E o que mudou?

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   O restaurante da pousada estava movimentado demais naquela noite. Os garçons iam e voltavam para dar conta de tudo. Rafa não pensou duas vezes em colocar uma touca e ir para a cozinha onde sua vó estava olhando tudo enquanto seu avô e os funcionários observavam o salão. Ela já era conhecida de algumas pessoas mais antigas, e sua avó não hesitou em falar:

- Tudo seu e do Tato! Mas precisa vir pra cá mais vezes. Sua mãe não leva muito jeito pra administrar, mas você leva. As academias, a empresa de festas. Aqui não é muito diferente, mas não dê fim a nosso espaço. Foram muitos anos de tanto carinho colocado aqui. Mantenha assim, de um jeito que todo mundo possa aproveitar um pouquinho.

Rafa não gostava de ouvir aquelas coisas. Davam-lhe a sensação que nada era pra sempre e ela preferia ignorar.

- Ah, mas por enquanto não é meu! É todo seu e do vovô, então, precisa de ajuda? O que a gente pode fazer por aqui?

Ela pegou uma pilha de pratos, ajudou o garçom a levar para a parte da frente, onde Gizelly ajudava a ajeitar algumas cadeiras e mesas com seu avô. Depois que estava mais um pouco organizado, elas sentaram para jantar. Gizelly pegou leve, tomou alguns goles de suco, uma porção mínima de arroz e mais folhas. Estava culpada por ter comido tanto.

Quase ás oito, numa sala enorme ao lado da piscina, Alguns casais estavam esperando a atividade. Rafa não queria de maneira nenhum participar daquilo. Lá estavam espalhadas algumas telas em branco, pincéis e tintas, e cada pessoa recebia uma camiseta branca e aventais para não sujar a roupa usual. Também teria atividades de música, mas ela torcia a cara só de ver. Gizelly estava curiosa, puxou Rafa pela mão, a levando para o meio do povo.

- Não gi, para, não vou entrar nisso não.

Gizelly sorriu ao vê-la se afastando, mas era uma brincadeira bem saudável.

- Queremos que vocês façam algo especial. Pedimos que cada casal sente na cadeira. Podem escolher quem vai ficar na frente. - Afirmou o recreador.

Rafa imediatamente empurrou Gizelly para frente. a viu sentar na cadeira e sentou atrás dela, se apoiando nas costas da professora.

- Você que começou a palhaçada, então fica você na frente. - Disse ela.

O recreador prosseguiu.

- Diante de vocês tem alguns pincéis, tintas e uma tela em branco. A brincadeira é a seguinte: Quem está na frente, irá pintar de olhos vendados, tudo o que o seu companheiro ou companheira, acha que representa a relação de vocês. Não se preocupem com a estética do desenho, se a coordenação de vocês é ruim... O objetivo não é esse.

Gizelly ficou surpresa. Sorriu ao olhar a cara de Rafa que deu graças a Deus por não estar na frente, mas a pior parte era a dela, falar o que representava a relação delas.

- Ainda podemos trocar de lugar se quiser. - Afirmou Gizelly.

- Você me paga por me enfiar nessas coisas.

Rafa pegou a venda preta que havia junto com os outros materiais, colocou nos olhos da professora a puxando para trás como se fosse aperta-la.

- Era pra apertar o seu pescoço, não os olhos.

- É isso que representa o nosso namoro pra você? Um assassinato?

- Cala a boca, Gizelly!

O recreador continuou.

- Então a pergunta é a seguinte? O que nossa relação representa para você? Perguntem para a pessoa que está atrás de você!

Gizelly, de olhos vendados, inclinou a cabeça para perguntar.

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