The Teacher

Vai me deixar aqui sozinha?

  

   Gizelly estava sozinha na piscina, nadando de um lado para o outro enquanto a outra turma não chegava. Estava feliz pelo novo trabalho e quando emergiu, viu que seu amigo estava sentado por perto.

- Ei, mana! Tá gostando da academia? - Ela sorriu, pegou a toalha se enxugando e se aproximou.

- Obrigado Paulinho! É Ótimo! A turma é boa de trabalhar, tem liberdade para criar, e o salário também é excelente. Caiu exatamente como eu estava precisando.

- Fico feliz! - Disse ele. - A Dona Rafaella dá liberdade mesmo para você montar as aulas do seu jeito. Ela só não gosta de reclamações de alunos, fora isso, é super tranquilo. - Ela deu uma risadinha breve.

- Acabei de conhecer a Dona Rafaella. Quer dizer, conheci lá na escola.

Paulinho sabia a fama de antipática que Rafaella tinha.

- Todo mundo aqui acha ela insuportável. Eu particularmente nunca tive problemas com ela. Estou há cinco anos aqui. Só é séria, fechada, anda por aí no meio do povo que nem um general. Fora isso, não tem o que falar. Mas sempre comentam que ela é chata mesmo!

- Se é... Bem metida, mas enfim, farei meu trabalho da melhor forma possível, é somente isso que importa!

- É isso ai! Bom, estou feliz por você! Vou indo lá, chegaram umas alunas novas também, vou começar!

Eles se despediram e Gizelly voltou a nadar.

...

Depois de algum tempo, Rafa desceu do escritório. Começou andando pelas salas de dança, passou pelas artes marciais, e pela musculação. Tudo parecia na mais perfeita ordem. A academia não estava tão cheia, mas era normal para aquele horário. Por ultimo, ela sempre passava pela área da piscina e lá estava ela sozinha, nadando de um lado para o outro. Rafa conversou com o senhor da limpeza, pediu que olhasse os vestiários e viu quando Gizelly saiu da piscina. Era até estranho a maneira nada cordial como Rafa a olhava, e Gizelly tentava, mas não respondia de maneira nada amigável.
Faltava pouco mais de dez minutos para a turma de adultos chegar e ela começou a retirar os materiais que usaria.

- a senhora não precisa fazer esse trabalho! - Rafaella disse ao o vê-la separar as boias colocando-as lado a lado. - Tem os auxiliares que podem fazer isso. Facilita e você não perde tempo.

Gizelly continuou fazendo exatamente a mesma coisa e respondeu.

- Tudo bem! Posso fazer sem problemas. Não é demorado. E ficam exatamente onde preciso que fiquem.

Implicante, Rafa arqueou a boca e balançou a cabeça. Uniu as mãos e olhava Gizelly que a encarava de volta.

- você tem experiência com turmas de crianças na natação também? - Perguntou curiosa.

- Sim! Foi meu primeiro trabalho. Até as mais pequenininhas. Sou boa com elas, tenho paciência! Às vezes elas só querem um pouco de atenção e serem ouvidas.

Gizelly respondeu tentando parecer despreocupada. Rafa deu um suspiro e bufou. Sabia que aquela indireta era bem direta.

- e a senhora tem jeito de ser a rainha da infância né? Deve usar até barriga de espuma e se vestir de papai noel no natal!

Gizelly sorriu irônica, não estava acostumada a ser chamada de senhora e mesmo com todo o sarcasmo, Rafa não deixou de notar o quanto era bonito o sorriso que vinha com covinhas nas bochechas.

- Olha que nunca me vesti assim, já me vesti de palhaço, de homem aranha e até de cachorro-quente! Mas vou ouvir a senhora! Já sei o que fazer no natal. Deveria experimentar e ouvir sua filha às vezes. Não custa!