Tem que ser ela!

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   Mais um dia passou. Gizelly estava dormindo poucas horas e além de tudo o sono não era dos melhores. Ficou se dividindo entre algumas atividades remotas da academia e o trabalho na editora. Ignorou o horário de almoço, para que pudesse sair e voltar, mesmo que precisasse estender o horário de encerrar o expediente. Naquela manhã tentou algumas vezes falar com Rafa, mas o telefone não atendia, Então resolveu ir até a pousada de dona Anastácia.

Chegou pouco depois do horário de almoço. Algumas pessoas ainda estavam na mesa conversando e então ela pôde ver toda a família reunida. Os pais de Rafa, Renato, Sofia, os avós, e seus filhos brincando.

- Olha só quem chegou! - Falou Renato depois de lançar uma das crianças pra cima numa brincadeira e ver a professora quieta.

Na mão ela tinha uns livrinhos de colorir, que sempre levava para as crianças em casa. Quando a viram, todos mudaram o foco da conversa. Ficou claro que todos sabiam do que havia acontecido. Obviamente Rafaella já tinha contado, mas ficaram surpresos. O desconforto durou somente um segundo. Prontamente ela foi muito bem recebida por todos.

- Olha só que surpresa boa! Por que não veio mais cedo, moça? Perdeu o almoço... - Falou o avô de Rafa.

Como sempre, Gizelly tentou pegar os três filhos ao mesmo tempo. Dando beijinhos e falando carinhosamente baixinho.

- A mamãe estava com muitas saudades, o que vocês andam aprontando? Estão se divertindo? Estão se alimentando direitinho? Olha como estão lindos... Que saudade...

Apertava os três, o que fazia levemente envergar a coluna. Passava as mãos no rosto deles, e percebia que estavam até mais corados. A sequência de beijinhos e risinhos eram observadas por todos. Depois ela sentou as crianças em algumas cadeiras, onde com a ajuda de Sofia, mostrou os livrinhos de histórias para colorir.

- A mamãe Rafa vai ler pra vocês e depois podem colorir os personagens da forma que quiserem, não é legal? Olha só...

Mesmo ocupada com as crianças ela não deixou de perceber, Rafa não estava entre os familiares.

- Soso, a Rafa tá lá dentro? - Perguntou para a menina.

- Não tia, ela saiu. Com o Rodolffo.

De sobrancelhas erguidas, agora Rafa queria saber quem era Rodolffo.

olhou novamente para todos conversando. Sentiu-se estranha no meio daquelas pessoas e uma voz lá dentro parecia lhe dizer: "Está vendo? Tanto faz se você couber ou não neste lugar." Quase imperceptivelmente ela desfez o pensamento, viu o pai de Rafa acenar a chamando fervorosamente para sentar mais perto.

- NÃO PODE FICAR AÍ COMO SE FOSSEMOS DESCONHECIDOS! VENHA PRA CÁ, ESTAMOS SENTINDO SUA FALTA.

Ela caminhou levando uma criança em cada braço, enquanto Sofia levava a outra. Sentou-se olhando para os lados, procurando para ver se Rafa apareceria de repente.

- Sei que as coisas não estão das melhores. Algumas escolhas são mais difíceis que outras, mas no fim, tudo volta pro lugar. - Disse o senhor.

Gizelly estava deslocada. Era estranho estar num lugar onde conhecia todo mundo, todos sabiam dos acontecimentos, e ninguém tocava no assunto. Mas a olhavam como se pensassem: "Ela nos contou o que você fez...". Não era agradável.

- Quer tomar alguma coisa? Ainda tem suco, uma água. Café, quem sabe!

Cordialmente o pai de Rafa tentou deixá-la mais a vontade.

- Ela saiu faz tempo? - Perguntou a professora.

- Foi na cidade vizinha com o Rodolffo. Comprar uma correia. Ele tá tentando dar um jeito de colocar um carro que está parado aqui há anos, pra funcionar.

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