estávamos no segundo andar e ela ia me mostrar meu quarto. No fundo, eu estava até ansiosa. A carne é fraca e todo aquele lugar me deixou encantada.
Desculpa, pai.
- Se você estiver tão infeliz assim, eu posso te manter o resto do tempo aqui em um colégio interno. - sugeriu, e o som de seus saltos eram os únicos no imenso corredor. - Ou você pode tentar mudar essa expressão e ser legal.
- Eu sou uma pessoa adorável.
Entramos no meu quarto e senti vontade de rir com o fato daquele lugar ser meu oposto. Era tudo rosa e brilhante. Ursinhos de pelúcias jogados por toda cama e um cheiro doce o suficiente para revirar meu estômago.
Pelo jeito que eu estava vestida, me senti uma intrusa.
- Precisava de tudo isso? - perguntei, colocando minha mala em cima da cama. - Parece que a qualquer momento vai sair uma fada e começar a dançar no meio do quarto.
- Você não gostou da decoração? - perguntou, como se realmente se importasse. - Achei que fosse adorar.
Bufei.
- Amei. - murmurei, e abri a mala. - Já pode ir, vou arrumar minhas coisas.
Ela foi até o guarda roupa e abriu as portas revelando alguns cabides também rosas. Pegou alguns e me entregou.
- Antes de tudo... precisamos conversar. - falou, e sentou ao meu lado. - Eu realmente gosto daqui, Helena. E sei que você consegue ser inconveniente o suficiente para tentar arruinar tudo. Então vamos fazer um trato.
Franzi o cenho confusa.
- Do que está falando?
- O filho do Damon é um garoto um pouco problemático demais. Pouco é um elogio na verdade. - suspirou. - Quero que se dê bem com ele. Se fizer isso, te recompenso.
- Está tentando me comprar? - questionei, mas eu nem estava surpresa.
- Eu dou o carro da sua escolha no final da sua estadia aqui se você tentar virar amiga dele.
Ela estava falando sério?
- Da minha escolha?
- Da cor, do modelo que quiser.
Hum, aquilo estava interessante. Eu não era ambiciosa, mas uma oportunidade daquela não podia ser ignorada.
- O que seu marido acha sobre isso? - perguntei.
- Ele não precisa saber.
Não demorei muito para tomar minha decisão. Não era como se eu tivesse algum tipo de simpatia por esse tal filho do Damon. Se eu tivesse que ser legal pra conseguir um carro, que seja.
Vou ser a miss simpatia.
Horas mais tarde, resolvi explorar o segundo andar. Passei por vários quartos, mas um deles me chamou atenção. Tinha uma placa com o desenho de um X como se isso fosse o suficiente para manter as pessoas fora.
Ficando curiosa, girei a maçaneta ficando feliz ao encontrar a porta aberta.
As paredes do cômodo eram pretas e tinha quadros de carros espalhados pelo ambiente. A luz da janela não estava fazendo um bom trabalho em iluminar o lugar, o que dava um ar de sombrio. Apesar da enorme cama estar bagunçada e ter roupas jogadas perto do banheiro, o cheiro daquele lugar era bom.
Enquanto meu quarto era horrível... esse lugar parecia um paraíso.
Tinha identidade.
Me aproximei da janela vendo o jardim bem cuidado na parte da frente da casa. Estava pensando em ir lá quando a porta abriu me fazendo virar o corpo na direção do barulho.
Eu já vi muitos garotos bonitos na minha curta vida, mas nunca, nunca mesmo... vi alguém que pudesse ser o verdadeiro significado da palavra "beleza".
O garoto na minha frente era a versão mais jovem do marido da minha mãe. Mas enquanto Damon tinha cabelos negros, esse desconhecido era loiro e sua pele não parecia que tomava muito sol.
Parecendo surpreso com minha presença, ele pareceu parar um pouco para me olhar com mais atenção.
- Oi... - exclamei, e me aproximei um pouco dele. - Sou a Helena.
Ignorando minha mão estendida, ele passou por mim e foi em direção a cama.
- No seu país não te ensinaram que é falta de educação invadir o quarto alheio? - disse, demostrando sua irritação.
Ótimo, começamos bem.
- Eu queria te conhecer. - falei, tentando parecer o mais agradável possível.
Minha mãe me prometeu um carro e eu vou lutar por ele.
Observei quando ele tirou a camisa completamente a vontade comigo. Seu corpo também era perfeito e isso tornou ele mais insuportável.
- Não é recíproco, Helena. - meu nome pareceu mais uma doença.
Suspirei, sabendo que ele seria difícil.
- Eu não sabia que era seu quarto. Só fiquei curiosa e entrei. Desculpa, tá?
Isso aí, educação.
Ele tirou seus tênis jogandos os mesmos em baixo da cama. Esse garoto não deixava nada arrumado?
- Já que está aqui, pega uma toalha no armário.
O que me irritou não foi seu pedido, mas a forma que foi feito. Como se eu fosse mais uma funcionária da casa que ele não dava a mínima importância.
- Pois eu acho que é a mesma distância. - exclamei, cansada de forçar simpatia. - Pega você.
Qual é. Ele mesmo podia pegar a droga da toalha. Eu não trabalho nessa casa.
- Assim como é a mesma distância em direção a porta. E já que o quarto é meu... você está convidada a se retirar. - refutou, e caminhou em direção ao banheiro. - E se não fui claro o suficiente: Fora do meu quarto.
Segundos depois, ouvi o barulho do chuveiro. Ele me dispensou sem nenhuma delicadeza.
Que filho da puta.
Desistindo, sai do quarto batendo a porta com força. Se ele queria tornar as coisas entre nós difíceis, pois bem, que assim seja.
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Ele é o Filho Do Meu Padrasto // Concluído
Teen Fiction(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar tudo que tem, ou que vai ter, por algo que nem planejou sentir? Helena nunca imaginei mudar de país...