Sou boa conselheira!

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   Rafa saiu do banheiro enxugando os cabelos com uma toalha pequena, vestida com uma camisa verde clara estampada, calçou os chinelos de Gizelly, bem menores que seus pés e exibia um rosto cansado, devido o tanto de estresse do dia.
Mesmo naquele ritmo, olhava o celular a cada momento, mas para seu alívio, havia mensagens de Ronaldo afirmando que a manutenção havia resolvido o problema da piscina. No dia seguinte as aulas de Gizelly poderiam ocorrer normalmente e as entrevistas com novos possíveis funcionários já estava agendada para dali dois dias. Assim como a reunião com os funcionários antigos.

Gizelly preparou rapidamente o café que Rafa pediu e logo a viu se encostar à meia parede que dividia a cozinha da sala.

- Estou um lixo! Fazia tempo que não me sentia tão exausta! Tudo resolveu acontecer hoje, mas acabou saindo tudo como eu queria ou trocaria de nome e nem voltaria pra casa hoje se não fosse assim.

Gizelly permaneceu de pé, mas puxou a cadeira para que Rafa sentasse. coisa que Rafa não fez. Pegou a xícara de café oferecida por Gizelly e ficou de pé a olhando.
Curiosa, Gizelly tentava não parecer ansiosa, mas queria saber o que seu pai havia falado. Todas as coisas possíveis passavam em sua cabeça e sabendo quem era o homem, já imaginava o conteúdo da conversa. Principalmente por saber que ele, além de Loreto era o responsável pelo dia nada agradável da namorada.

Rafa tomou uns goles do café, foi soprando aos poucos enquanto bebia.

- senta amor! - Disse Gizelly apontando para a cadeira. - Senta, eu sei o quanto você tá cansada.

Rafa sorriu de lado, vendo-a com os olhos ligeiramente arregalados. Gizelly que acabou sentando, afastou um pouco a cadeira para trás, estendendo o braço para ela. Rafa deixou o café na mesa depois de tomar mais uns goles, sentou no colo de Gizelly completamente de frente para ela, sentindo as mãos da mesma lhe acariciar.

- Quero falar a coisa importante pra você. O seu pai foi lá na academia hoje de manhã, a primeira pessoa que vi.

Gizelly bufou. Agora tinha certeza, pela cara de Rafa, que naquela conversa não saiu nada que preste.

- Eu vou ser sincera, não tenho paciência para aquele tipo de gente. O seu pai é um babaca da pior qualidade que existe, falou mal de você, coisas que não vou repetir por que além de não serem verdade, vão te magoar sem necessidade. É arrogante, infame metido a besta, completamente diferente de você. Acho que estava pensando duas coisas: Ou que eu te diria as coisas que ele falou ou que eu daria ouvidos para ele.

Gizelly virou o rosto para o lado, fechou a mandíbula com raiva. Sabia que as palavras não foram nada suaves, voltou os olhos para ela, meio indecisa.

- Amanhã vou resolver isso! Ele não podia nem ter pensado na hipótese de aparecer lá pra encher o saco.

Não tinha como fugir da troca de olhares intensa. Gizelly começou a bater o pé fazendo Rafa começar a pular em seu colo. Era de raiva e nervoso, mas Rafa sorriu, tentando amenizar aquela ansiedade dela.

- Não é brincadeira de cavalinho. A gente pode fazer isso depois, para amor! - Afirmou, arrancando um sorrisinho de Gizelly com um selinho. - Só escuta o que vou dizer, tá? Me escuta, sou boa conselheira!

Gizelly deixou os pés parados, lhe acariciou por dentro da blusa, passeando as mãos pelas costas dela e ouviu quando a moça prosseguiu:

- É seu pai, mas é um idiota. Você não vai resolver isso amanhã por que é o que ele quer, confronto. Quer que você vá bater boca com ele por causa disso ou daquilo, não precisa, não vale a pena e além de tudo, eu já disse tudo o que ele precisava ouvir. Ele não acredita no seu potencial, mas eu acredito e se não for o bastante pra você, pode apostar que o Ronaldo acredita em você, o Paulinho, sua mãe, mesmo daquele jeito dela, sua irmã, meu irmão, até a soso e seus mini alunos. Então quando você lançar seu livro, o primeiro exemplar você assina, que eu vou ter o prazer de levar lá na casa da sua mãe. Fazê-lo comer folha por folha! Se não comer, esfrego tudinho na cara dele, sabe que eu faço.

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